Apoios falsos de celebridades proliferam na campanha presidencial dos EUA
Taylor Swift não apoia Donald Trump. Lady Gaga e Morgan Freeman também não. E Bruce Springsteen não foi fotografado com uma camiseta que dizia "Keep America Trumpless" (Mantenha os EUA livres de Trump). Os apoios falsos de celebridades proliferam na corrida presidencial americana.
Dezenas de testemunhos falsos de atores, cantores e atletas americanos sobre o candidato republicano Donald Trump e sua rival democrata Kamala Harris proliferaram nas redes sociais, muitos deles criados por geradores de imagens de inteligência artificial, segundo pesquisadores.
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Estes apoios falsos — que surgem em um momento em que plataformas como o X, de propriedade de Elon Musk, eliminam diversas barreiras contra a desinformação — geraram preocupações sobre seu potencial para manipular os eleitores.
Em agosto, Trump compartilhou imagens manipuladas que mostravam Swift apoiando sua campanha, em uma aparente tentativa de aproveitar o poder da famosa cantora pop para influenciar os eleitores às vésperas das eleições de 5 de novembro.
Algumas das fotos tinham o selo de imagens geradas por IA, segundo Hany Farid, especialista da Universidade da Califórnia.
Na semana passada, Swift manifestou seu apoio a Kamala Harris e seu companheiro de chapa, Tim Walz, chamando a atual vice-presidente de "líder talentosa e firme".
A cantora, com centenas de milhões de seguidores em plataformas como Instagram e TikTok, explicou que essas imagens manipuladas a motivaram a se pronunciar. "Reavivaram meus medos sobre a IA e os perigos de espalhar informações erradas", disse.
Após esse anúncio, Trump postou a seguinte mensagem em sua rede, Truth Social: "EU ODEIO A TAYLOR SWIFT!".
- "Confusão e caos" -
Uma base de dados da organização sem fins lucrativos News Literacy Project (NLP) já listou 70 publicações em redes sociais que vendem apoios "VIP" falsos.
"Em tempos de polarização, os falsos apoios de celebridades podem chamar a atenção dos eleitores, influenciar suas opiniões, confirmar preconceitos e semear confusão e caos", disse à AFP Peter Adams, vice-presidente sênior de pesquisa do NLP.
A lista, que cresce dia após dia, inclui publicações virais, entre elas uma imagem manipulada de Lady Gaga com um cartaz que diz "Trump 2024".
Outras publicações afirmam falsamente que o ator Morgan Freeman, ganhador do Oscar e crítico do republicano, disse que uma segunda Presidência de Trump seria "boa para o país".
Fotografias alteradas digitalmente do roqueiro Bruce Springsteen usando uma camiseta que dizia "Keep America Trumpless" (Mantenha os EUA livres de Trump) e do ator Ryan Reynolds a favor de Kamala também circularam nas redes sociais.
"As plataformas permitiram isso", disse Adams. "À medida que se afastam da moderação e hesitam em remover informações falsas relacionadas às eleições, tornaram-se uma via importante para que trolls, oportunistas e propagandistas alcancem um grande público".
- "Grande facilitador" -
A rede social X se tornou um foco de desinformação política desde que reduziu suas normas de moderação de conteúdo e restabeleceu contas de notórios disseminadores de informações falsas, afirmam os pesquisadores.
Elon Musk, que apoiou Trump e tem mais de 198 milhões de seguidores no X, tem sido acusado repetidamente de espalhar desinformação eleitoral.
Os responsáveis pela supervisão das eleições nos Estados Unidos também pediram a Musk que conserte o chatbot de IA do X, conhecido como Grok, que gera imagens de inteligência artificial a partir de mensagens de texto, após este mecanismo compartilhar informações incorretas.
Lucas Hansen, cofundador da organização sem fins lucrativos CivAI, mostrou à AFP a facilidade com que o Grok pode criar uma foto falsa de fãs de Swift apoiando Trump com uma simples mensagem: "Imagem de um comício ao ar livre de uma mulher usando uma camiseta 'Swifties for Trump'".
"Se você procura uma situação relativamente comum em que as pessoas na imagem sejam famosas ou fictícias, o Grok é sem dúvida um grande facilitador" de desinformação visual, disse Hansen à AFP.
"À medida que a tecnologia avança", será "cada vez mais difícil identificar as falsificações", alertou Jess Terry, analista de inteligência da Blackbird.AI.
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