Vida em Marte? Nasa encontra possíveis vestígios; entenda

Expedição do rover Perseverance encontrou nova rocha em Marte; cientistas afirmam que "não estão prontos" para o veredito sobre vida no planeta

14:06 | Jul. 28, 2024

Por: Luíza Vieira
Mesmo com a descoberta da rocha e das possíveis evidências, os cientistas da Nasa ainda não estão prontos, tanto para publicar um estudo completo sobre os resultados (foto: JACK GUEZ / AFP)

O Laboratório de Propulsão a Jato da Agência Espacial Americana (JPL Nasa) divulgou, na última quinta-feira, 25, a informação de que cientistas do rover Perseverance haviam encontrado uma rocha em Marte.

A pedra, intitulada “Cheyava Falls”, apresentou um padrão atípico de manchas em sua superfície, o que pode sinalizar uma eventual evidência de vida no planeta.

De acordo com o colunista da Folha de S.Paulo, Salvador Nogueira, o fragmento de rocha foi analisado pelo Perseverance, que usou todos os instrumentos para examinar a composição da rocha. O veículo atua na cratera Jazero desde fevereiro de 2021.

LEIA TAMBÉM | Rayssa Leal conquista o bronze no skate street em Paris-2024

O equipamento averiguou a rocha a fim de identificar potenciais resquícios que indicassem presença de vida. Como resultado da apuração, o rover detectou estruturas e assinaturas químicas que poderiam ter sido formadas por vida há bilhões de anos, quando a região dispunha de água corrente.

Contudo, a equipe da agência ainda está no início da análise dos dados e não descarta, preliminarmente, outras explicações.

Com o uso do espectrômetro Raman, chamado Sherloc, foi possível a detecção de compostos orgânicos na rocha, composições tidas como a base para a vida como conhecemos.

Entenda as descobertas da Nasa com a rocha Cheyava Falls

As manchas nas rochas sinalizam reações químicas que poderiam nutrir vida microbiana. Há evidência mineralógica clara de que a pedra esteve exposta à água. Em linhas gerais, tudo que a vida precisaria para sobreviver ali esteve disponível no local em algum ponto do passado remoto.

Mesmo classificando a rocha recém-descoberta como a mais importante já localizada pelo Perseverance, os cientistas da Nasa ainda não estão prontos, tanto para publicar um estudo completo sobre os resultados, quanto para dizer que detectaram vida em Marte.

A Nasa adota uma escala de sete graus para a detecção de vida extraterrestre e a atual descoberta está apenas no primeiro deles: “detectar um possível sinal”.

Em seguida, seria necessário detectar contaminação; confirmar que biologia é uma eventual explicação; descartar fenômenos não biológicos; detectar um sinal independente; descartar outras hipóteses e realizar confirmação independente.

O processo extenso faz com que muitos cientistas acreditem que a detecção de vida em outros lugares como Marte só acontecerá, se um dia for confirmado, depois que amostras sejam trazidas de lá e analisadas de forma independente em diversos laboratórios espalhados pelo mundo.

Rover Perseverance

Colher rochas promissoras é o principal objetivo do rover Perseverance. O veículo colocou um pedaço da Cheyava Falls em um pequeno tubo para ser resgatado por uma futura missão de retorno de amostras, que está em fase de planejamento.

A iniciativa seria realizada pela Nasa em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA). A operação de retorno só deve ocorrer na década de 2030.