COP28 discute futuro dos combustíveis fósseis
O futuro dos combustíveis fósseis dominava as discussões da COP28 nesta sexta-feira (8) em Dubai, que iniciou sua segunda e decisiva etapa de negociações.
A COP28 faz um balanço anual da luta contra a mudança climática desde 2015, quando o Acordo de Paris foi assinado. De acordo com o presidente da cúpula, o emiradense Sultan al Jaber, essa edição pode ser "a que mude as regras do jogo".
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Um novo rascunho, de 27 páginas, foi publicado ao longo do dia, com mais opções sobre o que fazer com o petróleo, o gás e o carvão, combustíveis de origem fóssil e principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa.
"Abandonar" ou "reduzir" o uso dessas fontes de energia é o dilema para a declaração final, que os ministros devem apresentar na próxima terça-feira (12).
Também existe uma terceira opção, ainda mais polêmica, a de não mencionar em absoluto os combustíveis fósseis.
"Esse último rascunho mostra que nunca estivemos tão perto de um abandono dos combustíveis fósseis. Mas como essa transição se dará será uma áspera batalha nos próximos dias", explicou Romain Ioulalen, da Oil Change International.
Os combustíveis fósseis têm um papel crucial na inflação dos países ricos e contribuem consideravelmente para o desenvolvimento econômico dos países pobres.
"Vamos, por favor, concluir este trabalho", pediu o presidente da COP28, Sultan Ahmed Al Jaber, ao abrir uma nova reunião plenária.
As decisões devem ser adotadas por consenso nas conferências das partes (COP) da ONU.
Jaber distribuiu as tarefas até terça-feira em quatro grupos de trabalho, copresididos por dois ministros de países, que receberão as sugestões dos participantes.
Um deles, o grupo sobre adaptação à mudança climática, é copresidido pelo Chile e Austrália, e é uma ilustração das dificuldades da tarefa.
O mundo havia fixado alguns objetivos há dois anos no tema da adaptação que não estão refletidos no rascunho, por causa das profundas divergências a nível técnico.
"O que ocorreu foi que não houve nenhuma discussão substantiva, ou seja, nunca conseguiram sentar para ver o texto, para discutir de quais partes eles gostavam, das que não gostava, e quais poderiam melhorar...", detalhou a ministra chilena do Meio Ambiente, Maisa Rojas, à AFP.
"Precisamos prestar atenção sempre no que os grandes protagonistas estão discutindo", declarou Jennifer Allan, especialista em negociações climáticas do Earth Negotiations Bulletin.
Em Dubai, as relações entre Estados Unidos e a China dominam boa parte do ambiente de negociações. A União Europeia demonstra uma atitude ambiciosa na maioria dos temas.
Autoridades da China e dos Estados Unidos se reuniram no mês passado e concordaram que "é necessário acelerar a implementação das energias renováveis para dar mais velocidade à substituição da produção de energia elétrica a partir do carvão, do petróleo e do gás".
Isto significa que um possível acordo para a declaração da COP28 poderia vincular o destino dos combustíveis fósseis ao aumento da produção de energia com fontes renováveis.
E isto passaria por triplicar a capacidade instalada de energias renováveis até 2030, assim como duplicar a eficiência energética.
"Temos que ser justos. Temos que ser equitativos. Temos que ser ordenados e responsáveis na transição energética", declarou Jaber.
Uma das metas do Acordo de Paris de 2015 é alcançar a neutralidade zero de emissões de gases do efeito estufa (emissões iguais às retenções) até 2050.
A COP28 começou de maneira otimista em 30 de novembro, quando todos os países aprovaram um fundo de perdas e danos para ajudar os países mais afetados pelas mudanças climáticas.
A criação do fundo foi negociada em apenas um ano e pode entrar em operação em 2024, com 700 milhões de dólares iniciais.
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