Depois da Alemanha, França nega entrada a médico britânico palestino que falaria sobre Gaza
11:06 | Mai. 04, 2024
Depois de ter sido vetado em abril pela Alemanha, o reitor da Universidade de Glasgow, Ghassan Abu Seita, foi impedido neste sábado (4) de entrar na França, onde iria contar a sua experiência como médico em Gaza, denunciou na rede X.
"Estou no aeroporto Charles De Gaulle. Me impediram de entrar na França. Hoje devo falar perante o Senado francês", escreveu na rede social.
"Dizem que os alemães me proibiram de entrar na Europa durante um ano", acrescentou.
Uma fonte policial confirmou à AFP que um "cartão de proibição da área Schengen [livre circulação europeia]" emitido pela Alemanha o impediu de entrar na França.
Abu Seita já teve a entrada negada na Alemanha em meados de abril, assim como o ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.
Ambos participariam em um "Congresso palestino" em Berlim, suspenso pela polícia uma hora após o início.
As autoridades alemãs justificaram a medida contra Varoufakis pelo seu desejo de "prevenir qualquer propaganda antissemita e anti-israelense".
Em um vídeo transmitido no mesmo dia na rede X, Abu Seita disse que foi proibido de entrar em território alemão durante "todo o mês de abril".
Denunciou também "a repressão à liberdade de expressão na Alemanha", país que, segundo ele, é "cúmplice [do Exército israelense] no silenciamento de testemunhas do genocídio" em Gaza.
Segundo uma fonte do governo francês, se um país membro do espaço Schengen marcar uma pessoa como "não admissível" no sistema de informação, ela não está autorizada a entrar em nenhum país da zona de livre circulação.
Ghassan Abu Seita, que passou 43 dias na Faixa de Gaza, incluindo no hospital Al Shifa, deveria participar de um seminário no Senado francês, organizado pela deputada ambientalista Raymonde Poncet Monge.
O Senado, como instituição, não organizou o evento, mas os grupos políticos são livres para convocar as conferências que desejarem.
As forças israelenses se retiraram no início de abril do hospital Al Shifa, onde disseram ter lutado contra combatentes palestinos durante uma operação de duas semanas.
Uma missão liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) informou em 6 de abril que a operação israelense reduziu o complexo a cinzas e que o cerco deixou "uma concha vazia" com muitos corpos.
Dt-sl-amb/jf/sag/eg/aa