Israel, acusado de submeter população à fome, continua bombardeando Gaza

Novos bombardeios israelenses deixaram dezenas de mortos na Faixa de Gaza, anunciou o Hamas nesta segunda-feira (18), ao mesmo tempo que o governo de Israel foi acusado por uma ONG de submeter deliberadamente à fome a população do território palestino cercado.

Apesar da indignação internacional com o número elevado de vítimas civis, o Exército israelense prossegue com os bombardeios contra o território palestino, que está à beira de uma catástrofe humanitária, como resposta ao ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

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A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou o governo israelense de utilizar "a inanição de civis como método de guerra na Faixa de Gaza ocupada, o que constitui um crime de guerra". Israel reagiu e acusou o grupo de ser uma "organização antissemita e anti-israelense".

"As forças israelenses bloqueiam deliberadamente o fornecimento de água, alimentos e combustível, ao mesmo tempo que impedem intencionalmente a ajuda humanitária, arrasando aparentemente zonas agrícolas e privando a população civil de objetos indispensáveis para sua sobrevivência", afirmou a HRW.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve votar nesta segunda-feira uma nova resolução para pedir um "cessar-fogo urgente e duradouro das hostilidades" em Gaza, 10 dias após o veto dos Estados Unidos, que nos últimos dias demonstrou preocupação com o elevado número de vítimas civis.

O secretário de Estado americano, Lloyd Austin, viajou nesta segunda-feira a Israel.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo violento ataque do Hamas em 7 de outubro, quando os combatentes do movimento islamista mataram 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, e sequestraram quase 250, segundo as autoridades. Atualmente, 129 reféns permanecem retidos em Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território palestino, afirma que mais de 19.453 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram na ofensiva de Israel.

A pasta anunciou que 110 pessoas morreram nas últimas 24 horas nos bombardeios israelenses em Jabaliya, no norte de Gaza.

No sul, as nuvens de fumaça eram observadas em Khan Yunis após os ataques israelenses.

Quase 1,9 milhão de moradores de Gaza, 85% da população, foram deslocados e enfrentam escassez de alimentos, água, combustível e remédios devido ao cerco "total" de Israel, imposto desde 9 de outubro.

A ajuda internacional, cuja entrada está sujeita a autorização israelense, chega a Gaza a conta-gosta. O governo israelense anunciou nesta segunda-feira que 122 caminhões entraram no território no dia anterior a partir do Egito pela passagem fronteiriça de Rafah, e outros 79 pela passagem de Kerem Shalom, que Israel aceitou abrir em virtude de um acordo com os Estados Unidos.

Um jornalista da AFP indicou que dezenas de caminhões entraram nesta segunda-feira por Kerem Shalom.

Vários hospitais foram afetados pelos combates, apesar da presença de pacientes e deslocados. Israel acusa o Hamas de utilizar os centros de saúde como bases, o que o movimento islamista nega.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou no domingo que está "consternada com a destruição real" do hospital Kamal Adwan, onde as forças israelenses executaram uma operação de vários dias contra o Hamas antes da retirada.

No pátio do hospital, os palestinos caminhavam entre os escombros, em busca de cadáveres.

O hospital Al Shifa, da cidade de Gaza, o mais importante do território, e o hospital Nasser, em Khan Yunis, o maior do sul, foram alvos de ataques no domingo e nesta segunda-feira, segundo o Hamas.

Apesar da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que é necessário "manter a pressão militar" para acabar com o Hamas.

O Exército informou que 126 soldados morreram na Faixa de Gaza desde o início das operações terrestres em 27 de outubro.

Na sexta-feira, três reféns que tentavam escapar do cativeiro onde estavam, em poder do Hamas, foram mortos supostamente "por erro" das forças israelenses, que teriam os confundido com combatentes palestinos.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou nesta segunda-feira a "terrível falta de distinção da operação militar de Israel em Gaza". "Isto tem que parar. Uma pausa humanitária é necessária com urgência", acrescentou.

O Catar, principal mediador entre Israel e o Hamas, ao lado do Egito e dos Estados Unidos, afirmou que prossegue com "esforços diplomáticos para restabelecer uma pausa humanitária".

Um membro do Hamas declarou que as condições "são claras: um cessar-fogo total, a retirada dos tanques das cidades, a abertura da rodovia entre norte e sul, o fim do cerco, a entrada normal de ajuda em toda Gaza, sem restrições".

A trégua estabelecida no mês passado permitiu a libertação de 105 reféns sob poder do Hamas e de grupos aliados, 80 deles israelenses, em troca de 240 palestinos detidos em Israel.

O conflito em Gaza também provocou o aumento da violência na Cisjordânia ocupada por Israel, onde mais de 300 palestinos morreram após tiros das tropas israelenses ou ataques de colonos, segundo a Autoridade Palestina.

O Ministério da Saúde anunciou que quatro pessoas, incluindo dois adolescentes, morreram nesta segunda-feira depois que foram atingidos por tiros israelenses no campo de refugiados de Al Fara, no norte do território.

No Mar Vermelho, rebeldes huthis do Iêmen reivindicaram um novo ataque contra duas embarcações "vinculadas" a Israel, segundo eles.

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