Atleta espanhola quer recuperar medalha paralímpica com ajuda de advogado do 'caso Bosman'

Elena Congost, atleta espanhola que foi desclassificada depois de ganhar o bronze na maratona paralímpica por ajudar seu guia, recorreu a órgãos esportivos internacionais para reaver sua medalha através de Jean-Louis Dupont, o advogado do 'caso Bosman', anunciou seu escritório em comunicado.

Em uma carta dirigida ao Comitê Olímpico Internacional (COI), ao Paralímpico (CPI) e aos responsáveis dos Jogos de Paris-2024, o advogado apela para o "senso de justiça esportiva e da equidade" para "adotar a única decisão justa (e juridicamente correta)", que é a de conceder a Congost "a medalha que ela merece".

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No dia 8 de agosto, na maratona reservada a atletas com deficiência visual, Elena Congost terminou a prova na terceira posição, atrás da campeã, a marroquina Fatima El Idrissi, e de sua compatriota Meryem En-Nouhri.

No entanto, a espanhola de 36 anos, campeã paralímpica da prova nos Jogos do Rio-2016, foi posteriormente desclassificada por ter soltado a corda para ajudar seu guia a dois metros da linha de chegada.

- Evitar a queda do guia -

O bronze foi herdado pela japonesa Misato Michishita, que finalizou a prova mais de três minutos depois de Congost.

"Fui desclassificada porque a dez metros da chegada soltei a corda por um segundo porque meu guia estava caindo, volto a segurar a corda e cruzamos a linha de chegada, quando a atleta seguinte chega três minutos depois", comentou Congost após a prova.

"Gostaria que todo o mundo soubesse que não fui desclassificada por trapacear, mas por ser uma pessoa e ajudar meu guia (...) Para mim parece injusto e surreal que também não haja ninguém com quem eu possa argumentar", acrescenta a atleta.

"Na verdade, todos entendem que a regra que proíbe soltar a corda é justificada, pois seu objetivo é evitar fraudes que permitiriam a um atleta ganhar alguns segundos ou alguns metros sobre um competidor que, por sua vez, estaria respeitando as regras", explica Dupont em seu texto.

- "Não houve fraude" -

No entanto, o advogado entende que no caso de Congost "não houve fraude, mas sim assistência a uma pessoa potencialmente em perigo; soltar a corda não fez Elena Congost ganhar tempo e sim perder".

A carta lembra que a atleta "soltou a corda para ajudar seu guia" e reitera que "não prejudicou nenhum outro competidor".

Em uma entrevista ao portal espanhol Relevo, Congost explica que foi o próprio Dupont que entrou em contato para oferecer assessoria jurídica.

Jean-Luis Dupont ficou famoso pelo chamado 'caso Bosman', que na década de 1990 conseguiu que a justiça europeia invalidasse os limites impostos pela Uefa quanto a contratação de jogadores estrangeiros, permitindo aos clubes contratar quantos jogadores comunitários quisessem.

Na carta, o escritório coloca o dia 20 de outubro de 2024 como prazo para que as autoridades retifiquem "amigavelmente" a decisão de desclassificar a atleta espanhola e considerem que "atribuir a medalha de bronze tanto a Congost como a sua concorrente seria a melhor solução".

bur-mcd/avl/cb/dd

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