Grupo espanca brasileiros na Irlanda e publica ataques xenofóbicos no TikTok
Nas últimas semanas, ao menos três brasileiros foram alvos de ataques xenofóbicos na Irlanda. Entenda
A comunidade brasileira na Irlanda está abalada por uma série de ataques xenofóbicos e agressões físicas. A cidade de Limerick, no sul da Irlanda, se destaca como o epicentro dessa onda de violência contra imigrantes. Na última semana, ao menos três brasileiros foram atacados por irlandeses.
Os casos mais recentes ocorram na última semana, mas somente ganharam repercussão no Brasil nesta semana. Todos os casos de espancamento de brasileiros estão sendo filmados e divulgados no TikTok.
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A polícia local ainda mas ainda confirmou oficialmente se os autores de tais crimes são de fato os mesmos, contudo, uma das vítimas afirma se tratarem do mesmo trio de irlandeses.
Brasileiros são alvos de série de ataques xenofóbicos na Irlanda
Na última sexta-feira, 12 de abril, dois brasileiros foram agredidos em locais diferentes. Frederico de Lima Costa, de 34 anos, e Mateus Gonzalez Serafim, de 21 anos, sofreram os ataques quando voltavam do trabalho para casa.
As agressões ocorreram em horários e locais próximos, entre 23h30 e 23h50 com um deslocamento de cerca de 100 metros entre os ponto nos quais os ataques ocorreram. Tanto Mateus quanto Frederico foram espancados por três homens com socos no rosto, chutes e ofensas.
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Os dois brasileiros não se conheciam antes e se encontraram pela primeira vez em um posto da Garda, a polícia nacional da Irlanda, ao prestar queixa sobre os crimes.
Cerca de 24 horas após os ataques contra Frederico e Mateus serem registrados, um terceiro brasileiro também foi espancado. Roberto Gomes Júnior, de 33 anos, foi atacado na noite de sábado, 13, por volta das 22h30, também na cidade de Limerick, enquanto voltava para sua casa junto ao irmão.
Consulado brasileiro na Irlanda é acionado após série de ataques xenofóbicos
A polícia de Limerick afirma estar em uma busca incessante para identificar os agressores, que parecem ter como alvo indivíduos de nacionalidade estrangeira, em especial brasileiros. Não há, porém, informações sobre a etapa atual da investigação. A polícia de Limerick afirma apenas estar trabalhando para identificar os suspeitos.
O envolvimento do consulado brasileiro foi solicitado para oferecer suporte aos afetados, enquanto a polícia local tenta desvendar se há motivações xenófobas por trás dos ataques. Enquanto isso, a plataforma de vídeos TikTok tem deletado os vídeos das gravações dos ataques.
Os ataques deixam um clima de medo e insegurança para os brasileiros que vivem em Limerick. A resposta da polícia e a ação consular são vistas como cruciais para restaurar a confiança na segurança da comunidade imigrante na Irlanda.
Quem são os brasileiros agredidos na Irlanda?
Frederico de Lima Costa é de Minas Gerais e foi para Limerick em junho de 2023. Ele trabalha como auxiliar em um restaurante e na noite do ataque, voltava do trabalho pelo mesmo caminho que sempre faz. Ele relata que ao chegar no meio da rua, viu um grupo de três homens e um deles tentou interromper sua caminhada e então o atingiu com um soco na cara.
O brasileiro tentou correr na direção contrária para fugir dos agressores, mas o trio conseguiu alcançá-lo e o derrubou no chão. “Eu caí, bati a cabeça e pensei: agora eu vou morrer, vou ser espancado até a morte”, relata em entrevista ao portal G1.
Frederico não se recorda de como conseguiu escapar. Apenas lembra de ser acudido por outro brasileiro que trabalhava como segurança de um bar, perto do local da agressão. "Pela minha sorte, o funcionário do local era brasileiro", declarou o mineiro.
Já o paranaense Mateus Gonzalez Serafim está em Limerick há um ano e meio, onde trabalha numa loja de colchões. Ele passava próximo da região onde Frederico foi agredido, e afirma ter visto três homens se virando na direção dele quando teria ouvido um deles gritar "faça com esse estrangeiro também".
De acordo com o relato dele, um dos homens o alcançou, impedindo-o de seguir seu trajeto e em seguida, tentou dar um soco na cara do brasileiro. "Eu só tive a reação de virar o rosto, assim, o impacto pegou no meu queixo e eu consegui correr", conta Mateus ao portal G1.
Para além da violência dos ataques, os brasileiros descobriram que as agressões foram gravados e publicados no TikTok. O vídeo havia alcançado cerca de 20 mil visualizações até a manhã de quarta-feira, 17, mas foi deletado pela própria plataforma. A conta que publicou o registro também divulga cenas de infrações de trânsito.
Os dois brasileiros dizem ter ficado perplexos quando descobriram que os agressores filmaram os ataques e os postaram nas redes sociais. “Quando eu vi o vídeo, me senti ridicularizado e comecei a tremer. É uma sensação horrível. Eu não tive coragem de assistir de novo”, afirma Frederico de Lima Costa.
Mateus Gonzalez Serafim afirmou que estava trabalhando no dia seguinte quando recebeu o vídeo em um grupo de amigos. "Eles me perguntaram: 'é você?' E, na hora, comecei a lembrar e entrei em desespero", conta.
Brasileiro é golpeado na cabeça em ataque xenofóbico na Irlanda
Roberto Gomes Júnior, de 33 anos, foi atacado na noite de sábado, 13, por volta das 22h30, também na cidade de Limerick, enquanto voltava para sua casa junto ao irmão. O caso ocorreu cerca de 24 horas após os espancamentos de Frederico e Mateus.
Nascido em Duque de Caxias, Roberto Gomes se mudou para o país europeu há cerca de dois anos. Atualmente, ele está matriculado em um curso de inglês e trabalha meio período na indústria hospitalar da cidade irlandesa.
O brasileiro conta que ao sair do trabalho com o irmão, um homem também interrompeu a caminhada dos dois com uma pergunta: "De onde vocês são?". O carioca e o irmão responderam que são brasileiros e imediatamente, afirma Roberto, o agressor pegou um objeto dentro do casaco e o atingiu na cabeça.
“Tudo aconteceu muito rápido. Eu nem tive tempo de me defender. Não tenho dúvidas de que se tratou de uma agressão racista, porque quando ele (o agressor) percebeu que não éramos irlandeses, disse "Ok" e nos bateu (...) Caí direto no chão e foi então que percebi que estava coberto de sangue. Foi como viver um pesadelo”, disse o brasileiro ao jornal irlandês Irish Times.
Como estavam a poucos metros de casa, conseguiram correr e buscar ajuda. O brasileiro precisou levar seis pontos e, até o momento, segue sem trabalhar para se recuperar do ataque. O irmão não chegou prestou queixa sobre ter sido agredido também.