Eleição na França tem recorde de participação ao meio-dia

Autor DW Tipo Notícia

Comparecimento às urnas nas quatro primeiras horas das legislativas antecipadas é o maior em décadas. Pleito ocorre em meio a ascensão da ultradireita, que se aproxima do poder no país.A participação no primeiro turno das eleições legislativas francesas atingiu 25,09% do eleitorado ao meio-dia (7h00 em Brasília), a maior em décadas, informou neste domingo (30/06) o Ministério do Interior francês. Há dois anos, apenas 18,43% do eleitorado havia votado até esse horário e, nas eleições de 2017, 19,24%, de acordo com o Ministério do Interior. As eleições mais recentes com participação semelhante na mesma hora foram o primeiro turno em 1997, outro pleito antecipado, com um comparecimento de 22,74%. No primeiro turno das eleições de 2022, o comparecimento foi de apenas 47,51%, e as pesquisas de intenção de voto projetam que neste domingo é possível chegar a 64% ou até 66% devido ao forte aumento do interesse francês. Lideranças partidárias votaram O primeiro a comparecer à urna foi Manuel Bombard, coordenador do partido de esquerda A França Insubmissa (LFI), que votou em Marselha logo após as 10h locais (5h em Brasília). Minutos depois, o presidente do Reunião Nacional (RN), de ultradireita, e favorito em todas as pesquisas para ser o próximo primeiro-ministro, Jordan Bardella, votou de forma eletrônica em Garches (Hauts-de-Seine), nos arredores de Paris. Por volta das 11h30 (6h30 em Brasília), o atual primeiro-ministro, Gabriel Attal, votou em Vanves (também no departamento de Hauts-de-Seine), assim como o ex-presidente socialista Françoise Hollande, que é candidato a deputado em Corrèze. Pouco antes, o ex-primeiro-ministro e peso-pesado macronista Édourd Philippe votou em Le Havre, cidade do norte da qual é prefeito, e Éric Ciotti, líder do conservador Os Republicanos, que se aliou pessoalmente ao RN contra a maioria de seu partido, votou em Nice. E pouco antes do meio-dia, Marine Le Pen, líder do RN, votou em seu reduto eleitoral de Henin-Beaumont, no norte, próximo à fronteira com a Bélgica. Um dos mais tardios foi o presidente, Emmanuel Macron, que, com sua esposa Brigitte, votou na pequena cidade litorânea de Le Touquet, no norte. O casal, que mora lá desde 2001, foi votar numa seção eleitoral no Palácio do Congresso, enquanto um grande número de moradores e espectadores assistia de perto. Como é praxe nas eleições francesas, nenhum dos candidatos fez declarações à imprensa. O resultado final será conhecido após o segundo turno, em 7 de julho. A chegada ao poder da RN, pela primeira vez desde a libertação da França da ocupação pela Alemanha nazista em 1945, alinharia o país com a Itália e a Hungria, como terceiro da União Europeia (UE) governado pela ultradireita. Isso poderia enfraquecer a política de apoio do presidente francês à Ucrânia. Embora o partido de Le Pen, cujos detratores a veem como próxima da Rússia de Vladimir Putin, afirme apoiar Kiev, ele enfatiza que quer evitar uma escalada com Moscou. Pleito convocado após êxito da RN Macron, cujo mandato termina em 2027, convocou uma eleição antecipada em 9 de junho, após a vitória do RN nas eleições europeias da França, e agora corre o risco de dividir o poder com um governo de uma tonalidade política diferente, menos de um mês antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris. O partido de ultradireita está propondo Jordan Bardella, 28 anos, como seu candidato a primeiro-ministro, caso obtenha maioria absoluta, com um programa que busca limitar a imigração, impor "autoridade" nas escolas e reduzir as contas de eletricidade das residências. De acordo com uma ampla pesquisa da Ipsos publicada na sexta-feira, o partido e seus aliados têm 36% dos votos, seguidos pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP, 29%) e a aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron (20%). No entanto, o resultado do segundo turno é incerto, devido ao próprio sistema eleitoral: os 577 deputados são eleitos em círculos eleitorais de um único membro, com um sistema majoritário de dois turnos. Alertas contra ultradireita Os rivais da RN tentaram, na reta final, alertar sobre o risco de uma ascensão ao poder da extrema direita, que tem lutado na última década para moderar a imagem herdada de seu fundador, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas. "Ceder-lhe qualquer poder significa nada menos que correr o risco de ver tudo o que foi construído e conquistado ao longo de mais de dois séculos e meio ser gradualmente desfeito", alertou o diário Le Monde. Durante a marcha do Orgulho LGBT, que reuniu dezenas de milhares em Paris no sábado, muitos também carregaram faixas contra a extrema direita. "Agora é ainda mais importante lutar contra o ódio em geral, em todas as suas formas", disse Themis Hallin-Mallet, uma estudante de 19 anos. Socialistas, comunistas e ecologistas, aliados do partido radical A França Insubmissa (LFI) na coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), já avisaram que retirarão seus candidatos no segundo turno, se ficarem em terceiro lugar, para dar mais opções ao candidato governista contra um candidato de extrema direita. Sob pressão para adotar uma política semelhante em relação às forças de esquerda, Macron, cuja popularidade caiu por causa das eleições antecipadas, deu a entender que seu slogan de campanha será não votar nos "extremos", representados pela RN e o LFI. Ele se reunirá seu governo nesta segunda-feira, md/av (EFE, AFP)

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