Juiz de Nova York anuncia sentença para ex-czar antidrogas mexicano

O ex-czar antidrogas do México, Genaro García Luna, ouvirá sua sentença nesta quarta-feira (16) depois de ser considerado culpado, entre outros crimes ligados ao tráfico de drogas, de proteger o Cartel de Sinaloa em troca de dinheiro.

Na audiência convocada para as 16h30 (17h30 no horário de Brasília) no Tribunal Federal Leste, no Brooklyn, espera-se que, além da acusação e da defesa, o próprio García Luna fale para se defender e pedir clemência ao juiz Brian Cogan, a quem escreveu uma carta para pedir que lhe permita "retornar o mais rápido possível" com a sua família.

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A Promotoria pede prisão perpétua para o alto funcionário mexicano julgado pelo sistema judiciário de Nova York, enquanto a defesa pede 20 anos de prisão. 

Este engenheiro mecânico de 56 anos protegeu o cartel de Sinaloa de Joaquín "Chapo" Guzmán – condenado à prisão perpétua pela Justiça dos EUA – em troca de subornos milionários para enviar drogas aos Estados Unidos de 2001 a 2012, segundo a Promotoria.

Em uma carta manuscrita dirigida ao juiz, García Luna recorda que é o "mexicano com mais reconhecimentos e condecorações" nos Estados Unidos e na Europa pelo "combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas".

Além disso, explica, teve acesso a material de inteligência e segurança do Governo de Washington. É "impensável ter esse nível de responsabilidade, informação do Estado e segurança regional hemisférica, sujeita ao mais alto nível de controle e vigilância e ao mesmo tempo ter contatos ou ligações com criminosos para obter lucro", afirma na carta.

Um júri popular considerou culpado o homem que foi o arquiteto da guerra às drogas durante o mandato de seis anos de Felipe Calderón (2006-2012) por participação em uma empresa criminosa continuada, conspiração para distribuir, possuir e importar cocaína, e falsidade ideológica.

García Luna, que sempre se declarou inocente, tentou em vão a realização de um novo julgamento, por considerar que o sistema de justiça americano usou "informações falsas fornecidas pelo governo do México" e testemunhas com "antecedentes criminais" que ele perseguiu quando era o czar antidrogas. 

Várias testemunhas do julgamento, ex-membros proeminentes do cartel de Sinaloa, como Jesús "Rey" Zambada, Sergio Villarreal "El Grande" e Óscar "Lobo" Valencia, alegaram que pagaram milhões de dólares ao réu em troca de proteção.

Segundo o ex-funcionário, a Promotoria nova-iorquina "não apresentou um único elemento de prova ou evidência que comprovasse os crimes" pelos quais foi condenado.

No entanto, os promotores alegam que García Luna "explorou seu poder e autoridade ao aceitar milhões de dólares em subornos de uma organização de tráfico de drogas que ele jurava perseguir".

Entre as acusações que enfrenta, está a de ter protegido seis remessas de drogas que totalizaram 53 toneladas, entre 2002 e 2008.

Na carta, García Luna destaca que "nunca representou uma ameaça ou risco para a comunidade", diz ao juiz, lembrando-lhe que durante os quase cinco anos em que está detido tentou ajudar os presos a se formar e mantê-los longe das drogas. 

Por isso, ele solicita permissão para "retornar o mais rápido possível com a minha família e reingressar na querida sociedade a qual respeito e pertenço".

Ele advertiu que recorrerá da sentença e esgotará todos os recursos legais "até conseguir" a sua liberdade. 

Residente nos Estados Unidos desde que deixou o governo mexicano em 2012, García Luna foi preso em dezembro de 2019 em Dallas (Texas).

O governo mexicano também solicitou aos Estados Unidos a extradição de García Luna por malversação de fundos públicos.

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