Israel inicia 'incursões terrestres seletivas' no sul do Líbano
06:09 | Out. 01, 2024
O Exército israelense anunciou nesta terça-feira (noite de segunda, 30, no Brasil) que suas forças iniciaram "incursões terrestres seletivas" em cidades do sul do Líbano, horas depois de o movimento Hezbollah afirmar que havia atacado "soldados inimigos" na fronteira entre os dois países.
"De acordo com a decisão do nível político, as forças da Defesa Civil iniciaram há algumas horas incursões terrestres limitadas, localizadas e seletivas, baseadas em inteligência precisa", informou o Exército, em comunicado divulgado no Telegram às 2h locais (20h de segunda, horário de Brasília).
Do lado libanês, uma fonte da segurança disse à AFP que Israel lançou, na noite de segunda, pelo menos seis bombardeios contra um subúrbio do sul de Beirute, considerado um reduto do Hezbollah.
O balanço dos bombardeios israelenses desta segunda-feira no Líbano é de 95 mortos, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Apoiadas por ataques aéreos e de artilharia, as incursões têm como alvo combatentes do grupo islamista Hezbollah "em povoados próximos à fronteira" com Israel, informou o Exército.
Horas antes, os Estados Unidos tinham anunciado operações terrestres "limitadas" de Israel contra o Hezbollah no Líbano.
As Forças Armadas "operam segundo um plano metódico estabelecido pelo Estado-Maior General e o comando do Norte, para o que os soldados da Defesa Civil treinaram e se prepararam nos últimos meses", acrescentou o Exército.
- 'Estamos prontos', diz Hezbollah -
Apesar do golpe devastador desferido contra o Hezbollah com o assassinato do seu líder, Hassan Nasrallah, na sexta-feira, em um bombardeio perto de Beirute, líderes israelenses alertaram que a batalha contra o movimento pró-Irã, arqui-inimigo de Israel, ainda não acabou.
Antes da incursão o Exército israelense anunciou que tinha estabelecido uma "zona militar fechada" em torno dos municípios de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi. Também ordenou a retirada dos moradores de três bairros do subúrbio sul de Beirute.
Antes, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou que a morte de Nasrallah foi "um passo importante", mas não foi "o final".
"Para garantir o retorno das comunidades do norte de Israel, utilizaremos todas as nossas capacidades", disse Gallant durante uma visita aos soldados mobilizados na fronteira entre Israel e Líbano.
O número dois do movimento islamista libanês, Naim Qassem, assegurou: “Estaremos prontos se os israelenses decidirem entrar no nosso território, as nossas forças de resistência estão prontas para um confronto terrestre.”
Inicialmente, o movimento pró-Irã não se pronunciou sobre o anúncio da incursão israelense. Por meio de nota, o Hezbollah informou ter atacado soldados israelenses que realizavam "movimentos" em hortas próximas à fronteira.
- Biden insiste em cessar-fogo -
A ONU anunciou que os mais de 10 mil capacetes azuis destacados no sul do Líbano não podem mais patrulhar devido à intensidade dos combates, enquanto o secretário-geral da organização, António Guterres, reiterou ser contra qualquer “invasão terrestre” de Israel.
Em Washington, o presidente Joe Biden sinalizou que se opõe às operações terrestres israelenses no Líbano e apelou para um cessar-fogo “agora”.
Qualquer nova intervenção militar israelense no Líbano “deve ser evitada”, disse o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.
Diante dessa possibilidade, a França mobilizou um navio de sua Marinha para evacuar cidadãos franceses do Líbano caso seja necessário.
O Hezbollah abriu uma frente na fronteira com Israel há quase um ano, após o início da guerra na Faixa de Gaza, em apoio ao seu aliado, o movimento islamista Hamas, que governa o território palestino.
Desde meados de setembro, Israel transferiu a maior parte de suas operações militares para o norte, com o objetivo de interromper o lançamento de foguetes do Hezbollah e permitir que milhares de moradores da região que tiveram que fugir pudessem retornar.
- Primeiro bombardeio contra Beirute -
O Irã, aliado-chave do Hezbollah e do Hamas, descartou a possibilidade de enviar combatentes ao Líbano e à Faixa de Gaza para enfrentar Israel, seu arqui-inimigo.
“Não é necessário enviar forças auxiliares ou voluntárias” do Irã, declarou o porta-voz diplomático Naser Kanani, acrescentando que o Líbano e os combatentes nos territórios palestinos “têm a capacidade e o poder necessários para enfrentar a agressão do regime sionista”.
Desde a onda de explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah no Líbano, ocorrida em meados de setembro e atribuída a Israel, e a intensificação dos bombardeios israelenses que se seguiram, mais de 1.000 pessoas foram mortas no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.
O primeiro ataque contra Beirute desde 8 de outubro destruiu um andar de um edifício do centro. Segundo a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), três dos seus membros foram mortos nesse ataque. Israel afirma ter matado dois comandantes deste grupo, considerado “terrorista” tanto pelos israelenses como pela UE.
Na Faixa de Gaza, bombardeada incessantemente durante quase um ano, o número de ataques aéreos israelenses diminuiu consideravelmente nos últimos dias.
burs/imm/jj/dhw/mas-meb/es/fp/jb/dd/jb/mvv/ic