Irlanda: protesto de extrema-direita causa destruição em Dublin

Grupos anti-imigração depredaram ruas da capital irlandesa após ataque a escola; polícia não revelou identidade de suspeito do atentado em Dublin

07:59 | Nov. 24, 2023

Por: Bemfica de Oliva
Protestos deixaram o centro de Dublin, na Irlanda, destruído, com depredação de imóveis, saques a lojas e veículos incendiados (foto: WhatsApp O POVO)

Uma marcha de grupos anti-imigração deixou o centro de Dublin, capital da Irlanda, destruído. O caso ocorreu na tarde dessa quinta-feira, 23. As informações são da imprensa local.

O tumulto começou após um ataque a faca em frente a uma escola, durante o horário de almoço (fim da manhã, no horário de Brasília), deixar três crianças e uma mulher feridas. No entanto, a identidade do autor do atentado não chegou a ser revelada pela polícia.

No fim da tarde, horário local, manifestantes entraram em confronto com a polícia. Segundo as autoridades, o protesto foi convocado por grupos de extrema-direita. Os participantes gritavam palavras de ordem contra imigrantes e carregavam placas com a frase "Irish lives matter" ("vidas irlandesas importam").

Cerca de 400 agentes foram acionados na região para conter a desordem. Os manifestantes queimaram ônibus, trens e viaturas de polícia. Também houve saque a lojas, enquanto ruas e imóveis foram depredados, incluindo hotéis e hostels.

O transporte público em Dublin foi paralisado devido aos ataques. O serviço de ambulâncias da cidade, operado pelo Corpo de Bombeiros, ficou "extremamente ocupado", segundo a corporação, causando atraso em atendimentos.

Dublin Fire Brigade's Ambulance Service is extremely busy tonight

Please be patient as we deal with the most serious illnesses and injuries first

Please consider other treatment options as non life-threatening incidents will have substantial wait times pic.twitter.com/1gTe8zuXyR

— Dublin Fire Brigade (@DubFireBrigade) November 23, 2023


Na manhã desta sexta-feira, 24 (madrugada de sexta-feira, no Brasil), as lojas do centro da cidade ficaram fechadas, e o transporte público opera apenas parcialmente.

"Acho que Dublin não tem uma noite como essa há décadas", pontuou a jornalista e escritora Aoife Moore, em artigo para a imprensa local. "Nunca vi algo do tipo", disse ela.

O chefe da polícia irlandesa, Drew Harris, pediu às pessoas que "ajam de modo responsável" e "não ouçam a desinformação e rumores". Imagens chegaram a circular nas redes sociais afirmando que o Exército havia enviado tropas a Dublin, algo desmentido pelas próprias Forças Armadas.

O presidente da Irlanda, Michael Higgins, emitiu um comunicado expressando solidariedade às vítimas do atentado na escola. Na mesma nota, ele pontuou que o ataque foi "explorado por grupos com interesse em atacar o princípio da inclusão social", classificando o tumulto em Dublin como "repreensível e digno de condenação".

Por volta das 20 horas, a polícia havia dispersado os manifestantes. As autoridades disseram ter realizado uma quantidade "significativa" de prisões, mas não informaram um valor exato.

Mais notícias internacionais