Irã lançou mais de 300 drones e mísseis, e Israel interceptou 99%; retaliação preocupa

Crise entre Irã e Israel, países com desafetos históricos, elevam as tensões regionais após ataque contra os israelenses. Veja o que se sabe até agora

Israel comemorou neste domingo, 14, sua defesa aérea bem-sucedida diante de um ataque sem precedentes do Irã, afirmando ter frustrado 99% dos mais de 300 drones e mísseis lançados em direção ao seu território.

No entanto, as tensões regionais permanecem altas, diante do medo de uma escalada adicional no caso de um possível contra-ataque israelense.

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Socorristas disseram que apenas uma menina de 7 anos foi gravemente ferida no sul de Israel, aparentemente em um ataque de míssil, embora tenham dito que a polícia ainda estava investigando as circunstâncias de suas lesões.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, postou uma mensagem curta no X (antigo Twitter): "Nós interceptamos. Nós bloqueamos. Juntos, venceremos."

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, também comemorou os resultados, agradecendo aos EUA e outros países por sua assistência. Ele disse que Israel precisa permanecer vigilante e se preparar para qualquer cenário, mas chamou as interceptações de "grande sucesso".

Ataque do Irã foi resposta a bombardeio em consulado

Nas últimas duas semanas, as autoridades iranianas afirmaram a sua vontade de "punir" Israel após a morte de sete membros da Guarda Revolucionária, na destruição do consulado iraniano em Damasco, na Síria, por um ataque atribuído a Israel e ocorrido em 1º de abril.

Israel "receberá um tapa na cara", havia alertado o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.

Desde a revolução de 1979, Israel tem sido o inimigo jurado da República Islâmica, que defende a sua destruição em favor de um Estado palestino.

Mas até agora, o Irã tinha se abstido de atacá-lo frontalmente, preferindo apoiar as ações de outros membros do "eixo de resistência", incluindo o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, em 7 de outubro, o Hezbollah e os rebeldes huthis dispararam quase diariamente contra Israel.

Poucas horas antes do ataque a Israel, o Irã apreendeu no Estreito de Ormuz um navio cargueiro "vinculado" a Israel com 25 tripulantes a bordo.

Os Estados Unidos condenaram este "ato de pirataria" e exigiram que o Irã libertasse imediatamente o navio.

Ataque do Irã é inédito em décadas

O bombardeio do Irã, que acionou sirenes de ataque aéreo por Israel inteiro, foi o primeiro ataque militar direto do Irã a Israel, apesar de décadas de inimizade que remontam à Revolução Islâmica do país em 1979.

Israel, ao longo dos anos, estabeleceu — muitas vezes com a ajuda dos Estados Unidos — uma rede de defesa aérea multicamadas capaz de interceptar uma variedade de ameaças, incluindo mísseis de longo alcance, mísseis de cruzeiro, drones e foguetes de curto alcance.

Esse sistema, juntamente com a colaboração com os EUA e outras forças, ajudou a frustrar o que poderia ter sido um ataque muito mais devastador em um momento em que Israel já está atolado em sua guerra contra o Hamas.

Além disso, o país está envolvido em combates de menor escala em sua fronteira norte com a milícia Hezbollah do Líbano. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são apoiados pelo Irã.

Irã ataca Israel: mais de 300 artefatos foram lançados

O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel, interceptados em sua "grande maioria" sem graves consequências, embora uma base militar tenha sofrido "danos menores", anunciou o Exército israelense.

"O Irã lançou mais de 300 ameaças, e 99% foram interceptadas", disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz militar israelense. "Isso é um sucesso".

"Um certo número de mísseis iranianos caiu em território israelense, causando danos menores a uma base militar, mas sem causar vítimas", acrescentou.

Israel disse que o Irã lançou 170 drones, mais de 30 mísseis de cruzeiro e mais de 120 mísseis balísticos. Na manhã de domingo (noite de sábado no Brasil), o Irã disse que o ataque havia terminado e Israel reabriu seu espaço aéreo.

O chefe das forças armadas iranianas, general Mohammad Bagheri, comemorou que o ataque atingiu "todos os seus objetivos" e deixou fora de serviço um "centro de inteligência e uma base aérea". Os drones iranianos não visaram nenhum centro urbano ou econômico, disse ele.

Defesa de Israel diz ter interceptado maioria dos drones e mísseis do Irã

Segundo Daniel Hagari, "a vasta maioria" dos drones e mísseis lançados pelo Irão foram interceptados, com apoio de aliados.

Em pronunciamento à imprensa, Hagari afirmou que um "pequeno número" deles atingiu o solo e causou danos mínimos.

