O que se sabe sobre as explosões em dispositivos eletrônicos do Hezbollah no Líbano

Pelo segundo dia consecutivo, o Líbano registra explosões em dispositivos eletrônicos ligados ao Hezbollah

10:22 | Set. 19, 2024

Por: Wilnan Custódio
Um homem doa sangue sob uma tenda no subúrbio ao sul de Beirute em 17 de setembro de 2024, depois que explosões atingiram locais em vários redutos do Hezbollah ao redor do Líbano, em meio às contínuas tensões transfronteiriças entre Israel e os combatentes do Hezbollah. Centenas de pagers usados ​​por membros do Hezbollah explodiram em todo o Líbano na terça-feira, matando pelo menos oito pessoas e ferindo o embaixador de Teerã em Beirute em explosões que o grupo militante apoiado pelo Irã atribuiu a Israel. (Foto da AFP) (foto: AFP)

Pelo segundo dia seguido, integrantes do grupo radical libanês Hezbollah foram atacados em seu país por meio da explosão de dispositivos eletrônicos. No primeiro dia foram detonados pagers usados pelos militantes. Nesta segundo dia, foram detonados walkie-talkies. Mas o que de fato é verdade sobre os ataques?

De acordo com o Ministério da Saúde libanês, 14 pessoas morreram e 450 ficaram feridas nos ataques desta quarta-feira, 18. Com os números da terça-feira, 17, já são 26 mortes no total, entre elas duas crianças.

O secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, criticou o uso de "objetos civis" como artefatos de guerra. O governo libanês pediu uma reunião no Conselho de Segurança da organização, que será realizada na sexta-feira, 20.

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No primeiro dia dos ataques, mais de 3 mil pessoas ficaram feridas, cerca de 300 gravemente, segundo Firass Abiad, ministro da saúde do Líbano. Ainda de acordo com informações da pasta, 460 operações cirúrgicas foram realizadas, principalmente nos olhos e rostos, além de ferimentos nas mãos.

Quem está por trás dos ataques?

O governo libanês, o Grupo extremista Hezbollah e o Irã acusam o governo israelense de estar por trás dos ataques. Até o momento, o governo de Benjamin Netanyahu continua sem assumir a autoria dos ataques. Entretanto, o ministro da defesa do país, Yoav Gallant, anunciou que a guerra está entrando em uma nova fase, com o "centro de gravidade" do conflito se deslocando para o norte, segundo ele.

Israel já travou outras guerras contra o Hezbollah desde outubro de 2023, quando se iniciou a guerra entre Israel e Hamas, trocando ataques pontuais com o Estado judeu. Não confirmar e nem negar ações como esta são considerados parte da doutrina militar israelense.

Logo após a segunda onda de explosão, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em pronunciamento, sem citar o grupo libanês, que os moradores residentes do norte de Israel, deslocados por conta dos conflitos com o Hezbollah, voltariam para casa. "Eu já disse isso antes, nós retornaremos os cidadãos do norte para suas casas em segurança e é exatamente isso que faremos", disse o primeiro ministro.

Como os dispositivos explodiram?

O jornal norte-americano Wall Street Journal disse por meio de uma fonte que os dispositivos explodidos eram de uma nova remessa que o Hezbollah tinha recebido nos últimos dias.

Ainda de acordo a publicação, um integrante do grupo, relatou que alguns dos usuários dos dispositivos, sentiram eles esquentarem antes de explodirem. Segundo as autoridades de segurança do Líbano afirmaram à agência Reuters, o serviço de inteligência de Israel teria plantado os explosivos dentro de 5 mil pagers fabricados em Taiwan e comprados pelo Hezbollah alguns meses atrás.

Apesar de não ser a vitória decisiva de Israel para definir o conflito, os ataques são um golpe no sistema de comunicação do grupo radical, que já havia escolhido esses equipamentos para fugir e tentar burlar alguma forma de interceptação da comunicação de seus integrantes e, consequentemente, espionagem.