Biden ignora pressões por desistência e prevê retomada da campanha eleitoral
16:52 | Jul. 19, 2024
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não se intimidou nesta sexta-feira (19) diante dos democratas que pedem que ele desista e planeja retomar a campanha na próxima semana, com o objetivo de combater a visão "sombria" de seu rival Donald Trump.
Especulou-se nas últimas horas que Biden poderia abandonar a corrida pela reeleição neste fim de semana devido à crescente pressão do Partido Democrata, preocupado com sua capacidade física e mental para governar em um segundo mandato.
No entanto, Biden, obstinado e naturalmente otimista, parece ter descartado essa possibilidade por enquanto.
"Há muito em jogo e a escolha é clara. Vamos vencer juntos", escreveu o presidente de 81 anos em um comunicado de sua casa de praia em Delaware (leste), onde se isolou após testar positivo para covid-19.
Seus sintomas "melhoraram significativamente", embora ainda esteja tomando medicamentos, informou seu médico da Casa Branca, Kevin O'Connor.
Apesar de seu desempenho ruim em um debate contra Trump no final de junho, Biden continua no comando e está convencido de que é a pessoa mais qualificada para derrotar o republicano nas urnas, como fez em 2020.
"A visão sombria de Donald Trump para o futuro não representa quem somos como americanos", afirmou no comunicado, referindo-se ao discurso que o magnata de 78 anos fez para encerrar a convenção republicana na quinta-feira, dias depois de sobreviver a uma tentativa de assassinato.
"Voltarei à campanha na próxima semana para continuar expondo a ameaça" do programa de Trump, insistiu.
Apesar disso, sete outros parlamentares democratas da Câmara dos Representantes e um terceiro senador se juntaram aos questionamentos de seu partido e pediram que Biden ceda o lugar a outro candidato.
Quatro deles assinaram uma carta conjunta instando o presidente a "passar o bastão".
No total, já são cerca de 30, incluindo membros dos grupos afro-americanos e hispânicos, que até agora haviam ficado à margem da polêmica.
"O retorno de Donald Trump à Casa Branca representaria um perigo existencial para nossa democracia. Precisamos derrotá-lo em novembro e precisamos de um candidato que possa fazer isso", escreveu o senador Martin Heinrich, do Novo México.
Várias pesquisas recentes apontam para uma vitória do republicano até mesmo nos estados-chave (aqueles em que os eleitores escolhem com base no candidato e em outros fatores e não no partido), que são essenciais para obter a vitória.
Citando fontes anônimas, a imprensa americana afirma que Biden está elaborando um plano para uma desistência digna nos próximos dias.
- O tempo está se esgotando -
A equipe de campanha do democrata reagiu nesta sexta-feira reconhecendo uma forte queda no apoio, mas insistiu que o octogenário ainda é o melhor candidato.
"Certamente o presidente está nesta corrida", afirmou sua chefe de campanha Jen O'Malley Dillon à MSNBC.
No entanto, vários democratas influentes acreditam que o tempo está se esgotando.
A pressão aumentou na quinta-feira, quando a imprensa noticiou que o ex-presidente Barack Obama, a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e os atuais líderes do partido no Congresso expressaram sua preocupação nos bastidores.
O líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, foi evasivo nesta sexta-feira e disse à rádio WNYC “que a decisão é dele”.
A NBC News assegura que alguns familiares de Biden têm "discutido" como ele poderia renunciar, mas ainda não tomaram uma decisão.
Seria um "plano cuidadosamente calculado" para dar certa dignidade a uma decisão historicamente tardia, a menos de quatro meses das eleições.
Qualquer decisão que ele tome deve evitar um caos no Partido Democrata em torno de seu sucessor como candidato.
A vice-presidente Kamala Harris é a favorita, mas a escolha não é automática e ela poderia enfrentar outros democratas de peso.
Enquanto isso, Trump foi aclamado por uma multidão na convenção republicana, onde, cercado por sua família, incluindo sua esposa Melania, ele descreveu a tentativa de assassinato da qual foi alvo e pediu votos para implementar seu programa e seu lema "Make America Great Again".
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