Assassinato de mulher trans abala a Geórgia após aprovação de lei contra direitos LGTBI+
Uma mulher transgênero conhecida na Geórgia foi morta a facadas em um ataque premeditado, anunciaram nesta quinta-feira (19) autoridades do país do Cáucaso, cujo Parlamento aprovou nesta semana uma lei considerada repressiva aos direitos LGTBI+.
O partido Sonho Georgiano, no poder, promoveu uma lei de “valores familiares” comparada à lei de “propaganda gay” da Rússia e criticada pela União Europeia e por grupos de defesa da comunidade LGBTI+.
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Ontem, um dia após a aprovação da lei, a atriz, influenciadora e modelo Kesaria Abramidze, 37, foi morta a facadas em seu apartamento, segundo o Ministério do Interior. Com mais de meio milhão de seguidores no Instagram, ela foi a primeira pessoa na Geórgia a se assumir publicamente como transgênero, e representou o país no concurso Miss Trans Star International em 2018.
O ministério informou que investiga os fatos "como um assassinato premeditado cometido com especial crueldade e circunstâncias agravadas por questões de gênero”. A polícia prendeu o suspeito, que era namorado de Kesaria, segundo a imprensa do país.
Associações de defesa dos direitos LGTBI+ vincularam o assassinato ao debate político sobre a lei aprovada nesta semana. “Há uma correlação direta entre o uso do discurso de ódio na política e os crimes de ódio”, afirmou a organização Centro de Justiça Social. “Durante quase um ano, o governo usou agressivamente linguagem homo, bi e transfóbica e a alimentou" com propaganda maciça.
A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili (pró-UE, ao contrário do governo), descreveu o assassinato como "horroroso" e disse que o crime "deveria fazer a sociedade georgiana acordar".