Os aliados que restam a Putin

Visitas à Coreia do Norte e ao Vietnã evidenciam padrão que está se consolidando desde a guerra da Ucrânia: Putin encontra aliados incondicionais entre aqueles que governam com mão de ferro.
Autor DW Tipo Notícia

Por Henry-Laur Allik

Sanções de países ocidentais e um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) limitaram muito a movimentação internacional do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Restam poucos países para onde ele pode ir sem temer ser preso.

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Países que seguem aliados à Rússia

Desde que conquistou um quinto mandato como presidente, em março, em eleições que não foram nem livres, nem justas, o presidente russo fez cinco visitas internacionais: a Belarus, Uzbequistão, China, Coreia do Norte e agora ao Vietnã. Ou seja, mesmo com o apoio à Rússia significando risco de sofrer sanções, Putin ainda pode contar com aliados firmes, apesar de eles não serem muitos.

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China

O principal parceiro comercial da Rússia, a China, anunciou uma parceria "sem limites" com a Rússia antes da invasão da Ucrânia e, depois desta, dobrou a aposta, pouco se importando com o impacto negativo que isso poderia ter sobre sua economia e imagem internacional.

A posição da China em relação à guerra na Ucrânia está longe de ser neutra. Seus esforços diplomáticos para convencer países a não participarem da recente cúpula de paz da Suíça sobre a Ucrânia – para a qual o país agressor não foi convidado – é apenas um exemplo disso. A própria China, claro, também não foi.

Ao longo do conflito, os chineses fizeram sua parte para manter a economia da Rússia funcionando, além de servirem como intermediários para produtos militares sancionados necessários para manter a máquina de guerra russa em funcionamento.

A China vê a Rússia como um parceiro estratégico para combater uma ordem mundial dominada pelos EUA e seus aliados. Putin visitou a China em maio deste ano, e o presidente Xi Jinping visitou a Rússia em 2023, quando deram um novo impulso as relações já calorosas.

Coreia do Norte

A Coreia do Norte pode ser um dos países mais isolados do mundo, mas nada que a impeça de forjar uma firme aliança com a Rússia de Putin. Afinal, para o ditador Kim Jong-un, qualquer aliado é melhor do que nenhum aliado.

O líder russo e o norte-coreano fecharam esta semana uma parceria de defesa que consolida o que o Kim chamou de uma "poderosa aliança", incluindo a promessa de defesa mútua caso um dos países seja atacado.

A Rússia precisa de toda ajuda militar que puder obter na guerra da Ucrânia, e a Coreia do Norte, altamente militarizada, está pronta para fornecer armas sem fazer perguntas – países aliados a acusam de já ter feito isso, o que ambos os países negam.

A Coreia do Norte tem sido uma apoiadora sem restrições da Rússia na guerra contra a Ucrânia. Por exemplo quando as Nações Unidas votam resoluções contrárias às ações da Rússia na Ucrânia. A Coreia do Norte, ao contrário da China, sempre votou contra.

Belarus

Belarus é o aliado mais próximo e devoto da Rússia – ao ponto de alguns especialistas preferirem tratá-lo como "estado fantoche", controlado por Putin. Seja como for, Belarus tem vários tratados e acordos com a Rússia, que é sua maior parceira econômica. Belarus depende da Rússia em muitos níveis, desde a importação de petróleo e gás até subsídios econômicos.

Belarus também tem tropas e equipamentos militares russos estacionados em seu território e foi um dos locais de preparação para a invasão russa da Ucrânia, em 2022. O presidente Alexander Lukashenko, que já foi chamado de "o último ditador da Europa", permitiu que a Rússia instalasse armas nucleares no país.

Irã

O Irã, assim como a Rússia, é alvo de fortes sanções internacionais dos países ocidentais. Nada mais natural que os dois países tenham uma forte aliança econômica e militar.

De acordo com os serviços secretos dos Estados Unidos, a Rússia e o Irã intensificaram fortemente sua cooperação militar depois que a Rússia invadiu a Ucrânia. O Irã forneceu à Rússia drones e munição, que são essenciais para a frente de batalha.

Uma das raras visitas internacionais de Putin depois da invasão de 2022 foi ao Irã. Após a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em maio, Putin enviou suas condolências e disse que o via como um parceiro confiável que deu uma enorme contribuição para a expansão das relações entre os dois países.

Síria

A Síria é o bastião da Rússia no Oriente Médio, e o presidente Bashar al-Assad é um grande aliado de Putin. A Rússia estabeleceu uma presença militar regular no país, e o apoio militar russo foi decisivo para virar o jogo a favor de Assad na guerra civil da Síria.

Assad já disse que a guerra na Ucrânia é uma "correção na história e a restauração do equilíbrio que foi perdido no mundo após a dissolução da União Soviética". A Síria, assim como Belarus e Coreia do Norte, votou contra as resoluções da ONU para que a Rússia interrompesse a invasão.

Vietnã

O Vietnã e seu governo comunista são os mais recentes a estreitarem os laços com a Rússia. O país assinou um acordo de defesa estratégica com a Rússia durante a viagem de Putin pela Ásia, na qual ele tentou ampliar o alcance internacional da Rússia e discutiu comércio, defesa e a guerra na Ucrânia.

O Vietnã se esquivou de condenar a agressão russa na Ucrânia. Durante a visita, o presidente To Lam parabenizou Putin por sua reeleição em março e o elogiou por ter alcançado "estabilidade política interna". Putin disse que o fortalecimento de uma parceria estratégica com o Vietnã era uma das prioridades da Rússia.

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