Chavismo e oposição rejeitam ideia do Brasil de nova eleição na Venezuela

Chavismo e oposição rejeitaram nesta quinta-feira, 15, a proposta de novas eleições na Venezuela. A ideia foi defendida ontem pela primeira vez publicamente pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden, embora a Casa Branca tenha voltado atrás horas depois, alegando que ele não ouviu direito a pergunta de um jornalista. O plano, porém, foi mal recebido em Caracas.

Diosdado Cabello, vice-presidente do partido de Nicolás Maduro e um dos chavistas mais influentes da Assembleia Nacional, disse que a ideia era uma "estupidez". "Aqui, na Venezuela, não há segundo turno", reclamou. "Isso não é uma ideia, é um erro. Para não dizer uma estupidez. As eleições não vão se repetir, porque Nicolás Maduro ganhou."

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Reação

A ideia parece ter conseguido a proeza de unir governo e oposição nas críticas. María Corina Machado, que liderou a campanha presidencial de Edmundo González Urrutia, rejeitou a proposta mais uma vez. "Eu pergunto a vocês. Se o resultado de uma segunda eleição não agradar, faremos uma terceira? Uma quarta? Até que Maduro aceite o resultado?", questionou. "Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho. Para mim, é uma falta de respeito com os venezuelanos."

Em entrevista à Rádio T, de Curitiba, Lula disse ontem que ainda não reconhece Maduro como vencedor da eleição e mencionou publicamente pela primeira vez a ideia. "Ele (Maduro) sabe que está devendo uma explicação para o mundo", disse. "Se ele tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições."

Brecha legal

A proposta de um segundo turno informal vem circulando nos bastidores desde o início da semana. Ontem, durante audiência pública no Senado para explicar a iniciativa de diálogo do Brasil com a Venezuela, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, disse que a proposta não é dele, mas que há brechas legais para uma nova votação, caso o Tribunal Superior de Justiça (TSJ) anule a eleição.

"Se (o TSJ) verificar que a vontade popular não está sendo respeitada, ele pode anular a eleição. Então, resultaria no que muitos chamam de 'minha proposta' de novas eleições", disse Amorim, que garantiu que o Brasil não reconhecerá um governo venezuelano se as atas de votação não forem divulgadas.

Engano

Biden, que reconheceu González Urrutia como vencedor da eleição, mas vem preferindo deixar a negociação diplomática com os países latino-americanos, parecia ter concordado com Lula. Questionado por jornalistas se ele defendia uma nova votação na Venezuela, ele respondeu: "Sim".

Instantes depois, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, correu para apagar o incêndio. "O presidente (Biden) estava falando sobre o absurdo de Maduro e seus representantes não terem sido honestos sobre as eleições de 28 de julho", disse. "Está muito claro que Maduro perdeu as eleições."

Colômbia

O presidente colombiano, Gustavo Petro, que vem coordenando com Lula uma posição conjunta sobre a crise na Venezuela, também lançou a ideia de novas eleições - mas foi ainda mais longe, propondo como alternativa um improvável governo de coalizão entre chavismo e oposição.

No X (ex-Twitter), Petro publicou uma lista de desejos: "Levantamento de todas as sanções contra a Venezuela. Anistia geral, nacional e internacional. Garantias totais para se fazer política. Governo transitório de coabitação. Novas eleições livres."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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VENEZUELA/CRISE POLÍTICA/LULA/NOVAS ELEIÇÕES/DIOSDADO CABELLO/CONSOLIDA

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