Irã confirma morte de presidente em acidente de helicóptero

Presidente Ebrahim Raisi, o ministro de Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian e outras autoridades estavam na aeronave, totalizando nove pessoas

O governo iraniano confirmou, nesta segunda-feira, 20, a morte do presidente do país, Ebrahim Raisi, e do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, em um acidente de helicóptero no nordeste do país. Ambos estavam em um helicóptero que caiu na tarde do domingo, 19.

O Crescente Vermelho — organização equivalente à Cruz Vermelha em países muçulmanos — confirmou que encontrou os corpos de todos os ocupantes da aeronave pouco tempo após descobrir o local da queda. Não houve sobreviventes.

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O governo iraniano decretou luto oficial de cinco dias. O vice-presidente do país, Mohammad Mokhber, foi apontado pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, para ocupar interinamente o cargo. Pela Constituição iraniana, novas eleições devem ocorrer em 50 dias.

Como foi a queda de helicóptero do presidente do Irã?

O acidente ocorreu quando a comitiva presidencial retornava da inauguração de uma represa na fronteira com o Azerbaijão. Dois helicópteros pousaram em Tabriz, na província do Azerbaijão Oriental, mas a aeronave que transportava Raisi não chegou ao destino.

O trajeto entre o local do evento e Tabriz é uma região montanhosa e de mata densa. No domingo, o tempo fechado, com forte neblina e chuva pesada, reduziu ainda mais a visibilidade na área. O helicóptero onde estava a comitiva presidencial não chegou a enviar pedidos de socorro, indicando a possibilidade de uma falha súbita.

Mais de 70 times de resgate, entre profissionais iranianos, equipes do Crescente Vermelho e auxiliares estrangeiros, participaram da busca, que durou mais de 12 horas. Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes, Iraque, Kuwait, Rússia, Síria e Turquia enviaram especialistas para auxiliar no resgate. A União Europeia forneceu imagens de satélite em tempo real da região.

Morte do presidente do Irã: como fica a política do país?

O Irã é uma das potências regionais do Oriente Médio, sendo o país mais populoso da região, com quase 90 milhões de habitantes. O governo iraniano, que segue uma interpretação extremista da lei islâmica, é crítico à influência ocidental na área, se opondo à interferência dos Estados Unidos e de Israel — que não reconhece como um Estado legítimo.

Com o agravamento da questão palestina após o atentado do Hamas em outubro de 2023 e consequentes ataques israelenses à Faixa de Gaza, o Irã aumentou o tom das críticas. Em abril, Israel atacou o consulado do Irã na Síria, motivando um contra-ataque iraniano dias depois. Outro ataque israelense, desta vez em solo iraniano, escalou as tensões, mas não houve novos embates diretos entre os países desde então.

O presidente do Irã, eleito por voto direto, não é o chefe de Estado do país. Esta função cabe ao chamado líder supremo, cargo com eleição indireta: ele é definido pela Assembleia dos Peritos, órgão composto por chefes religiosos, escolhido a cada oito anos por voto popular. O líder supremo é a maior autoridade religiosa do país e responsável por política externa, forças armadas, e nomear cargos-chave do Judiciário.

Ao presidente cabem as funções de chefe de governo: ele nomeia e comanda a equipe de ministros e o vice-presidente, sanciona leis aprovadas pelo Parlamento, e coordena o Poder Executivo a nível nacional. Ainda assim, a Presidência é o segundo cargo político mais importante do Irã. Raisi, de 63 anos, era ainda cotado para suceder Ali Khamenei, hoje com 85 anos, na posição de líder supremo.

Raisi, eleito em 2021, governaria até o ano que vem e concorreria novamente ao cargo. Com a morte do presidente, novas eleições devem ocorrer em até 50 dias. O vice-presidente Mohammad Mokhber ocupa interinamente a posição até a escolha do sucessor.

Apesar de não definir a política externa do Irã, o presidente é responsável por executá-la, nomeando embaixadores do Irã no estrangeiro e credenciando os enviados diplomáticos de outras nações. Um dos marcos do governo de Raisi foi o aumento do diálogo com países próximos, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes. Ele também estreitou laços com a China, em resposta a sanções dos Estados Unidos.

Devido às limitações da função de presidente, pouco deve mudar na política externa do Irã, a curto prazo, com a morte de Ebrahim Raisi. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse que o governo seguirá "sem perturbações", apesar da morte.

Como repercutiu a morte do presidente do Irã

Após a confirmação da morte de Ebrahim Raisi, a imprensa estatal transmitiu imagens do presidente acompanhadas de músicas religiosas. O governo do país classificou-o de "trabalhador e incansável", e disse que Raisi "sacrificou sua vida pela nação".

Ainda durante as buscas, grupos de pessoas se reuniram em oração em locais públicos de diversas cidades iranianas. Em seu mandato, Raisi visitou no mínimo duas vezes todas as 31 províncias do Irã, tendo um governo focado em questões internas do país.

Líderes internacionais repercutiram o acidente e a morte de Ebrahim Raisi. Recep Erdogan, presidente da Turquia, disse ter "respeito e gratidão" pelo presidente iraniano. Najib Makati, primeiro-ministro do Líbano, decretou três dias de luto oficial no país.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que Raisi foi "um verdadeiro amigo" da Rússia. Governantes de Malásia, Qatar, Iraque, Paquistão, Índia, Venezuela e China, o Conselho Europeu, entre outros, também expressaram pesar pela morte de Ebrahim Raisi.

Com informações da AFP

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