Lula e Charles III pedem ação urgente na luta contra a mudança climática

A luta contra a mudança climática exige uma ação urgente, afirmaram nesta sexta-feira (1º) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o rei Charles III da Inglaterra, em seus discursos na reunião de cúpula da COP28, que acontece em Dubai.

"O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega", afirmou Lula, que apresentará em Dubai uma iniciativa internacional para proteger as florestas tropicais.

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"De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas", acrescentou. "Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?", questionou o presidente do Brasil.

"A conta da mudança climática não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres. Governantes não podem se eximir de suas responsabilidades. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho. Estamos todos obrigados a atuar juntos além de nossas fronteiras. O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo", prosseguiu Lula.

"Peço de todo coração que a COP28 seja uma guinada decisiva para uma ação transformadora decisiva", disse o rei Charles III.

"A Terra não pertence a nós, nós pertencemos à Terra", disse o monarca, um reconhecido defensor do meio ambiente.

Ofuscada pela guerra em Gaza, a reunião de cúpula de líderes mundiais sobre o clima em Dubai prosseguirá até sábado, com discursos de várias autoridades, incluindo o presidente israelense, Isaac Herzog.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, cancelou sua participação no último momento.

Representantes iranianos abandonaram as negociações na conferência nesta sexta-feira em protesto contra a presença de uma delegação israelense, informou a imprensa estatal de Teerã. O Irã considera a presença de Israel na COP28 "contrária aos objetivos e orientações da conferência e, em sinal de protesto, abandonou a sede da conferência", afirmou o ministro da Energia, Ali Akbar Mehrabian.

A COP28 é a conferência do clima de todos os recordes: mais de 80.000 delegados oficiais (104.000 pessoas com os técnicos e funcionários de segurança), o que representa o dobro do número anterior.

Também é uma conferência que deve apresentar um balanço dos recordes climáticos: 2023 é o ano mais quente já registrado e o planeta emitiu mais gases do efeito estufa do que nunca.

A presidência do evento está nas mãos da sétima maior potência petrolífera mundial, o que provoca desconfiança nas negociações.

Mas o presidente da COP28, Sultan Al Jaber, conquistou um triunfo diplomático na abertura da conferência com a aprovação, por unanimidade, de um fundo de perdas e danos para os países mais afetados pela mudança climática.

O fundo, exigido há mais de três décadas pelos países em desenvolvimento, foi negociado em tempo recorde e começará a funcionar em 2024, sob controle do Banco Mundial, com uma dotação inicial de 400 milhões de dólares.

Tradicionalmente, os líderes mundiais comparecem às reuniões do clima com anúncios de planos e investimentos ecológicos debaixo do braço, para enfrentar as grandes expectativas dos ativistas e cientistas.

Além da iniciativa brasileira para as florestas tropicais, os Emirados Árabes Unidos anunciaram um novo fundo de 30 bilhões de dólares de luta contra as mudanças climáticas, denominado Alterra.

Entre agora e 2030 será necessário, apenas para os países em desenvolvimento, um investimento total de até 5,9 trilhões de dólares para todos os aspectos da luta climática: mitigação das emissões, adaptação à nova realidade meteorológica, mudança da matriz energética, etc.

No ritmo atual, segundo os cientistas, o planeta segue para um aumento da temperatura média de entre 2,5ºC e 2,9ºC este século, quase o dobro da meta ideal (+1,5ºC).

Para conter o aquecimento é essencial acelerar o abandono dos combustíveis fósseis, alertam os especialistas.

Abandonar o mais rápido possível, sem condições, ou de maneira gradual, com margem para a situação individual de cada país, é um debate ainda sem solução e que está novamente presente no rascunho da declaração da COP28.

A declaração final deve ser apresentada oficialmente em 12 de dezembro.

Os países que assinaram o histórico Acordo de Paris de 2015 (COP21) assumiram compromissos com uma série de planos nacionais de mitigação, adaptação e mudança energética (NDC, na sigla em inglês).

Em setembro, o primeiro balanço do acordo foi apresentado, considerado bastante sombrio.

No momento, apenas 38 países atualizaram os NDC. Em Dubai é necessário estabelecer um novo marco geral, novos objetivos muito mais ambiciosos, além de um reforço da contabilidade e da supervisão mútua.

O debate técnico promete dias de negociações árduas.

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