Quem precisa de macho? Tubarões fêmeas têm filhotes sozinhas na Itália

No total, houve três nascimentos, em 2020, 2021 e 2023, mas apenas um deles, o filhote de 2021, continua com vida. Entenda o que aconteceu

11:23 | Jul. 31, 2024

Por: AFP
A patogênese é mais comum em répteis (foto: Reprodução/Freepik)

Um grupo de pesquisadores italianos informou o primeiro nascimento por partenogênese, ou seja, sem fecundação, de um tubarão de uma espécie em risco, Mustelus mustelus, comumente conhecida como cação-liso ou caneja.

"Este estudo inclui o primeiro caso de partenogênese facultativa", com essa espécie de tubarão classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) como ameaçada de extinção, apontam os cientistas no estudo, publicado esta semana no portal Scientific Reports.

Estudiosos de vários institutos especializados no Piemonte, Ligúria e Vale d'Aosta confirmaram a partenogênese todos os anos, desde 2020, em duas fêmeas de tubarão Mustelus mustelus, de 18 anos, e que vivem desde 2010 em um enorme aquário na Sardenha.

Patogênese: a reprodução quase anual na ausência de machos

"É notável que essa descoberta revele que a partenogênese pode ocorrer todos os anos nestes tubarões, alternando entre duas fêmeas, e exclui conclusivamente o armazenamento de esperma a longo prazo como causa”, enfatizam os pesquisadores.

Assim, observou-se uma reprodução quase anual em ausência de machos. No total, houve três nascimentos, em 2020, 2021 e 2023, mas apenas um deles, o filhote de 2021, continua com vida.

O cação-liso, de um tamanho médio entre 1,50 e 2 metros, está ameaçado principalmente pela pesca ilegal no Mediterrâneo e em outros mares quentes. Segundo as estimativas dos pesquisadores, "sua população poderia diminuir em 50% nas próximas décadas".

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Espécies que mudam sua estratégia de reprodução

A partenogênese, mais frequente entre os invertebrados que os vertebrados, ainda não foi observada em mamíferos. Alguns répteis, tubarões e raias "podem modificar a sua estratégia de reprodução” adaptativa dependendo das circunstâncias do ambiente”, destaca o relatório.

"Ainda que os mecanismos que impulsionem a partenogênese não estejam claros, acredita-se que a redução da população de machos seja um fator determinante", dizem os pesquisadores.

Aquários nos Estados Unidos, Emirados Árabes e Austrália documentaram esse fenômeno em outras espécies de tubarões nas duas últimas décadas.