Rússia e Vietnã reforçam laços durante visita de Putin a Hanói
O presidente russo, Vladimir Putin, se comprometeu nesta quinta-feira (20) a fortalecer as relações bilaterais com o Vietnã, durante a segunda etapa de seu giro asiático que busca contrapor as tentativas das potências ocidentais de isolar Moscou devido à invasão à Ucrânia.
Putin chegou a Hanói na madrugada, após uma visita excepcional a Pyongyang, onde o líder norte-coreano Kim Jong Un considerou o presidente russo o "melhor amigo" de seu país.
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"A Rússia atribui grande importância ao fortalecimento das relações com o Vietnã", afirmou Putin, que se reuniu com os principais líderes vietnamitas.
Ambas as partes assinaram uma dezena de acordos, principalmente nas áreas de energia, educação e nuclear civil.
O comunicado conjunto destacou a atmosfera "calorosa e amistosa" das discussões e o "alto grau de confiança e entendimento mútuo".
Hanói também expressou o desejo de "impulsionar a cooperação em defesa e segurança" com Moscou, enfatizou o presidente vietnamita, To Lam.
- Diplomacia flexível -
O presidente russo foi recebido com honras formais no palácio presidencial de Hanói, incluindo salvas de canhão e militares em posição de saudação.
Bandeirinhas russas enfeitaram as ruas do centro histórico da capital vietnamita, onde um forte esquema de segurança mantinha a ordem e tentava gerenciar o habitual tráfego caótico.
Mais tarde, Putin se encontrou com o primeiro-ministro Pham Minh Chinh e com o secretário-geral do partido comunista, Nguyen Phu Trong, considerado a figura mais influente do regime. Trong, de 80 anos, estudou na União Soviética na década de 1980.
O presidente russo também prestou homenagem colocando uma coroa de flores no mausoléu de Ho Chi Minh, considerado o pai da independência do Vietnã, que começou a estabelecer laços com a Rússia desde a década de 1920.
A visita de Putin ao Vietnã, país que se absteve de votar nas Nações Unidas contra a invasão da Ucrânia, poderia irritar os parceiros ocidentais de Hanói, especialmente os Estados Unidos, que consideram o país asiático, com sua população de 100 milhões, estratégico para a manufatura e a produção de semicondutores, entre outros setores.
No ano passado, tanto o presidente chinês, Xi Jinping, quanto o presidente dos EUA, Joe Biden, visitaram o Vietnã, já que o país tenta manter uma distância equilibrada entre as duas superpotências rivais, seguindo os preceitos flexíveis de sua "diplomacia do bambu", que combina prudência e pragmatismo.
Mas manter essa política pode se tornar uma tarefa cada vez mais difícil, alertou uma especialista.
A visita de Putin é "um teste" para verificar até que ponto a "diplomacia multilateral" de Hanói é aceita pelas outras potências globais, explicou Huong Le Thu, diretora adjunta do programa Ásia do International Crisis Group, à AFP.
O presidente russo agradeceu ao Vietnã por sua abordagem "equilibrada" sobre o conflito na Ucrânia, já que o país se absteve de votar nas resoluções condenando a invasão russa, conforme publicado por mídias locais na quarta-feira.
Mikhailo Podoliak, um dos principais conselheiros do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmou que o atual giro de Putin é uma visita aos "ex-satélites da URSS" em busca de "assistência militar e técnica, e até mesmo de carne de canhão".
Na etapa anterior, Putin concluiu com a Coreia do Norte uma "parceria estratégica global" sob sanções ocidentais, prevendo assistência mútua "em caso de agressão" e uma possível expansão da "cooperação militar-técnica", de acordo com o líder russo.
Os EUA e seus aliados temem que essa aproximação resulte em novos fornecimentos de munições e mísseis norte-coreanos para o Exército russo em sua guerra na Ucrânia.
Na quinta-feira, o Japão expressou "grave preocupação" com esse acordo, enquanto a União Europeia aprovou um novo pacote de sanções contra a Rússia.
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