Israel e Hamas intensificam combates em Gaza antes de votação na ONU

As tropas de Israel e os integrantes do Hamas intensificaram nesta sexta-feira (8) os combates na Faixa de Gaza, antes de uma votação do Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo da guerra que em pouco mais de dois meses reduziu a escombros o pequeno território palestino.

O Exército israelense expandiu nesta semana as operações para o sul, onde há quase dois milhões de civis deslocados, dos cerca de 2,4 milhões de habitantes do território.

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Os combates se concentram atualmente em Khan Yunis, a maior cidade do sul da Faixa, assim como na zona norte, na Cidade de Gaza e em Jabaliya.

No norte de Khan Yunis, os bombardeios arrasaram o bairro de Al Katiba, constatou um correspondente da AFP.

"Estávamos em uma zona considerada segura (...) Depois do bombardeio, ouvimos gritos", relatou Mohamed Jaarar, morador de Khan Yunis.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, grupo que governa o território, a ofensiva israelense deixou 17.487 mortos, a maioria mulheres e menores de 18 anos.

Israel prometeu aniquilar o movimento islamista, considerado terrorista por Estados Unidos e União Europeia, após o ataque que deixou 1.200 mortos e 240 reféns, segundo as autoridades israelenses.

A União Europeia acrescentou nesta sexta-feira dois comandantes do Hamas, Mohamed Deif e Marwan Issa, à sua lista de sanções por terrorismo.

Na quinta-feira à noite, canais de televisão exibiram vídeos de dezenas de palestinos apenas de roupas íntimas e com os olhos vendados sob custódia de soldados na Faixa de Gaza, imagens que provocaram polêmica nas redes sociais.

O Exército israelense anunciou que está "investigando para verificar as pessoas vinculadas ao Hamas e as que não são vinculadas".

Izzat al Rishq, membro do comitê político do Hamas, acusou Israel de "deter um grupo de civis palestinos deslocados" e despi-los.

Desde o início da ofensiva, 93 soldados israelenses morreram em Gaza.

Em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "insistiu na necessidade absoluta de proteger os civis e diferenciar a população civil dos Hamas", anunciou a Casa Branca.

Além dos bombardeios e da operação terrestre, Israel impõe desde 9 de outubro um cerco total à Faixa de Gaza, que provoca uma grave escassez de água, alimentos, remédios e energia elétrica.

A Organização Mundial da Saúde(OMS) afirmou que o sistema de saúde de Gaza está "de joelhos", com a maioria dos hospitais do norte desativados e os do sul sobrecarregados com milhares de feridos.

O chefe da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, apelou a um "cessar-fogo humanitário imediato", para evitar una "hecatombe de vidas palestinas".

O governo israelense autorizou esta semana a entrega de um "suplemento mínimo" de combustível para evitar um "colapso humanitário" e epidemias na Faixa de Gaza, dois dias depois de Washington apresentar um apelo neste sentido.

O Conselho de Segurança se reúne nesta sexta-feira para discutir um pedido para um cessar-fogo humanitário em Gaza, por iniciativa do secretário-geral da ONU, António Guterres.

"A violência cometida pelo Hamas não pode justificar, em circunstância alguma, a punição coletiva do povo palestino", afirmou Guterres.

O chefe da ONU invocou pela primeira vez o Artigo 99 da Carta da ONU para provocar essa reunião extraordinária do Conselho sobre um assunto que "pode pôr em perigo a manutenção da paz e da segurança internacionais".

O resultado da votação é incerto, já que até agora os Estados Unidos se opõem a um cessar-fogo.

A Autoridade Palestina informou que as forças israelenses mataram seis palestinos a tiros em um campo de refugiados na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.

Procurado pela AFP, o Exército de Israel não comentou a acusação até o momento.

O conflito também aumentou a tensão na fronteira entre Israel e Líbano, onde são registradas trocas de tiros diariamente entre o Exército israelense e o grupo libanês Hezbollah, aliado do Hamas.

Netanyahu fez um novo alerta ao movimento xiita libanês: "Sugiro aos nossos inimigos que prestem atenção, porque se o Hezbollah optar por desencadear a guerra total, isto transformará Beirute e o sul do Líbano em Gaza e Khan Yunis".

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