Famílias de presos palestinos sem notícias dos detidos desde 7 de outubro
As famílias dos presos palestinos detidos por Israel não têm notícias sobre eles ou sobre as difíceis condições de detenção desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro.
Todas as sextas-feiras, a emissora de rádio Ajyal transmite "Mensagens para os presos", programa no qual dezenas pessoas falam com seus parentes nas prisões.
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Às vezes a mensagem é apenas um soluço reprimido, com frequência crianças falam e quase sempre a conclusão é a mesma: "Esperamos que você ouça estas palavras".
O programa dura mais de uma hora devido ao número de mensagens recebidas após as ondas de detenções desde o início da guerra em Gaza entre Israel e o movimento palestino Hamas, desencadeada pelo ataque do grupo islamista em 7 de outubro.
Segundo as associações de defesa dos detentos palestinos, o número de prisioneiros subiu de 5.200 antes de 7 de outubro para 9.000.
As acusações incluem organização de ataques, assassinato ou incitação à violência pelas redes sociais, entre outras.
"Recebemos mensagens de todos os cantos, de pessoas preocupadas porque não têm notícias dos parentes presos", explica Walid Naser, diretor de redação da rádio, que tem sede em Ramallah, na Cisjordânia, onde fica o governo da Autoridade Palestina.
Depois do ataque do Hamas, as autoridades penitenciárias israelenses anunciaram "estado de emergência" nas penitenciárias, o que inclui o endurecimento das condições de detenção para os palestinos.
O Clube dos Prisioneiros, uma ONG palestina que registra os detidos nos territórios ocupados por Israel da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, afirma que as visitas às penitenciárias dos representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também foram interrompidas.
O CICV não faz comentários.
Em teoria, os detentos não têm acesso a aparelhos de rádio. Mas a Ajyal espera que alguns consigam, apesar das restrições.
"Meu irmão está preso há 22 anos e os últimos três meses foram os mais difíceis para todos nós", explica Ihsan Kamal, cujo irmão Saed foi condenado a 38 anos de prisão por um ataque contra israelenses.
"Meus pais o visitavam uma vez por mês, mas agora não temos nenhuma notícia e ouvimos que a situação é terrível nas prisões", acrescenta.
As condições de detenção pioraram, segundo várias organizações de defesa dos direitos humanos, que se baseiam em informações fornecidas pela administração penitenciária e em relatos dos prisioneiros libertados desde 7 de outubro e que denunciaram maus-tratos.
As organizações afirmam que ao menos nove palestinos morreram em detenção desde o início da guerra em Gaza, desencadeada por um ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel, quando mais de 1.160 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Na Faixa de Gaza, a ofensiva do Exército israelense matou mais de 29.600 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa este território palestino desde 2007.
Israel declarou que impôs "estado de emergência nas penitenciárias para evitar que os detentos coordenem ataques de dentro das prisões".
Em resposta aos pedidos da Associação dos Direitos Civis de Israel (ACRI), o Supremo Tribunal anunciou que os juízes visitarão as prisões onde os palestinos estão detidos, como é seu direito. Mas desde então não divulgou qualquer informação.
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