Chefe de segurança do Hezbollah era o alvo de intenso bombardeio israelense em Beirute

09:59 | Out. 11, 2024

Por: Aya ISKANDARANI com Michael BLUM em Jerusalém

O chefe de segurança do Hezbollah era, segundo uma fonte próxima ao movimento, o alvo dos bombardeios israelenses contra Beirute que deixaram 22 mortos, o ataque mais fatal à capital desde o início da campanha israelense, em 23 de setembro, contra a milícia libanesa. 

Este ataque ocorreu na véspera do Yom Kippur, o Dia do Perdão, nesta sexta-feira, o feriado mais importante do calendário judaico que coincide com um momento em que Israel trava uma guerra contra o Hezbollah no Líbano e outra em Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas. 

O bombardeio no centro de Beirute deixou 22 mortos e 117 feridos na noite de quinta-feira, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. 

É a terceira vez que Israel atinge o coração da capital libanesa desde que intensificou a sua ofensiva. Israel geralmente concentra seus ataques nos subúrbios ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah. 

"O chefe do aparelho de segurança do Hezbollah, Wafic Safa, era o alvo", disse à AFP uma fonte próxima deste movimento islamista pró-iraniano, sem especificar seu paradeiro. 

Pela manhã, moradores de Basta, bairro densamente povoado e uma das áreas mais atingidas, voltaram para suas casas para verificar os danos. Alguns começaram a chorar e um deles disse que sua esposa está sob cuidados intensivos. 

"Muitas famílias vivem aqui", muitos deslocados do sul do Líbano têm parentes no bairro, disse Bilal Othman. "Querem nos dizer que não existe mais lugar seguro neste país", questionou.

- Ataque israelense contra capacetes azuis  -

O Líbano denunciou nesta sexta-feira que Israel voltou a abrir fogo contra uma posição da força da ONU destacada entre o Líbano e Israel, a Unifil, depois de dois soldados da paz indonésios terem sido feridos na quinta-feira em um ataque israelense que gerou indignação na comunidade internacional. 

O Exército israelense, que iniciou ataques terrestres contra o Hezbollah no sul do Líbano em 30 de outubro, reconheceu ter disparado na área, mas afirmou ter pedido às forças da ONU que "permanecessem em espaços protegidos". 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou nesta sexta-feira um incidente "intolerável" e afirmou que constitui "uma violação do direito humanitário internacional". 

O primeiro-ministro interino do Líbano, Nayib Mikati, apelou nesta sexta-feira a uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo "imediato" entre Israel e o Hezbollah. 

Formado por uma milícia e um partido político com representação parlamentar significativa, o Hezbollah ganhou força no Líbano, mergulhado em uma crise institucional e econômica.  

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel há um ano para apoiar o Hamas, que entrou em guerra com Israel após o ataque de 7 de outubro de 2023. 

Desde o início do fogo cruzado entre Israel e o Hezbollah, mais de 2.000 pessoas morreram no Líbano, das quais 1.200 morreram desde a intensificação dos bombardeios israelenses em 23 de setembro, segundo uma contagem realizada pela AFP com base em números oficiais. 

A ONU estima que 600 mil pessoas foram deslocadas no Líbano pela violência.

- "Evitar um conflito mais amplo" - 

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, procuram impedir a propagação do conflito por todo o Oriente Médio, enquanto o governo israelense prometeu responder aos mísseis lançados pelo Irã em seu território em 1º de outubro. 

"Continuamos trabalhando intensamente para evitar um conflito mais amplo na região", declarou nesta sexta-feira o secretário de Estado Antony Blinken. 

Segundo especialistas, os países do Golfo não permitirão que Israel utilize o seu espaço aéreo para atacar o Irã. 

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, instou nesta sexta-feira a comunidade internacional a parar de exportar armas para Israel. 

O conflito entre Israel e o Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes de militantes islamistas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses. 

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, na qual já morreram 42.126 palestinos, em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis. 

Depois de enfraquecer o Hamas em sua ofensiva em Gaza, o Exército israelense transferiu a maior parte das suas operações para o Líbano em meados de setembro para combater o Hezbollah e permitir o retorno dos deslocados pela violência em sua fronteira norte. 

Desde domingo, as tropas israelenses cercaram e bombardearam a cidade de Jabaliya, no norte de Gaza. 

Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, pelo menos 140 pessoas morreram desde o início desta operação e 400 mil estão bloqueadas pelo cerco, segundo a ONU.

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