Julian Assange, o homem que virou um pesadelo para os Estados Unidos

Julian Assange, que recuperou a liberdade na segunda-feira (24) após alcançar um acordo com a Justiça dos Estados Unidos, tornou-se um pesadelo para este país e um símbolo da liberdade de informação para muitos.

O governo americano acusa o australiano, 52 anos, de espionagem após o vazamento de material confidencial na sua página WikiLeaks.

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Mas na segunda-feira foi anunciado um acordo com a Justiça dos Estados Unidos que ele se declara culpado e que permite sua libertação após vários anos de detenção no Reino Unido.

Segundo o acordo, Assange comparecerá a um tribunal federal nas Ilhas Marianas, um território americano no Pacífico, onde deve se declarar culpado de "conspiração para obter e disseminar informações de defesa nacional".

Assange criou em 2006 um veículo de comunicação sem fins lucrativos chamado WikiLeaks, que publicou, segundo o próprio site, mais de 10 milhões de documentos confidenciais, fornecidos por fontes anônimas.

Os Estados Unidos depararam-se subitamente com um veículo de comunicação que revelou os documentos secretos vazados do Pentágono sobre as suas operações no Iraque e no Afeganistão, assim como a correspondência secreta do governo e das suas embaixadas em todo o mundo.

- Acusações na Suécia -

Em 2010, ele foi designado pelos leitores da revista Time a personalidade do ano. A Newsweek o definiu em 2012 como um dos personagens mais revolucionários do planeta.

Justamente em 2010, quando o WikiLeaks atingiu o pico de popularidade com os vazamentos, a Suécia exigiu a prisão de Assange sob duas acusações, uma por estupro de uma mulher e outra por assédio sexual, durante uma visita a Estocolmo para participar em uma conferência. As acusações foram posteriormente retiradas.

Assange negou a veracidade das acusações, mas foi submetido à prisão domiciliar na sua casa rural inglesa, até que, em maio de 2012, o Supremo Tribunal de Londres concordou com sua extradição para a Suécia.

Pouco depois, em junho de 2012, diante do cerco a que estava sendo submetido e para evitar a extradição, Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu por sete anos, durante o governo de Rafael Correa.

Com a chegada de Lenín Moreno ao poder no Equador, o país deixou de conceder asilo ao australiano e ele foi detido em abril de 2019 pela polícia britânica e levado para a penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no sudeste de Londres.

Sua esposa, Stella Moris, revelou em 2020 que teve dois filhos com Assange enquanto ele morava na embaixada do Equador em Londres e ela integrava a equipe jurídica que trabalhava para ele.

- Infância difícil -

O fundador do WikiLeaks nasceu em Townsville, no nordeste da Austrália, sem conhecer o pai, John Shipton, até os 25 anos, porque a sua mãe se separou dele antes do nascimento de Julian.

A mãe teve um novo relacionamento, com Brett Assange, de quem ele herdou o sobrenome, mas de quem a mulher se separou quando o menino tinha oito anos.

Na primeira parte da infância, Julian Assange levou uma vida "nômade", já que sua mãe e seu padrasto fundaram uma companhia de teatro e viviam viajando.

Após a separação, sua mãe se casou e teve outro filho com um músico, Leif Meynell, membro de uma seita na qual Assange viveu.

Meynell maltratou Assange e a sua mãe, e eles acabaram fugindo.

Atraído pela computação de forma autodidata, entre 2003 e 2006 estudou Física e Matemática, além de Filosofia, na Universidade de Melbourne, sem concluir nenhuma graduação.

Isso não o impediria de criar uma página na Internet, como o WikiLeaks, que se tornou uma dor de cabeça para a maior potência do mundo.

psr/mb/mas/atm/fp

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