Brasil recebe Blinken em meio à controvérsia entre Lula e Israel
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chega nesta terça-feira (20) ao Brasil, que está mergulhado em uma crise diplomática com Israel depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a guerra em Gaza com o Holocausto.
Blinken chegará à Brasília no final do dia para o início de uma viagem que também o levará à Argentina. Na capital, se reunirá nesta quarta-feira com Lula e a expectativa é que a conversa seja intensa.
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No domingo, o presidente Lula acusou Israel de cometer um "genocídio" contra os palestinos na Faixa de Gaza e comparou a ofensiva israelense com o extermínio dos judeus pelos nazistas.
Israel, que recebe apoio militar e diplomático dos Estados Unidos, declarou-o "persona non grata".
Essas são as declarações mais duras de Lula sobre a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas.
Na sexta-feira, autoridades americanas já previam uma "conversa dinâmica" entre Blinken e Lula, em um momento no qual o Brasil detém a presidência rotativa do G20.
O secretário de Estado também participará de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, entre quarta e quinta-feira, no Rio de Janeiro, na qual também deve estar presente seu par russo, Sergei Lavrov.
Oficialmente, nenhuma reunião entre os dois está prevista, e parece improvável devido ao tumulto causado pela morte na prisão, na sexta-feira, do opositor russo Alexei Navalny.
Desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, Blinken se reuniu apenas uma vez com Lavrov.
É a primeira visita de Blinken como secretário de Estado ao país. As relações entre os Estados Unidos e o Brasil melhoraram desde o retorno de Lula ao poder em 2023, que sucedeu Jair Bolsonaro, próximo do republicano Donald Trump.
O presidente brasileiro já visitou Washington para se encontrar com seu homólogo, o democrata Joe Biden.
Os dois líderes compartilham objetivos na luta contra as mudanças climáticas, na defesa dos direitos dos trabalhadores e nos valores democráticos, mas há muitos outros temas que os separam, começando pela Ucrânia.
Lula se opõe à política de isolamento da Rússia adotada por Washington desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, por considerar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e os países do Ocidente compartilham responsabilidade pela guerra.
Outro ponto de discórdia é a Venezuela: Lula permanece em silêncio, ao contrário dos americanos, diante dos obstáculos para que alguns candidatos opositores ao presidente Nicolás Maduro participem das eleições previstas para o segundo semestre deste ano.
O Brasil tem "importantes laços e conexões com as autoridades de Maduro e é capaz de lhes enviar mensagens-chave", declarou na sexta-feira o secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols.
Também se espera que Blinken fale com alguns países sobre o apoio ao Haiti, que enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança, em um momento em que a comunidade internacional tem dificuldades para formar uma força policial multinacional sob os auspícios do Quênia.
O governo Biden compreendeu, após um ano do mandato de Lula, que eles "podem ser bons amigos, aliados às vezes", mas não sempre, afirmou Bruna Santos, diretora do Brazil Institute do Wilson Center.
Segundo Santos, os brasileiros consideram que o governo Biden tem pouco interesse na América Latina. "Há uma sensação de que esse relacionamento não está à altura de seu potencial", disse.
Na Argentina, Blinken se encontrará nesta sexta-feira com o presidente ultraliberal Javier Milei, frequentemente comparado a Trump.
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