Natal: o que acontece em países que não celebram ou consideram a dataum crime?
O Natal apresenta variações ao redor do mundo e chega a ser considerado crime em diversos países do mundo; confira o que acontece em países que não celebram a dataCelebrado no dia 25 de dezembro, o Natal é um dos principais datas festivas do calendário gregoriano e cristão, juntamente com o Ano-Novo e a Páscoa. Mesmo sendo um feriados mais famosos do mundo, o Natal não é celebrado por parte da população global. Na realidade, em alguns países comemorar o feriado é considerado crime.
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O Natal, da forma que é celebrado hoje, celebra o nascimento de Jesus. Segundo relatos presentes no Novo Testamento Conjunto de livros considerados sagrados por adeptos de religiões cristãs. Descrevem momentos da vida de Jesus, o ministério e cartas dos Apóstolos e o livro de Revelação, ou Apocalipse.
, o fato ocorreu na cidade de Belém, na atual Cisjordânia, durante a época de dominação do Império Romano sobre a Judeia.
Celebrar o fim do jejum: Qual a relação do Islamismo com o Natal?
Grande parte dos países do norte da África e do Oriente Médio têm como religião oficial o Islamismo. Fundada por Maomé, na região da Península Arábica, no começo do século VII, o Islã tem como livro sagrado o Corão Livro que contém registros da palavra de Allah revelada a Maomé por um período de 23 anos.
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Os adeptos da religião creem em Jesus como um profeta enviado por Allah (Deus), mas, ao contrário dos cristãos, rejeitam sua identidade de redentor dos pecados da humanidade.
Ao invés do Natal, o Islã tem um outro feriado, o Eid al-Fitr, a “Celebração do fim do jejum”. A data ocorre após o fim do Ramadã, nono mês do calendário islâmico. Nesse dia, os muçulmanos costumam vestir suas melhores roupas, trocam presentes e participam de banquetes com familiares e amigos.
Durante o Ramadã, os quase 1,5 bilhão de muçulmanos praticam jejum de refeições e até de atividades sexuais entre o nascer e o pôr do sol. Em 2024, o mês do jejum ocorrerá entre 10 de março e 8 de abril, com o Eid al-Fitr entre os dias 9 e 10 de abril.
Lua cheia na festa da iluminação: Como é o Natal na Ásia?
Nos países do leste e sudeste da Ásia, como Índia, Vietnã e Mongólia, grande parte das pessoas são adeptas do Budismo, portanto não celebram o Natal.
A religião originou-se na Índia, entre os séculos 6 e 4 antes de Cristo, a partir da iluminação de Siddhartha Gautama Um príncipe do sul do Nepal que renunciou às suas riquezas e ao trono em busca do fim do sofrimento humano e de todos os seres. Viveu aproximadamente entre os anos de 563 a.C. e 483 a.C.
, ao alcançar o “Nirvana” (extinção das paixões e desejos) e se tornar o Buda. O termo “Buda” significa “iluminado”.
Os adeptos do Budismo também não acreditam em Jesus como uma divindade, mas o consideram um “ser iluminado movido de grande compaixão”, que em sânscrito significa “Bodhisattva”. De acordo com a crença budista, essas pessoas alcançam a iluminação mas decidem permanecer na Terra para ajudar os outros seres.
Na Tailândia, país cujo a religião oficial é o Budismo, a principal festa é a “Visakha Bucha”, onde se comemora o nascimento, iluminação e morte de Buda. A data é celebrada em um dia de lua cheia no mês de maio. Em 2024, o Visakha Bucha será entre os dias 22 e 23 do referido mês.
Comemorar o Natal é crime? Conheça os países onde celebrar a data é crime
Com risco de pena de até cinco anos de prisão, Brunei instituiu a proibição total do Natal. O país localizado no sudoeste asiático é governado desde 1967 pelo sultão Hassanal Bolkiah, um dos homens mais ricos do mundo. Segundo a Forbes, o sultão acumula uma fortuna avaliada em mais de R$ 140 bilhões.
Sob a justificativa de que o Natal “prejudica a religião islâmica”, que é o credo oficial do país, Bolkiah proibiu todas celebrações natalinas no país em 2014.
Seguindo o exemplo de Brunei, ainda em 2015, o governo do Tajiquistão O país da antiga União Soviética tem mais de 9 milhões de habitantes e é governado desde 1992 por Emomali Rahmon, que está em seu 5º mandato consecutivo.
determinou a proibição de uma série de artigos natalinos, como árvores e ceias de Natal, fogos de artifício e troca de presentes.
No mesmo ano, a Somália A Somália é um país localizado na região do chifre da África e é governado por Hassan Sheikh Mohamud desde 2022. Tem uma população de mais de 12,5 milhões de pessoas.
proibiu o Natal integralmente argumentando que a data, assim com o Ano-Novo, não tem nenhuma ligação com o Islã, religião de quase 98% dos habitantes do país.
Nessas três nações, os dias 24 e 25 de dezembro são como qualquer outro dia do ano.
Uruguai aboliu o Natal do calendário oficial do país há mais de um século
A não comemoração do Natal está comumente associada a países que vivem sob regimes totalitários ou que tenham uma outra religião oficial que não seja o cristianismo. Ainda assim, uma democracia da América do Sul aboliu a celebração, assim como outros feriados de cunho religioso, há mais de um século.
