Jovens de países vulneráveis fazem ouvir a voz de sua geração na ONU

19:58 | Set. 23, 2024

Por: Amélie BOTTOLLIER-DEPOIS

Comprometidos com a paz, a luta contra a crise climática e a violência sexual, adolescentes como Maria, Emmanuel e Areej viajaram para Nova York esta semana para fazer com que os líderes mundiais ouçam a voz dos jovens do mundo durante a Assembleia Geral da ONU.

Maria Marshall, jovem embaixadora do Unicef, tem 15 anos e há vários produz curta-metragens para sensibilizar sobre as ameaças ao meio ambiente, especialmente em Barbados, sua terra natal.

"Algumas pessoas pensam que poderíamos ir embora e nos estabelecer em Marte", declarou à AFP, enquanto dezenas de dirigentes se reuniam na sede da ONU. Mas "o dinheiro não é tudo" e "só temos um planeta Terra" que precisamos proteger, continuou.

A adolescente já consegue ver o impacto das mudanças climáticas em seu país, que está "começando a afundar" e onde as praias literalmente sumiram após a passagem do furacão Beryl em julho.

E enquanto alguns de seus colegas de escola brincam com ela por "querer salvar o mundo", Maria continua com sua luta.

Seus vídeos nas redes sociais ensinam, por exemplo, a reciclar roupas e outras iniciativas "que as pessoas comuns podem fazer". 

"Porque podemos ajudar a combater o aquecimento global se todos trabalharmos juntos", comentou.

Tão engajada quanto ela é Alaine Perdomo, de 17 anos, que trabalha em Belize para combater a desigualdade de gênero e ajudar as vítimas de agressões sexuais e outros tipos de violência de gênero.

"Realmente vi que isto [a violência sexual e de gênero] acontecia na minha família e meus amigos com muita frequência", lamentou.

Por isso, esta estudante de engenharia e informática está trabalhando em um aplicativo móvel que estará funcionando em breve: o "Safescape", um "espaço seguro", onde as vítimas podem compartilhar e obter a informação de que precisam.

- Não à extinção -

Depois que os 193 países-membros da ONU aprovaram, no domingo, um "pacto" destinado a construir um "futuro melhor" para a humanidade e, em particular, para as próximas gerações, Alaine disse acreditar que os dirigentes "se importam" com os jovens. Mas "sempre é importante ouvir outras perspectivas", ressaltou.

"O propósito da Assembleia Geral da ONU é precisamente este: reunir as pessoas com estas novas perspectivas", completou.

Sua opinião é compartilhada por Emmanuel Jidisa, de 17 anos, que gostaria que os adultos que comandam o mundo levassem mais em conta as crianças e suas necessidades.

"Tem um ditado que diz que as maiores mudanças costumam começar com ações empreendidas por pessoas afetadas diretamente pela situação", afirmou.

"Os próprios jovens estão em melhor posição para dizer o que pensam", acrescentou, em particular sobre as mudanças climáticas, um tema que aborda em palestras em seu país, a República Democrática do Congo, para sensibilizar as crianças.

O jovem, que tem albinismo, explica que ele mesmo se conscientizou dos riscos ao ver as queimaduras em sua pele frágil.

"Não devemos escolher a extinção. O mundo está diminuindo (...) Simplesmente vou pedir [aos líderes] que construam um mundo com e para as crianças", insistiu.

Este é o mesmo objetivo de Areej Essam, de 17 anos, que agradeceu ao Unicef por levá-la a Nova York e por "lhe dar o poder de defender (...) as crianças que não têm voz". Concretamente, os menores vítimas da guerra no Iêmen, onde mora.

"As crianças são o futuro", disse a estudante. "Se você quiser um futuro bom, tem que investir na educação das crianças, na paz, para garantir que possam crescer em um ambiente sustentável e se tornar os líderes do futuro". E, por sua vez, ter a chance de fazer a diferença.

"Minha mensagem [para as crianças do mundo] é que seja qual for a sua situação, têm algo incrível em vocês e podem dar algo ao mundo", acrescentou Alaine. Por isso, ela recomenda, "persista" para "seguir as tuas paixões", acrescentou.

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