Lula escolhe novo embaixador do Brasil na Ucrânia e Zelenski dá sinal verde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu um novo embaixador para representar o Brasil na Ucrânia. O Itamaraty anunciou nesta quarta-feira, dia 29, que o governo de Volodmir Zelenski concedeu o agrément - uma espécie de aval diplomático - ao nome do embaixador Rafael de Mello Vidal para atuar no país. Ele é atualmente embaixador do Brasil em Angola e exerceu o mesmo cargo no Mali.

O diplomata escolhido por Lula substituirá o embaixador Norton de Andrade Mello Rapesta, que está no cargo desde 2020 e permaneceu após o início da guerra contra a Rússia, com a invasão do país em fevereiro de 2022. Rapesta e a equipe da embaixada chegaram a ser deslocados para Lviv, próximo à fronteira com a Polônia, por cerca de cinco meses, por causa dos confrontos.

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Antes de deixar Luanda e assumir em Kiev, Vidal precisa ser sabatinado e aprovado pelo Senado, para poder ser nomeado por Lula. O Ministério das Relações Exteriores disse que ainda vai encaminhar aos senadores a mensagem com a indicação formal do presidente, dando início aos trâmites burocráticos.

A expectativa é de uma sabatina dura, que discuta de forma mais ampla a política externa do governo Lula para Ucrânia e Rússia e suas contradições.

Lula tem sido visto como um líder global pró-Rússia, inclusive por países aliados. Brasil e Rússia bateram recorde em negócios no ano passado, e o petista também fez uma série de declarações em defesa do presidente russo Vladimir Putin - inclusive uma carta amistosa colocada em sigilo.

Lula colocou-se como possível mediador por meses no ano passado, mas suas propostas não prosperaram. Ele chegou a dizer que a Ucrânia tinha a mesma responsabilidade que a Rússia pela guerra e que deveria ceder terreno na Crimeia para chegar a um acordo de paz. A Ucrânia rejeitou.

Por meses, Lula a Zelenski trocaram provocações por meio de declarações públicas e cobranças e protelaram um encontro pessoal, que ocorreria apenas em setembro de 2023, nos Estados Unidos.

Recentemente, Lula voltou a despachar o assessor especial Celso Amorim para conversas em Moscou. Em seguida, ele foi a Pequim e assinou uma proposta conjunta com a China - principal país aliado de Vladimir Putin - para promover negociações e uma conferência internacional de paz.

No ano passado, o ex-chanceler também esteve em Kiev, a pedido de Lula, uma delas pouco antes de Zelenski enviar como embaixador em Brasília o diplomata Andrii Melnik.

O Itamaraty informou ainda que também receberam o agrément (de acordo) dos respectivos governos onde deverão ser acreditados os futuros embaixadores Colbert Soares Pinto Junior, em Santa Lúcia, Rosimar da Silva Suzano, para a Estônia, e Luciano Mazza de Andrade, para Singapura.

O presidente decidiu exonerar o embaixador Frederico Salomão Duque Estrada Meyer do cargo em Tel Aviv, Israel, e nomeá-lo como representante especial do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, Suíça. Ele não terá substituto por enquanto, o que deixa o País sem embaixador em Israel.

À exceção de Meyer, os três demais embaixadores também dependem de autorização do Senado para assumirem as novas funções.

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