França pede mobilização geral para evitar caos no transporte durante as Olimpíadas
08:11 | Abr. 13, 2024
Medalhas para os atletas, recordes de distância a pé para os demais? Para evitar o caos nos transportes durante os Jogos Olímpicos de Paris-2024, as autoridades francesas pediram aos moradores da Cidade Luz para fazer trabalho remoto, "tirar a bicicleta" de casa ou caminhar.
"Não se deve ter medo de caminhar um pouco. Faz bem para a saúde", afirmou a presidente da região de Paris, Valérie Pécresse, provocando a indignação de cidadãos acostumados a um transporte público saturado e com problemas.
As dúvidas pairam sobre o transporte dos espectadores na turística capital francesa, sobretudo quando estes serão os primeiros Jogos da história a proibir o acesso de veículos às instalações olímpicas.
As autoridades asseguram, no entanto, que estão preparadas para receber o público de cerca de sete milhões previsto durante os Jogos Olímpicos, especialmente em Paris e região, entre 26 de julho e 11 de agosto.
O plano da IDFM, a entidade regional dos transportes presidida por Pécresse, prevê milhares de linhas especiais, assim como o reforço da maioria das linhas de metrô e ferroviárias que atendem os arredores da capital, com 15% a mais de trens, em média, em comparação com um verão normal.
Para a presidente regional, a rede está em condições de atender tanta gente quanto em um dia útil de inverno no hemisfério norte, mas com picos repentinos. Em 28 de julho e 2 de agosto, deveriam ultrapassar meio milhão de espectadores.
Algumas linhas de metrô e trens verão a frequência das composições disparar.
A linha 9, que atende os estádios Parque dos Príncipes e Roland Garros, registrará 61% a mais de frequência de metrô, e o serviço de trens RER C, que enfrenta problemas constantes, terá 71% a mais durante as competições em Paris.
E os espectadores poderão contar especialmente com uma ampliação da linha 14 do metrô, que ligará o aeroporto de Orly, ao sul de Paris, a Saint-Denis, um dos locais olímpicos ao norte da capital.
Mas apesar dos meios mobilizados, as autoridades pedem que aqueles que puderem, evitem usar o transporte público durante o período olímpico.
"Talvez tenha chegado o momento de tirar a bicicleta", afirmou o ministro dos Transportes, Patrice Vergriete. As autoridades preveem, ainda, 3.000 bicicletas de autosserviço e disponibilizaram, assim, cerca de 400 km de ciclofaixas.
O governo também lançou o site anticiperlesjeux.gouv.fr para que os usuários dos transportes possam identificar seu trajeto e antecipar as restrições à circulação.
Os motoristas deverão evitar as áreas fechadas ao tráfego e levar em conta os engarrafamentos nas "faixas olímpicas", reservadas às pessoas credenciadas.
David Juin, da direção regional de rodovias Dirif, mostra-se "bastante confiante" no bom funcionamento porque durante os meses de verão no hemisfério norte a circulação é menor.
Em 2012, as autoridades britânicas conseguiram reduzir o trânsito em 15% durante os Jogos de Londres.
A Dirif também prevê informar os usuários através de seu aplicativo "Sytadin", da rádio 107.7 FM e de painéis luminosos sobre as rodovias. Também prevê pôr em alerta centenas de agentes para intervir rapidamente em caso de problemas.
A empresa gestora dos aeroportos de Paris, ADP, não espera um aumento importante do tráfego em relação a um verão normal - 200.000 passageiros por dia no Charles de Gaulle e 100.000 em Orly -, mas também se prepara para o evento.
As delegações de atletas contarão com atenção especial. "As infraestruturas estão prontas", entre elas 15 novas linhas de inspeção de valises, explica Edouard Arkwright, diretor-geral-executivo da ADP.
Mas terão que enfrentar dois períodos críticos.
Na noite de 26 de julho, será proibido sobrevoar Paris em um raio de 150 km por causa da cerimônia inaugural dos Jogos, prevista nas margens do Sena.
Os aeroportos também estarão sob tensão entre 48 e 72 horas depois da cerimônia de encerramento, quando grande parte dos atletas e dos espectadores voltarão para seus países.
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