Israel lança nova onda de ataques aéreos no Líbano; Beirute confirma 182 mortos
Israel intensificou seus bombardeios contra alvos militares no sul do Líbano nesta segunda-feira, 23. O Ministério da Saúde do Líbano disse que 182 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas depois do ataque aéreo "extensivo" no país.
Pouco antes, as Forças de Defesas de Israel haviam alertado a população civil para que se afastassem "imediatamente" de supostas posições e depósitos de armas do grupo extremista Hezbollah.
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Mais de 300 alvos do grupo foram atacados, segundo os militares israelenses.
O bombardeio desta segunda-feira é o mais amplo territorialmente já conduzido desde o início da troca de agressões entre as duas partes, há quase um ano, depois do ataque terrorista sem precedentes do Hamas na Faixa de Gaza.
Os moradores das regiões do Líbano atacadas receberam mensagens de texto e de voz enviadas por Israel alertando sobre a iminência dos ataques.
Esse foi o primeiro alerta do tipo em quase um ano de conflito em constante escalada entre Israel e Hezbollah. O aviso foi enviado após uma intensa troca de tiros no domingo, 22, quando o Hezbollah lançou cerca de 150 foguetes, mísseis e drones no norte de Israel.
Os ataques do Hezbollah foram uma retaliação ao bombardeio israelense que matou cerca de dez comandantes do grupo extremista, sendo um deles do alto escalão.
Segundo o governo libanês, os mortos e feridos no ataque incluem mulheres, crianças e profissionais de saúde.
Amplitude inédita
Os caças israelenses atacaram cidades ao longo da fronteira sul do Líbano e no Vale do Beca, cerca de 30 km a leste de Beirute. Na capital, há relatos de tráfego intenso de carros saindo da cidade em direção a locais que seriam mais seguros.
A área não havia sido atingida anteriormente por ataques aéreos, mas fica entre aldeias cristãs e muçulmanas xiitas, afirmou um morador, que não quis ser identificado.
O bombardeio revela que Israel está atacando uma área mais ampla do território libanês a partir de agora.
O Hezbollah afirma ter retaliado o ataque com o disparo de "dezenas" de mísseis em direção a Israel. Os militares israelenses confirmam 35 disparos, com alguns deles caindo em terra.
Parte do alerta israelense chegou aos civis libaneses quando os jatos israelenses já sobrevoavam os céus do país. Em uma declaração à agência de notícias britânica Reuters, o chefe da operadora de telecomunicações libanesa Ogero afirmou que Israel fez mais de 80 mil tentativas de ligação na segunda-feira, pedindo que as pessoas saíssem de determinadas áreas.
Ao menos um ministro do governo do Líbano confirmou que mensagens de texto e de voz também chegaram a residentes do sul do país, indicando que saíssem de territórios onde o Hezbollah atua ou armazena armas.
A popular estação de rádio Voice of Lebanon afirmou ter sido hackeada pelas forças israelenses, que transmitiu a mensagem ao vivo.
As Forças Armadas israelenses também publicaram um mapa mostrando 19 aldeias e cidades no sul do Líbano que estariam dentro do escopo das ações militares, mas não detalhou quais delas seriam alvos dos novos ataques ou deveriam ser evacuadas.
Questionado se o anúncio indicava que Israel preparava uma invasão terrestre do território libanês, Hagari afirmou que, no momento atual, o foco seria apenas na "campanha aérea".
Em Beirute, alvo de um bombardeio na sexta-feira, escolas particulares pediram que os pais de alunos buscassem seus filhos, diante da possibilidade de ataques. Do lado de fora de uma escola no leste da capital, o New York Times descreveu uma cena de confusão, com a rua congestionada pelo trânsito, dezenas de estudantes de ensino médio a espera de seus responsáveis, e estudantes mais novos saindo correndo da escola, segurando as mãos dos pais.
A troca de hostilidades entre Israel e Hezbollah atingiu um ponto crítico desde o início da guerra em Gaza.
A situação escalou na semana passada, quando uma operação atribuída aos israelenses - negada pelo presidente do país no fim de semana - explodiu milhares de aparelhos pager e walkie-talkies usados pelo grupo libanês. Dezenas morreram e mais de 3 mil ficaram feridos, segundo as autoridades libanesas.
O Hezbollah respondeu com força. Centenas de foguetes foram disparados de diferentes pontos do sul do Líbano contra o norte de Israel, forçando as autoridades do Estado judeu a fecharem o espaço aéreo de parte do país no fim de semana e emitirem restrições de segurança para a população civil. No domingo, o grupo disparou cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones, atingindo uma área civil perto de Haifa, a terceira cidade mais importante do país.
Ataque contra Israel
Após os novos ataques israelenses na manhã desta segunda-feira, o Hezbollah voltou a retaliar. Sirenes de alerta voltaram a soar no norte de Israel, com as Forças Armadas confirmando que 35 projéteis foram lançados contra a cidade de Safed, um dos principais alvos do movimento libanês até o momento.
Eles foram abatidos ou caíram em áreas abertas, disseram os militares. Serviços de emergência registraram cinco pessoas com ferimentos leves.
A promessa do Hezbollah é de que as ações israelenses no Líbano não passarão sem resposta. O grupo afirmou que só vai suspender as hostilidades contra o Estado judeu quando um cessar-fogo em Gaza for obtido. O movimento libanês é aliado do grupo palestino Hamas, no Eixo da Resistência.
Em meio aos ataques do Hezbollah, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou que a população israelense "precisará mostrar calma, disciplina e total conformidade com as instruções do Comando da Frente Interna" nos próximos dias.
Moradores de Katzrin, no norte de Israel, foram instruídos a permanecer perto de abrigos e evitar lugares lotados até novo aviso - uma recomendação que vem sendo reiterada desde a semana passada.
Após o bombardeio de domingo perto de Haifa, o vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o ataque era "apenas o começo" da represália a Israel, afirmando que o conflito havia entrado em "um novo estágio". "O Hezbollah lutará contra Israel de onde eles esperam e de onde eles não esperam", disse Qassem.
Enquanto isso, em Beirute, as autoridades do governo libanês - que se viu em meio ao fogo-cruzado entre Israel e Hezbollah - continua tentando lidar com o impacto dos ataques israelenses.
O Ministério da Saúde do país determinou que os hospitais do sul cancelem a realização de cirurgias eletivas para se concentrarem nos atendimentos de urgência em meio aos bombardeios.
Em paralelo, equipes de resgate continuavam a vasculhar o local de um bombardeio israelense na sexta-feira, que matou Ibrahim Aqil, comandante do braço armado do Hezbollah.
A estimativa é de que entre 10 e 15 pessoas sigam presas nos destroços do prédio residencial atingido - Israel afirma que o local era utilizado para reuniões e planejamento de atividades do movimento libanês. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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