Civis fogem em massa do avanço russo no leste da Ucrânia
Civis ucranianos da região de Donetsk fugiram em massa nesta quarta-feira (21) do avanço das tropas russas, que mantêm seu ímpeto no leste, apesar da ofensiva lançada pelas forças de Kiev em território russo.
O Exército russo tomou vários vilarejos nas últimas semanas e está atualmente a cerca de 10 km de Pokrovsk, uma cidade de aproximadamente 53.000 habitantes na qual as autoridades ucranianas ordenaram uma evacuação com urgência.
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Repórteres da AFP encontraram Maksim, um minerador de 40 anos, que descreveu o ambiente "muito tenso" que reina em Pokrovsk. "Decidi ir embora porque a vida é mais importante", explicou.
Anatoli, de 60 anos, relatou ter testemunhado dois ataques. "Que desperdício! Graças a Deus, todos estão vivos, mas a população se foi", acrescentou.
As autoridades regionais ordenaram na segunda-feira a "evacuação forçada" de famílias com crianças de Pokrovsk, situada em uma estrada que leva aos redutos estratégicos de Chasiv Yar e Kostiantinivka.
- Kursk, Pokrovsk, Nova York -
O Exército russo reivindicou nesta quarta-feira a tomada de Zhelanne, a cerca de vinte quilômetros a leste de Pokrovsk.
Na terça-feira, Moscou havia anunciado a captura do município de Nova York, apresentado pela Rússia como um importante núcleo logístico das tropas ucranianas, na aglomeração de Toretsk.
No entanto, soldados e blogueiros ucranianos asseguraram nesta quarta-feira que parte de Nova York ainda estava sob controle das forças de Kiev.
A ofensiva ucraniana lançada em 6 de agosto na região russa de Kursk atrai a atenção internacional por levar os conflitos ao território do atacante, mas o epicentro dos combates continua sendo a bacia do Donbass, no leste industrial da Ucrânia.
As tropas russas, que invadiram a Ucrânia há dois anos e meio, estão melhor equipadas e são mais numerosas do que as ucranianas.
As forças ucranianas afirmaram na terça-feira que controlavam 1.263 km² e 93 localidades na região de Kursk, um pouco mais do que no dia anterior.
Sua maior captura reivindicada até o momento é da pequena cidade de Sudzha, que tinha 5.500 habitantes antes da incursão, a 8 km da fronteira com a Ucrânia.
O comandante-em-chefe das Forças Armadas ucranianas, Oleksander Sirski, indicou que suas tropas "avançaram de 28 a 35 km² em território russo."
A Ucrânia afirma que essa operação pretende criar uma "zona-tampão” em solo russo para afastar as plataformas de bombardeio, obrigar Moscou a redistribuir forças de outros fronts e até mesmo usar essas regiões como moeda de troca em eventuais negociações de paz "justas."
A ofensiva ucraniana em Kursk, no entanto, não parece ter aliviado até o momento a pressão russa sobre Pokrovsk.
- Ataques mútuos de drones -
Moscou sofreu durante a noite "uma das mais importantes" ofensivas de drones ucranianos desde o início do conflito, anunciou nesta quarta-feira o prefeito da capital russa.
Onze artefatos foram abatidos, precisou.
Moscou e sua região, a mais de 500 km da fronteira ucraniana, já haviam sido alvo de alguns ataques esporádicos de drones, sem sofrer danos significativos.
Do lado ucraniano, a força aérea indicou que destruiu 50 drones russos e um míssil durante a noite. O chefe da administração militar de Kiev, Sergei Popko, afirmou que 10 desses artefatos haviam sido interceptados quando "se dirigiam à capital ucraniana."
A agência de controle russo das telecomunicações, Roskomnadzor, informou nesta quarta sobre uma breve interrupção dos serviços de mensagens Telegram e Whatsapp na Rússia devido a um "ataque DoS" (negação de serviço), que consiste em colapsar um sistema informático sobrecarregando-o com solicitações.
Já o Parlamento ucraniano votou a favor da adesão do país ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com a esperança de punir a Rússia por supostos crimes de guerra cometidos em seu território.
O tema é muito delicado na Ucrânia, onde muitos temem que seus militares em guerra contra a Rússia também sejam denunciados ao TPI, que tem a missão de processar autores de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e agressão.
O Parlamento havia aprovado na terça-feira um projeto de lei que proíbe a Igreja Ortodoxa ligada à Rússia, que, apesar de sua perda de influência nos últimos anos, ainda está presente em milhares de paróquias ucranianas.
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