Mulher que denunciou jogadores de rúgbi franceses por estupro na Argentina tentou suicídio
A mulher de 39 anos que denunciou dois jogadores franceses de rúgbi por estupro na Argentina tentou se suicidar na sexta-feira passada e, portanto, não compareceu ao Ministério Público naquele dia nem o fará nesta terça-feira, informaram seus advogados à AFP.
"Na sexta-feira ela tentou tirar a própria vida", disse à AFP o advogado da demandante, Mauricio Cardello, afirmando que por esse motivo ela não compareceu à audiência marcada para a semana passada e que não comparecerá nesta terça-feira para receber o resultado de um dos exames psiquiátricos que foram realizados nele.
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Cardello disse que a denunciante "se encontra atualmente em uma situação emocional muito sobrecarregada" e que "está sendo atendida por psiquiatras no hospital público de Lagomaggiore", na província argentina de Mendoza (oeste), onde reside.
Outra de suas advogadas, Natacha Romano, explicou à AFP que a tentativa de suicídio ocorreu por volta das "3h00 locais de sexta-feira e que a presença de seu pai evitou um desfecho fatal".
Na sexta-feira passada, Cardello explicou aos jornalistas em Mendoza que a ausência de sua cliente se devia a "problemas de estômago, dores bastante fortes" que a impediam de estar "em boas condições".
- A denúncia contra os jogadores -
A mulher denunciou os jogadores franceses Hugo Auradou e Oscar Jegou, ambos de 21 anos, por estupro após um encontro ocorrido na noite de 6 para 7 de julho em um quarto de hotel em Mendoza, a 1.000 quilômetros de Buenos Aires, onde a seleção francesa de rúgbi havia acabado de disputar uma partida contra a seleção local.
A denunciante, que conheceu os jogadores em uma boate e foi com um deles ao hotel, disse que sofreu estupro e violência por parte dos dois que estavam no quarto. Os acusados admitem ter tido relações sexuais com ela, mas afirmam que foram consensuais e negam ter utilizado violência.
Os atletas foram detidos no dia 8 de julho e colocados em prisão domiciliar no dia 17 daquele mês. Há duas semanas foram libertados por decisão do Ministério Público, embora tenham sido proibidos de sair da Argentina enquanto durasse a investigação.
O Ministério Público informou que não existiam elementos para solicitar a prisão preventiva dos acusados porque não haviam provas suficientes e "porque existiam francas contradições internas e periféricas" na história da denunciante.
- A postura da defesa -
Nesta terça-feira, os advogados dos jogadores, convencidos de que a posição do Ministério Público está enfraquecida, pretendiam apresentar um pedido de arquivamento do processo para obter autorização para o seu regresso à França.
A ausência da denunciante na audiência desta terça não impede a priori que os defensores dos franceses apresentem seu pedido de arquivamento do caso, disse à AFP Martín Ahumada, porta-voz da justiça provincial de Mendoza.
O advogado dos jogadores, Rafael Cúneo Libarona, disse à AFP que a decisão da denunciante de não comparecer pretende "frustrar o andamento do processo" e afirmou que ainda está avaliando se deve ou não apresentar o pedido de demissão.
Caso o pedido seja concretizado, será a vez do Ministério Público se pronunciar, e será convocada uma audiência para que um juiz decida nos dias seguintes.