Como brasileira fez fortuna sendo rainha da máfia da Uber nos EUA

Brasileira ficou presa por dois anos por falsificar contas nas plataformas Uber, Lyft, DoorDash e de outros aplicativos de comida, entrega e transporte.

A brasileira Priscila Barbosa, de 37 anos, faturou nos Estados Unidos o equivalente a US$ 780 mil (aproximadamente R$ 4 milhões) com a intitulada “Máfia da Uber”. O grupo, chamado de “Máfia” na rede social WhatsApp, foi desarticulado pelo FBI em 7 de maio de 2021 e contava com 19 integrantes (incluindo ela).

O grupo era responsável por falsificar cerca de duas mil contas nas plataformas Uber, Lyft, DoorDash e de outros aplicativos de comida, entrega e transporte. Eles alugavam os perfis falsos para imigrantes que não poderiam trabalhar no EUA.

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Em entrevista a Uol, Priscila detalhou sua trajetória na “Máfia da Uber”. Ela hoje se encontra em liberdade após cumprir a pena de dois anos, seis meses e oito dias. Seu tempo na prisão foi reduzido por bom comportamento.

Barbosa explicou que chegou aos Estados Unidos em 2018, aos 32 anos, apenas com o visto de turista. Tentando construir uma “nova vida” no país e com dificuldade de conseguir emprego por ser imigrante ilegal, ela começou a trabalhar com delivery de comida saudável.

Priscila tinha a expectativa de trabalhar como Uber, mas o conhecido que havia lhe feito a proposta desapareceu. "Encontrei ele tempos depois, ele ficou assustado, mas não conversamos. Ele tinha dito que me ajudaria, que poderia ficar na casa dele até me estabilizar e comentou que ser Uber aqui dava dinheiro".

A sorocabana, sem poder contar com a ajuda prometida, começou a atuar no ramo alimentício. Ela, tempo depois, conseguiu alugar ilegalmente uma conta da Uber por aproximadamente um ano, pois como turista não tinha a autorização de exercer a atividade.

A motorista então assumiu o negócio e dessa maneira começou a ajudar outros imigrantes no aluguel dessas contas. Com o conhecimento em sistemas e engenharia social, área na qual se formou no Brasil, passou a usar “truques” para driblar as plataformas.

Ela revelou que comprava os dados na chamada “dark web” e comparou a um marketplace de dados. “Tem de tudo, você escolhe o que quer. Pagava de US$ 10 a US$ 25 pelos documentos, como seguro social e carteira de motorista. Criava contas e alugava por US$ 250 por semana para imigrantes”.

A sua habilidade de conseguir burlar as plataformas lhe rendia US$ 10 mil (mais de R$ 55 mil) por mês com o aluguel das contas. Ela confessa que ao conversar com outras pessoas que faziam o mesmo, um deles chegou a brincar dizendo que havia se saído melhor que o professor. Priscila então foi coroada a rainha da “Máfia da Uber” por assumir a operação.

No dia em que foi presa, em seu apartamento de luxo, um agente chegou a elogiar o lugar. Ao chegar na prisão, ainda durante a pandemia, a brasileira foi levada para o chamado “hole” (buraco), que é uma espécie de cela solitária destinada para detentos indisciplinados. Por questão de segurança devido à alta transmissão do coronavírus, ela ficou os primeiros 14 dias nesse lugar.

Até cumprir a sua pena Priscila passou por cinco complexos prisionais em que ela relata ter encontrado muitas mulheres latinas. "Ficava muito quieta na minha, mas me chamavam de ‘princesinha’ porque eu não fazia o padrão das pessoas presas. Eram mulheres grandonas, com dentes de ouro. Cheguei com unhas grandes e mega hair. Eu só chorava, chorei por 7 meses".

A pena acabou em 16 de novembro de 2023. Após ser buscada de carro por uma amiga, as duas foram comemorar com o champanhe francês Veuve Clicquot. A bebida chega a custar até R$ 1.500 no Brasil.

De acordo com ela, a vida de luxo ficou para trás. Dos R$ 4 milhões que arrecadou, incluindo os US$ 60 mil investidos em bitcoins, pouco lhe restou, pois foi confiscado pela justiça. Agora planeja recomeçar sua vida com o que lhe sobrou, uma quantia que prefere não revelar, e abrir uma loja online para vender acessórios.

Priscila tem um Green Card, por ter se casado com um norte-americano, um relacionamento que já chegou ao fim. Ela trabalha como tradutora independente e para uma empresa de construção civil, recebendo US$ 1.800 por semana. Após sua libertação entrou com um pedido de asilo nos Estados Unidos.

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