Corpo humano se recupera bem de uma viagem espacial, diz estudo

Pesquisadores observaram que quando as pessoas estão no espaço, passam por mudanças no corpo, mas voltam normal três meses depois. Veja o que foi descoberto

Até que ponto viajar ao espaço pode ser prejudicial à saúde? A resposta é fundamental não só para os astronautas que planejam ir à Marte, mas também para uma indústria de turismo espacial disposta a enviar ao espaço qualquer pessoa que possa pagar por isso.

A partir das observações recolhidas durante o primeiro voo orbital totalmente civil, em 2021, pesquisadores de uma centena de instituições prepararam o estudo mais detalhado até o momento sobre os efeitos do espaço na saúde.

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Os dados mostram que o corpo humano passa por várias mudanças quando chega ao espaço, mas a maioria volta ao normal meses após retornar à Terra. Tais alterações ocorrem, pois os corpos são submetidos a uma enorme carga de estresse, desde a exposição à radiação até o efeito desorientador da ausência de gravidade.

Os pesquisadores sabem há décadas que os voos espaciais podem causar problemas de saúde, como perda óssea, problemas cardíacos, de visão e renais.

Até o momento, menos de 700 pessoas viajaram ao espaço, o que significa que o tamanho da amostra é pequeno e os governos muitas vezes relutam em divulgar todas as descobertas.

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Mas os quatro turistas americanos que passaram três dias no espaço durante a missão Inspiration4 tiveram seus primeiros dados divulgados na revista Nature na terça-feira, 11.

Os resultados de suas análises foram comparados com os de outros 64 astronautas, e os pesquisadores descobriram que quando as pessoas estão no espaço, passam por mudanças no sangue, coração, pele, proteínas, rins, genes, mitocôndrias, telômeros, citocinas e outros indicadores.

Mas cerca de 95% de seus indicadores retornaram ao nível anterior três meses depois.

'Amo minha cicatriz espacial'

A principal conclusão é que a maioria das pessoas se recupera rapidamente após um voo espacial, segundo um dos principais autores do estudo, Christopher Mason, da Weill Cornell Medicine.

Mason disse em entrevista coletiva que espera que este estudo, o "exame mais profundo que já tivemos de uma tripulação", ajude os cientistas a entender quais medicamentos ou medidas serão necessários no futuro para ajudar a proteger as pessoas que viajam ao espaço.

A missão Inspiration4, financiada pelo bilionário Jared Isaacman, teve como objetivo demonstrar que o espaço é acessível a pessoas que não passaram anos treinando para ele.

"Amo minha cicatriz espacial", disse a enfermeira Hayley Arceneaux, que teve um fragmento de sua pele enviado para biópsia, bem como inúmeros outros exames médicos.

Um dos estudos descobriu que os telômeros - as extremidades dos cromossomos - dos quatro turistas espaciais se alongaram consideravelmente quando chegaram ao espaço, mas voltaram ao tamanho original meses após retornarem à Terra.

Como os telômeros também se alongam à medida que as pessoas envelhecem, encontrar uma forma de resolver este problema poderia levar à criação de novos produtos para retardar o envelhecimento, disse Susan Bailey, da Universidade do Colorado.

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Missão segura para Marte

A partir dos dados recolhidos, "não há razão para que não possamos ir e voltar a Marte em segurança", disse Mason, acrescentando que provavelmente não será necessário fazer esta viagem muitas vezes devido às altas taxas de radiação.

Um estudo descobriu que ratos expostos à radiação equivalente a 2,5 anos no espaço sofreram danos renais permanentes. "Se não desenvolvermos novas formas de proteger os rins, eu diria que, embora um astronauta consiga chegar a Marte, poderá necessitar de diálise no retorno", afirmou Keith Siew, do London Tubular Centre, principal autor do estudo.

Mas Mason enfatizou que a pesquisa resultou em "boas notícias". Embora não haja dados suficientes para fazer um julgamento definitivo, as astronautas pareciam ser mais tolerantes ao estresse do voo espacial, acrescentou.

"Pode ser devido ao fato de as mulheres terem que dar à luz", o que significa que seus corpos estão mais preparados para grandes mudanças, afirmou Mason.

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