Campanha de Biden vira de ponta-cabeça após atentado contra Trump

O atentado contra Donald Trump virou de cabeça para baixo a campanha de Joe Biden, obrigando o presidente a reduzir a intensidade de seus ataques, ao mesmo tempo em que lhe dá tempo para lidar com seus próprios problemas políticos.

O apelo do presidente dos Estados Unidos para "baixar a temperatura" após o atentado contra Trump priva, pelo menos por enquanto, sua estratégia de atacar seu antecessor e tratá-lo como uma ameaça para a democracia americana.

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Tudo isso poucos dias depois de Biden tentar focar sua campanha em Trump, após semanas de agitação dentro do Partido Democrata em relação à sua idade e saúde e após um desempenho desastroso em um debate contra o republicano.

Resta saber por quanto tempo Biden pode se permitir ser benevolente com Trump.

Em um discurso no Salão Oval focado na união, Biden, de 81 anos, insinuou que em breve voltará a criticar o republicano.

"Continuarei a falar com firmeza em defesa de nossa democracia, defendendo nossa Constituição e o estado de direito, pedindo ação nas urnas e que não haja violência em nossas ruas", declarou Biden no domingo.

Biden afirmou que será "criticado" na Convenção Nacional Republicana, que começou nesta segunda-feira (15), mas ainda assim viajará "nesta semana" para defender o programa democrata.

Apesar de cancelar uma ida ao Texas, Biden prossegue com uma visita planejada ao estado decisivo de Nevada.

Em um artigo no Washington Post, a colunista Karen Tumulty escreveu que "dificilmente poderia haver um momento pior para Biden ser forçado a redesenhar sua estratégia contra Trump".

Os republicanos acusaram Biden de criar as condições políticas que levaram ao atentado contra Trump, omitindo o fato de que o magnata é suspeito de ter incitado violência no passado.

Mencionam declarações recentes de Biden  que tentaram "colocar Trump na mira", para evitar que se falasse da crise do debate.

- "Louco demais" e "velho demais" -

Os tiros contra Trump, no entanto, poderiam ajudar Biden na luta por sua própria sobrevivência política.

"Obviamente, isso muda os cálculos para aqueles que pedem que Biden se retire da disputa", explicou à AFP Peter Loge, cientista político da Universidade George Washington. "Isso lhe dá tempo".

A crise democrata sobre a idade de Biden após o debate dominou a campanha nas últimas semanas, mas com os tiros de sábado, a revolta sobre sua candidatura ficou silenciosa abruptamente.

O congressista Dean Phillips, ex-candidato sem sucesso nas primárias, declarou à Axios que seria "antipatriótico e sem princípios" levantar o assunto agora.

Biden também tentou dar um tom presidencial ao atentado, reagindo rapidamente no sábado e dirigindo-se à nação no domingo em um terceiro discurso no Salão Oval durante sua presidência.

A mensagem de união em aparições como essa não é direcionada apenas aos republicanos, mas também é um sinal para os democratas de que devem apoiá-lo como líder em um momento de crise.

O atentado pode unir os democratas, mas também pode condenar a candidatura à reeleição de Biden, já que ele está em desvantagem na maioria das pesquisas.

As icônicas imagens de um Trump ensanguentado levantando o punho após ser alvo de tiros aumentam as esperanças republicanas de uma vitória esmagadora em novembro.

No entanto, Loge acredita que o efeito pode ser limitado porque "muitos eleitores veem Trump como louco demais e Biden como velho demais, e um atentado não muda isso".

O cientista político acrescentou que focar no impacto imediato do ataque a tiros nas campanhas é um erro.

"Se transformarmos a violência política em parte da estratégia de uma campanha, perdemos o sentido da violência política e acabamos a normalizando", afirmou.

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