Papa Francisco preside missa em Veneza, sua primeira viagem em meses
O papa Francisco presidiu neste domingo (27) uma missa para 10.000 pessoas em Veneza na qual alertou para o impacto do turismo de massa sobre o meio ambiente, em sua primeira viagem em sete meses devido a seu estado de saúde delicado.
O pontífice de 87 anos mostrou disposição e cumpriu uma agenda intensa, poucas semanas após sofrer um episódio de fadiga que gerou preocupação durante a Semana Santa.
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Depois de visitar uma prisão para mulheres, o papa seguiu para a Praça de São Marcos de Veneza em uma embarcação que navegou pelo Grande Canal escoltada por vários gondoleiros.
Jorge Bergoglio destacou a "beleza encantadora" de Veneza e mencionou os "vários problemas que a ameaçam", incluindo a mudança climática, "a fragilidade de seu patrimônio cultural" e o turismo de massa.
"Veneza está unida às águas sobre as quais está assentada e, sem o cuidado e a proteção deste ambiente natural, poderia até deixar de existir", alertou durante a homilia.
A visita do papa coincide com a recente entrada em vigor em Veneza da cobrança de uma taxa de entrada de 5 euros (5,35 dólares, 27 reais) para os turistas que visitam a cidade por um dia, com objetivo de proteger a localidade, que está na lista de patrimônio da humanidade da Unesco.
Durante a manhã, o papa seguiu de helicóptero até uma prisão para mulheres, na ilha de Giudecca. O local abriga uma exposição de obras de arte promovida pelo Vaticano, parte da 60ª Bienal de Arte Contemporânea de Veneza.
Francisco cumprimentou, uma a uma, as quase 80 detentas, os funcionários administrativos e do sistema penitenciário, assim como os voluntários.
No local, que já foi um convento para mulheres e agora é uma penitenciária para detentas que cumprem sentenças longas, o papa afirmou que "a prisão é uma dura realidade, e problemas como a superlotação, a falta de instalações e recursos e os incidentes violentos geram muito sofrimento".
Porém, ele destacou que a prisão "também pode virar um local de renascimento".
"Coragem, sigam em frente! Não desistam", afirmou o pontífice após receber os presentes produzidos pelas detentas.
Longe dos holofotes e das multidões, a exposição a prisão organizada pela Santa Sé é uma das mais importantes da Bienal e oferece aos visitantes uma experiência imersiva e desconcertante, na qual as obras de arte convivem com o arame farpado.
Chiara Parisi, curadora da exposição, destacou o "espanto e a esperança" das detentas com a visita.
Jorge Bergoglio conversou com os artistas que participam da exposição, reunidos na prisão, e destacou o papel da arte na luta contra "o racismo, a xenofobia, a desigualdade e o desequilíbrio ecológico".
Antes da missa, Francisco discursou para 1.500 jovens na emblemática basílica de Santa Maria della Salute de Veneza, cuja majestosa cúpula domina a entrada do Grande Canal.
"Deixem de lado os seus telefones celulares e sigam ao encontro das pessoas", pediu o papa.
Maela Pellizzato, uma moradora de Veneza de 64 anos que compareceu à Praça de São Marcos para rezar "pela paz no mundo", declarou que a visita é "um momento fundamental" para a cidade.
Depois de um momento de reflexão na Basílica de São Marcos, o pontífice retornou ao Vaticano.
Francisco é o quarto pontífice a visitar a cidade, depois de Paulo VI (1972), João Paulo II (1985) e de Bento XVI (2011).
A história de Veneza está intimamente ligada à do papado. No século XX, três patriarcas de Veneza tornaram-se papas.
Depois da viagem, o jesuíta argentino pretende fazer mais duas ao norte da Itália: Verona em maio e Trieste em julho.
Francisco não viajava desde sua visita a Marselha, no sul da França, em setembro de 2023. Uma bronquite o obrigou a cancelar a viagem a Dubai, em dezembro.
Isto não impediu o Vaticano de anunciar uma ambiciosa viagem papal à Ásia e Oceania em setembro, a viagem mais longa do pontificado de Jorge Bergoglio, um deslocamento que é considerado um ambicioso desafio pastoral e físico.
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