Parisienses aguentam com irritação preparativos para os Jogos Olímpicos

Na ilha de Saint-Louis, no coração de Paris, os residentes se adaptam aos preparativos para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, com um misto de aborrecimento e resignação em meio aos obstáculos e ao acesso limitado. 

"Temos a sensação de estarmos trancados", diz Aissa Yago, moradora desta ilha do rio Sena – que atravessa a capital francesa -, enquanto conversa com uma amiga em frente a um bar, com uma barreira a poucos centímetros de distância. 

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"Vai ser como o Planeta dos Macacos. Tudo o que eles precisam fazer é jogar amendoins em nós", critica este homem de cinquenta anos. 

No cais de Béthune, uma motorista irritada perguntou a alguns policiais onde ela poderia ir, gerando um pequeno coro de buzinas. 

"É um pouco como a aldeia de Asterix, um pouco bloqueada em todos os lugares", explica Rodolphe Dematini à AFP.

"É normal fazer algo assim nos Jogos Olímpicos, é algo que acontece uma vez a cada 100 anos", diz o homem de 56 anos.

- "Uma catástrofe" -

Gendarmes patrulham barreiras ao redor de um local olímpico em Paris, 16 de julho de 2024

Do outro lado do Sena, no cais de la Tournelle, já estão instalados as grades para a cerimônia de abertura, que será realizada no dia 26 de julho. Os organizadores prometem um espetáculo fluvial em que "a cidade se tornará cenário vivo de um momento excecional", ao longo de 6 km. 

Na quinta-feira os perímetros de segurança serão ativados e para entrar na Ilha de Saint-Louis será necessária a apresentação de um QR code, disponível unicamente por motivos justificados (como a necessidade de acesso ao local de trabalho ou a uma residência). 

Alguns moradores obtiveram seu passe, mas Aissa Yago afirma que não o recebeu, apesar de solicitá-lo. 

Simon, um comerciante da ilha, diz compreender a necessidade de medidas de segurança. "Mas oito dias sem que turistas a pé possam acessá-la parece um pouco difícil para mim". 

Em vez da prometida "festa", o jovem lamenta que "tudo o que vemos por enquanto é uma perda de volume de negócios" na ilha, bairro histórico e de destaque da capital francesa.

"Não trabalhamos durante todo o mês de julho, é um desastre", diz a gerente de uma cafeteria, diante de sua loja vazia. "As pessoas da ilha disseram 'estamos saindo porque não queremos ficar aqui para os Jogos'", diz ela. 

O responsável pelo Comércio na Prefeitura de Paris, Nicolas Bonnet-Oulaldj, disse na sexta-feira "compreender a irritação" dos comerciantes no centro de Paris, após a instalação de parte das 44 mil barreiras que vão garantir a segurança durante os Jogos Olímpicos. 

Marie-Christine Goux, moradora do 15º arrondissement, gosta de sentar em um banco e observar o Sena, mas não conseguiu ter acesso a ele nessa manhã. 

"Um amigo meu morava lá, um morador de rua. Ele desapareceu", conta. 

As associações alertam há meses para a "limpeza social" na capital e para as expulsões dos sem-teto de Paris.  

"Continuamos realizando operações para acolher as pessoas que estão nas ruas", se defendeu nesta segunda-feira o subprefeito, Marc Guillaume, na rádio France Bleu.

abo-pyv/mat/cbn/hgs/an/aam/cb

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