O Uruguai No Uruguai, a separação entre igreja e estado se deu entre o fim do século 19 e o início do século 20.
não considera o Natal, o Dia de Reis e a Páscoa como feriados no calendário oficial do País desde 1919. Ao invés do significado ligado à religião, a nação instituiu outras datas para serem celebradas.
Assim, com a separação total entre Estado e Religião, no Uruguai, o Natal deu lugar ao Dia da Família; o Dia de Reis virou o Dia da Criança; ao invés da Semana Santa, comemora-se a Semana do Turismo.
Contudo, é importante ressaltar que no Uruguai não há proibições de culto e a liberdade religiosa é um direito assegurado pela constituição.
Dessa forma, mesmo com outro nome, o Natal no Uruguai segue tradições semelhantes às do Brasil. As ruas são decoradas com luzes e as famílias se reúnem para a tradicional ceia no dia 24 de dezembro.
Troca de socos sem perder a amizade? O festival Takanakuy, no Peru, promove a paz entre amigos e familiares por meio de duelos no Natal
Na região de Cusco, no Peru, existe um costume inusitado na época de Natal. Em resumo, a celebração é marcada por uma “lavagem de roupa suja”, onde pessoas trocam socos com o objetivo de promover a paz.
O Takanakuy Nos últimos anos, o Takanakuy também tem acontecido nos arredores de Lima e Arequipa, as duas maiores cidades do Péru.
, que traduzido do quéchua significa “troca mútua de socos”, é um festival onde pessoas “caem na porrada”, seja por honra, por esporte ou até para resolver problemas próprios ou de família.
É comum que os participantes consumam bebidas alcoólicas antes e depois das lutas, a fim de amenizar as dores dos golpes. O ápice do festival Takanakuy é no dia 25 de dezembro.
Como regra, todos os embates devem começar e/ou terminar com um abraço entre os dois oponentes. Desta forma, após o “acerto de contas”, os membros da comunidade começam o novo ano em paz.
A festa da rededicação: Como os judeus vivem o Natal?
Apesar de não negarem a existência de Jesus, os judeus não mantêm qualquer relação de divindade para com ele. Portanto, não celebram o Natal.
O feriado mais importante para os judeus é o Hanukah, que também acontece em dezembro. A festa se originou em épocas anteriores à vida de Jesus, quando a Judéia estava sob domínio do Império Selêucida, atual região da Síria.
Durante a domínio selêucida sobre a Judeia, práticas religiosas judaicas foram proibidas e o templo foi profanado. Sob a liderança de Judas Macabeu, os judeus conseguiram reconquistar Jerusalém e rededicar o templo em 164 a.C.
Assim, o festejo acontece para celebrar essa rededicação do templo de Jerusalém após a revolta dos Macabeus.
No Hanukah, é comum que as escolas fechem. As famílias se reúnem para acender o menorá Um candelabro que pode ter sete ou nove braços. O menorá de nove braços é chamado de "hanukiá", que deve ser acendido durante o Hanukah, sempre da esquerda para a direita. , e as comidas mais populares são o iatkes, um tipo de bolinho frito feito com batata, e sufganiyot, um pão frito similar ao sonho, mas recheado com geleia.
Em 2023, o Hanukah foi comemorado entre os dias 7 e 15 de dezembro. O próximo ocorrerá entre 25 de dezembro de 2024 e 2 de janeiro de 2025.
Testemunhas de Jeová comemoram o Natal?
Com quase 910 mil membros, o Brasil abriga a segunda maior comunidade de Testemunhas de Jeová do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Para os fiéis dessa religião, apesar de sua firme crença em Jesus Cristo, os Testemunhas de Jeová não celebram o Natal devido à origem pagã do feriado.
Em Roma, nos primeiros séculos da era comum, a principal festa de fim de ano era a Saturnália, em homenagem ao deus romano Saturno. A festa ocorria inicialmente por volta do dia 17 de dezembro, mas sua popularidades fez com que a celebração fosse estendida até o dia 23 do mesmo mês.
No ano 313, o imperador de Roma, Constantino 1º, permitiu que os cristãos realizassem seus cultos sem qualquer censura. Entre 10 e 40 anos depois da decisão de Constantino, o papa Júlio I fixou, oficialmente, o dia 25 de dezembro como data oficial para a celebração do nascimento de Jesus e como uma das festas do Império Romano, em substituição à Saturnália.
É por causa dessa alteração no calendário e a incorporação, ao longo dos anos, de outros elementos da festa pagã, que a comunidade de Testemunhas de Jeová, não celebra a data.
Livres para celebrar (se quiserem)
A constituição brasileira de 1891 definiu a separação entre igreja e estado. Assim, há mais de 130 anos o Brasil é um país laico, sem uma religião oficial.
Porém, a liberdade de culto e de adoração é permitida e assegurada conforme o artigo 5º, inciso 6 "E inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias" da Carta Magna de 1988. Logo, todos são livres para comemorar, ou não, o Natal como festa religiosa e todos os demais festejos de todas as religiões.