Just Stop Oil: quem são os ativistas ambientais que atacam obras de arte e monumentos

O grupo britânico Just Stop Oil tem chamado a atenção e recebido críticas por perturbar eventos desportivos, salpicar tinta e comida em obras de arte famosas ou interromper o trânsito para chamar a atenção para o aquecimento global. Na quarta-feira, 19, as ações do grupo voltaram a repercutir após dois integrantes serem presos pela polícia do Reino Unido por jogarem tinta laranja no Stonehenge, histórico monumento de pedras localizado no sudoeste do país.

De acordo com o comunicado divulgado pelo próprio grupo, eles estão exigindo que o próximo governo assine um tratado juridicamente vinculativo para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis até 2030. Ainda segundo a nota, a tinta usada pelos manifestantes era feita de farinha de milho, e eles garantem que irá sair com a chuva. No entanto, não demorou para que o ato fosse condenado pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, que o definiu como um "gesto vergonhoso de vandalismo". O líder trabalhista Keir Starmer, seu principal oponente nas eleições do próximo mês, chamou o grupo de "patético" e disse que os danos eram "ultrajantes".

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Resistência a petróleo, gás e carvão

Em seu site oficial, o Just Stop Oil se define como um grupo de resistência civil não violento que exige que o governo do Reino Unido pare de licenciar todos os novos projetos de petróleo, gás e carvão. "Precisamos de ações ousadas e que não possam ser ignoradas, que enfrentam as elites dos combustíveis fósseis", diz o site. Para os protestos, o grupo realiza paralisações em estradas e atos envolvendo obras e monumentos artísticos como forma de chamar atenção para a causa defendida.

Eventos esportivos também são alvos do grupo. No ano passado, dois integrantes do Just Stop Oil interromperam a final da Premiership Rugby, liga nacional da modalidade, após espalhar pó laranja no gramado do Estádio de Twickenham. Já em 2022, o grupo protagonizou um de seus atos mais polêmicos, quando jogou sopa de tomate na obra Girassóis (1888), de Vincent Van Gogh, na National Gallery de Londres, e se colaram na parede. Como estava protegido por uma camada de vidro, o quadro não foi atingido. No mesmo ano, o grupo colou as mãos em uma réplica da pintura A Última Ceia, de Leonardo Da Vinci, em exposição na Royal Academy, também na cidade de Londres.

Cenas semelhantes ocorreram em mais de uma dúzia de museus ao longo do último ano, deixando os trabalhadores culturais nervosos e sem saber como evitar que os ativistas climáticos atacassem obras de arte delicadas. Os custos de segurança, conservação e seguros estão aumentando, de acordo com instituições culturais que sofreram ataques.

Medidas parlamentares

No ano passado, no Reino Unido, o Parlamento aprovou uma nova legislação que alterou a Lei da Ordem Pública de 1986, tornando possível processar alguém em casos de manifestação pública na Inglaterra e no País de Gales que resulte em graves perturbações na vida da comunidade, como na interrupção de atividades diárias. A mudança também confere à polícia o poder de impor condições às pessoas que organizam e participam das manifestações.

Segundo a BBC, a Polícia Metropolitana de Londres disse que, no período de abril a julho de 2023, 515 protestos do grupo na cidade tiveram custo de 7,7 milhões de libras à instituição, o equivalente a 23.500 turnos de oficiais. Durante esse período, mais de 270 pessoas foram detidas por causa das manifestações, que incluíram marchas lentas e a interrupção de eventos de grande visibilidade. Além de marcharem nas estradas principais, os ativistas perturbaram eventos como o The Open, o Wimbledon, a Marcha do Orgulho de Londres e o Chelsea Flower Show, apontou a emissora britânica.

O comissário assistente da Polícia Metropolitana de Londres disse que o que o grupo faz não é protesto, é crime - e há uma diferença. "O direito de protestar é fortemente protegido, mas quando você causa perturbações graves deliberadamente, isso se transforma em crime", disse ele à BBC. (Com agências internacionais)

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