Papa Francisco veste cocar de penas em visita à Papua-Nova Guiné
Em viagem de 12 dias pelo sudeste da Ásia e Oceania, papa Francisco usou o tradicional cocar de penas e pediu fim da violência no Éden de Papua-Nova GuinéO papa Francisco visitou neste domingo, 8, comunidade remota no meio da selva em Papua-Nova Guiné, onde pediu o fim da violência, da "superstição e da magia", que prejudicam um lugar que comparou ao Éden.
O pontífice, de 87 anos, está no meio de uma viagem de 12 dias pelo sudeste da Ásia e a Oceania - a mais longa e distante de seu papado - para promover o diálogo inter-religioso e levar sua mensagem às "periferias".
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Francisco visitou neste domingo localidade remota de Vanimo, que fica alguns graus ao sul da linha do Equador. Papua-Nova Guiné fica ao norte da Austrália.
Visita ao "Éden" de Papua-Nova Guiné
Vestido com o tradicional cocar de penas de ave do paraíso, apesar do intenso calor tropical, ele descreveu "o grandioso espetáculo de uma natureza transbordante de vida, que evoca a imagem do Éden".
Francisco foi recebido como convidado de honra por membros da tribo local, que apresentaram uma dança tradicional vestidos com os cocares de penas, pulseiras de conchas e folhas, e com os corpos cobertos de ornamentos de pintura.
O papa agradeceu às milhares de pessoas reunidas, incluindo algumas que caminharam ou navegaram durante dias para acompanhar o evento, e elogiou os "sorrisos contagiantes" e a "alegria transbordante" das crianças.
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Mas também descreveu o local como um paraíso turbulento e pediu a "superação das "divisões pessoais, familiares e tribais", assim como "expulsar do coração das pessoas o medo, a superstição e a magia".
Estes e outros males, disse, "aprisionam e tornam infelizes tantos irmãos e irmãs, também aqui".
Mais de 90% dos 12 milhões de habitantes da Papua-Nova Guiné se declaram cristãos - quase 25% deles católicos.
A religião, no entanto, coexiste com uma série de crenças, costumes e rituais locais, incluindo alguns que provocam um fervor violento.
Religião e crenças locais
Algumas áreas de Papua-Nova Guiné enfrentam a violência tribal vinculada às crenças profundamente arraigadas sobre a existência de bruxaria.
Nas aldeias, as turbas encurralam sistematicamente pessoas falsamente acusadas de bruxaria, geralmente mulheres, que são assassinadas de maneira violenta.
Pesquisadores australianos calculam que esse tipo de violência provocou quase 3 mil mortes nos últimos 20 anos.
O papa pediu aos fiéis que "Façam Papua-Nova Guiné famosa não apenas por sua variedade de flora e fauna, suas praias encantadoras e por seu mar cristalino, mas também, e principalmente, pelas boas pessoas que vivem aqui".
Muitos papuásios esperam que a visita do papa ajude a transformar a nação. Francisco celebrou algumas horas antes uma missa ao ar livre para 35 mil pessoas na capital, Port Moresby.
Margaret Clive, uma vendedora ambulante, celebrou a presença do papa. "É um líder religioso mundial que traz a mensagem da paz".
"Há muita violência contra as mulheres e as crianças", disse. "Os princípios cristãos estão ocultos enquanto os nossos caminhos pecaminosos são transparentes, precisamos de uma mudança", acrescentou.
O pontífice encerrará a visita a Papua-Nova Guiné na segunda-feira, 9, com um discurso em um estádio, antes de viajar para o Timor Leste, que conquistou a independência em 2002, após mais de quatro séculos de colonização portuguesa e 25 anos de ocupação indonésia.
Neste país do sudeste asiático de maioria católica, Francisco terá que enfrentar os escândalos de pedofilia dentro da Igreja, ignorados em grande medida pelos líderes da independência do Timor.