Conheça os Bajau, povo geneticamente adaptado para "viver" no fundo do mar

Conhecidos como "nômades do mar", o povo bajau pode ficar por volta de 10 minutos debaixo d'água e mergulham até 70 metros de profundidade no mar; entenda

Se você fosse participar de uma disputa para descobrir quem segura a respiração debaixo d’água por mais tempo, sem sombra de dúvidas perderia caso competisse com o povo bajau, uma tribo nômade do sudeste asiático que ficou mundialmente conhecida por ficar, facilmente, até 10 minutos prendendo a respiração.

Os bajau vivem principalmente na Indonésia, Filipinas e Malásia. Também conhecidos como “nômades do mar”, eles vivem da coleta de crustáceos no oceano. Estima-se que sua população é de 1,2 milhões de pessoas 

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Durante mais de mil anos a tribo percorreu os mares da região asiática tendo como fonte de subsistência a pesca em mergulho livre.

Tribo da Ásia que pode ficar até 10 minutos debaixo d'água passa 60% do tempo no mar

Com capacidade extraordinária de ficar até 10 minutos segurando a respiração e mergulhando em profundidades de cerca de 70 metros sem necessitar do suporte de equipamentos, eles passam 60% do seu tempo trabalhando diariamente debaixo d’água. Essa submersão é feita apenas com um conjunto de pesos e um par de óculos de madeira.

A explicação para ficar tanto tempo sem respirar? Adaptação e seleção natural. Um estudo, divulgado na revista científica Cell em 2018, mostrou que a capacidade de mergulho dessa população se dá porque eles desenvolveram baços maiores ao longo do tempo.

A princípio, essa característica poderia ser atribuída ao condicionamento físico dos mergulhadores, entretanto, foi identificado no estudo que o tamanho do órgão não variava entre quem mergulhava e quem não mergulhava na tribo.

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Em comparação com outras etnias vizinhas, como os Saluans, por exemplo, que diferentemente dos nômades do mar, não vivem da pesca em mergulho livre, o tamanho do baço do povo Bajau era 50% maior.

Tal característica pode ser vista em mamíferos marinhos aquáticos, que têm baço maiores em comparação a outras espécies.

Confira galeria de fotos do povo bajau, que pode ficar até 10 minutos debaixo d'água

 

Qual a relação do baço com prender a respiração por vários minutos?

O baço é um órgão do tamanho de um punho, de aparência esponjosa e macio, localizado na parte superior esquerda do abdômen. Ele é responsável por filtrar microrganismos do sangue e produzir células de defesa, ajudando na defesa do organismo contra infecções.

Quando submergimos a cabeça na água e prendemos a respiração, nosso corpo reage imediatamente. A frequência cardíaca diminui, os vasos sanguíneos das extremidades reduzem de tamanho para preservar o sangue oxigenado dos órgão vitais e há uma contração do baço.

"O baço é um reservatório de glóbulos vermelhos oxigenados e que, por isso, quando é contraído, dá à pessoa um reforço de oxigênio. É como um tanque de mergulho biológico", conta Melissa Ilardo, autora principal do estudo pela Universidade de Copenhague, da Dinamarca, em entrevista à BBC.

Pesquisa revela que a tribo bajau sofreu adaptações associadas o tamanho do baço e o tempo de mergulho

Ao todo, 59 indivíduos bajau participaram da pesquisa, com a coleta de saliva para medições de DNA. Além disso, foi utilizada uma máquina portátil de ultrassom para estudar o baço de cada participante. Para comparação, 34 pessoas da tribo Saluan, que tem pouca ligação com mergulhos, integraram o estudo.

O resultado do estudo revelou que existem cerca de 25 diferenças do genoma dos bajau em comparação com o outro grupo estudado. Um deles é o PDE10A, que está associado ao aumento do tamanho do baço do povo estudado.

"Os nossos resultados sugerem que os Bajau sofreram adaptações únicas associadas ao tamanho do baço e à resposta ao mergulho, acrescentando novos exemplos à lista de adaptações genéticas notáveis que os humanos experimentaram na história evolutiva recente", conclui o estudo.

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