Ilha infestada por camundongos que comem albatrozes vivos deve ser "bombardeada" com veneno

Os roedores atacam as aves marinhas de modo lento e gradual, fazendo com que venham a óbito; entenda

Uma espécie invasora de camundongos tem causado graves problemas à população de albatrozes-errantes da Ilha Marion, na África do Sul. Os roedores devoram os ovos e também atacam os filhotes, além de "comerem" partes das aves adultas ainda vivas

Cientistas e autoridades do país estão planejando fazer o extermínio dos pequenos roedores na ilha com um "bombardeio" de iscas envenenadas. A ação busca salvar não apenas os albatrozes, mas também outras espécies de aves presentes no território insular que são prejudicadas pelo animal invasor.

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Os camundongos foram introduzidos acidentalmente na ilha no Oceano Índico, localizada entre os continentes africano e antártico. Acredita-se que navios de caça de focas, no século XIX, tenham sido os responsáveis por levar esses roedores ao local.

Mudanças climáticas e o aumento da população de camundongos na Ilha Marion

Devido ao aumento das temperaturas e diminuição da umidade nas últimas três décadas no território, a densidade populacional da espécie invasora teve um crescimento significativo.

O aumento do número de camundongos também causou a redução da ocorrência de seres invertebrados que são parte principal da dieta dos roedores. Com a escassez de presas, os camundongos passaram a buscar outras fontes de nutrição, passando assim, a atacar os albatrozes-errantes.

Essa situação é uma ameaça ao equilíbrio ecológico na ilha, já que cerca de um quarto da população mundial dessas aves se reproduz no território insular em questão.

Autoridades planejam "bombardear" a ilha com iscas envenenadas

Para contornar os riscos que esse cenário traz para a biodiversidade local, conservacionistas do Projeto Marion sem Ratos, uma iniciativa que une esforços do governo sul-africano e da organização BirdLife South Africa, estão organizando um "bombardeio" na ilha.

O projeto anunciou que fará a eliminação dos camundongos invasores do local a partir do lançamento de iscas de madeira com raticidas que serão espalhadas ao longo do território por helicópteros.

O "bombardeio" contará com 660 toneladas de pellets envenenados e está previsto para ocorrer no inverno de 2027. Dessa forma, o esperado é que a população dos roedores, estimada em cerca de 1 milhão de indivíduos, seja erradicada de uma vez por todas da ilha.

As aves da Ilha Marion correm risco de extinção local

Caso não haja um controle da espécie invasora, estima-se que os camundongos provoquem a extinção local de 19 das 29 espécies de pássaros que são encontrados atualmente em Marion, sendo algumas delas nos próximos 30 anos

Essa projeção de espécies de aves ameaçadas pelos roedores corresponde a mais de 65% das que ocorrem nesse território insular sul-africano.

Os camundongos matam as aves lentamente

Os ataques sofridos pelos albatrozes-errantes pelos camundongos não são um problema novo. Os primeiros casos observados datam do início dos anos 2000 e, desde então, têm se intensificado.

Em busca de fontes alternativas de alimento, os roedores descobriram que, como em outras ilhas oceânicas, muitas das aves marinhas têm pouca capacidade de enfrentar predadores em ambientes terrestres, o que as torna "alvos fáceis".

As feridas causados pelos roedores são profundas, mas diante do porte das aves, nem sempre são fatais, o que faz com que a morte das aves, em muitos casos, não seja imediata e ocorra por infecções secundárias ou inanição, pois os camundongos as atacam de modo lento e gradual até que venham a óbito.

 

Tentativas anteriores de exterminar os camundongos da ilha

Já houve, inclusive, tentativas anteriores (e frustradas) de erradicar a população dessa espécie invasora na ilha. Na década de 1940, por exemplo, cinco gatos foram soltos no local para caçarem os camundongos.

O resultado disso, no entanto, foi o surgimento de descendentes selvagens dos gatos, os quais passaram a caçar as aves marinhas, assim como os roedores, aumentando a mortalidade desses pássaros e causando uma taxa de morte anual de 455 mil aves na ilha.

Anos mais tarde, no início da década de 1990, os gatos foram exterminados da ilha com sucesso por pesquisadores, mas os camundongos continuaram a ser encontrados no território e voltaram a se proliferar.

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