"Estamos operando com força total para nos defender", disse ele, que acrescentou que a ofensiva ainda não acabou.

Reino Unido promete interceptar eventuais ataques do Irã a Israel

O Reino Unido reposicionou jatos de defesa e aviões-tanque de reabastecimento no Oriente Médio, informou o ministério de Defesa britânico no período da noite deste sábado, 13. Em comunicado, a pasta informou que as aeronaves vão interceptar eventuais ataques aéreos na região.

Segundo o ministério, o país insular europeu está trabalhando com aliados para evitar mais investidas, em resposta à crescente "ameaça" iraniana.

Mídia oficial iraniana diz que ataque a Israel atingiu base aérea de Neguev

O ataque iraniano contra Israel atingiu "com força" uma base aérea no deserto do Neguev, informou uma mídia estatal de Teerã.

"A principal base aérea israelense no Neguev foi um alvo bem-sucedido do míssil Khaibar", indicou a agência de notícias estatal iraniana IRNA, acrescentando que "imagens e dados indicam que a base foi atingida com força". Israel afirmou que sua instalação militar sofreu "danos menores".

Irã se considera vingado e alerta a Israel que não responda

O Irã pediu, neste domingo, a Israel para não reagir militarmente ao ataque.

"O caso pode ser considerado encerrado", anunciou a missão iraniana na ONU em uma mensagem publicada três horas depois do início do primeiro ataque direto contra Israel que o Irã lançou a partir do seu território.

Questionado se Israel responderia, Daniel Hagari disse que o país faria o que fosse necessário para proteger seus cidadãos.

Irã diz que não hesitará em tomar mais ações, se necessário

O Irã advertiu, ainda, que não hesitará em tomar mais ações defensivas para proteger seus interesses, conforme comunicado do ministério de Relações Exteriores do país persa, divulgado neste sábado.

Na nota, o órgão reforçou o compromisso com os princípios da Carta das Nações Unidas, mas salientou que seguirá defendendo "decisivamente" sua soberania e integridade territorial.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, alertou que quaisquer ações "imprudentes" de Israel e dos seus aliados levarão a uma "resposta mais forte" da República Islâmica.

UE condena ataque do Irã contra Israel

O alto representante da União Europeia (UE) para relações estrangeiras, Josep Borrell, condenou "veementemente" o ataque do Irã contra Israel.

"Essa é uma escalada sem precedente e uma grave ameaça à estabilidade regional", escreveu, em publicação no X (antigo Twitter).

Potências europeias vem apoiando os esforços israelenses para evitar o impacto de mísseis iranianos.

Segundo o The Wall Street Journal, a França mobilizou navios para defender Israel dos ataques.

Lula se manifesta após ataque do Irã

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou condenar publicamente o ataque do Irã a Israel. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que acompanha "com grave preocupação" o ataque de drones do Irã a Israel.

O governo brasileiro fez um apelo "a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção", para "evitar uma escalada" do conflito, mas não criticou a ação iraniana. No mundo, líderes dos principais países ocidentais condenaram o ataque.

"O Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria”, diz o texto do Itamaraty.

“Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã".

"O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada", diz a nota, recomendando ainda que sejam evitadas viagens "não essenciais" à região.

O MRE pede ainda aos brasileiros que já estão no oriente médio que "sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras".

Irã alerta EUA para ficar de fora de conflito com Israel

O Irã advertiu os Estados Unidos neste domingo (noite de sábado em Brasília) para "ficarem de fora" de seu conflito com Israel.

"A ação militar do Irã foi em resposta à agressão do regime sionista contra nossas instalações diplomáticas em Damasco", disse a missão permanente do Irã na ONU.

"Caso o regime israelense cometa outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa", disse. "É um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os EUA DEVEM FICAR DE FORA!"

Trump diz que ataque do Irã a Israel mostra a “fraqueza” dos EUA

O ataque com drones lançado pelo Irã contra Israel demonstra a "grande fraqueza" dos Estados Unidos sob o governo do democrata Joe Biden, afirmou Donald Trump, o candidato republicano às eleições de novembro.

"Deus abençoe o povo de Israel. Eles estão sendo atacados agora mesmo. É porque mostramos uma grande fraqueza", declarou o ex-presidente em um comício na Pensilvânia.

Irã ataca Israel: Biden busca solução diplomática

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que convocaria uma reunião do G7 (as sete maiores democracias) ainda neste domingo "para coordenar uma resposta diplomática unida ao ataque descarado do Irã".

A linguagem indicou que a administração Biden não quer que o ataque do Irã se transforme em um conflito militar mais amplo.

(Com informações das agências Estado e AFP)

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