Países Baixos têm manifestações após vitória da extrema direita
Aos gritos de "Não estão sozinhos!", cerca de mil pessoas se concentraram nesta quinta-feira (23) em Utrecht, no oeste dos Países Baixos, para protestar contra a vitória do candidato de extrema direita Geert Wilders nas eleições gerais de ontem.
Em Amsterdã, também ocorreu uma mobilização contra o partido de Wilders nesta quinta.
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Membros de legendas de esquerda organizaram o protesto em Utrecht "para mostrar aos neerlandeses que nós nunca abandonamos ninguém e que lutamos pelos direitos de todos", disseram os organizadores.
Com 37 cadeiras, o partido de Wilders se tornou a principal força política do Parlamento neerlandês.
Apesar de ter suavizado suas declarações anti-islâmicas durante a campanha eleitoral, o manifesto do Partido pela Liberdade (PVV, na sigla em holandês) pede a proibição de mesquitas e do alcorão.
Judy Karajoli, uma estudante síria de jornalismo de 25 anos, afirmou que a vitória eleitoral de Wilders lhe traz "muito medo, porque o PVV é um partido abertamente racista que quer 'desislamizar' o país".
A estudante acrescentou que muitos de seus amigos são refugiados com permissão de residência, que agora temem por seu futuro.
O manifesto do PVV indica que essas permissões de residência deveriam ser anuladas porque "algumas partes da Síria já são seguras".
"Sei o que é fugir da guerra para se refugiar em um país seguro, mas agora não nos sentimos em segurança", declarou Karajoli à AFP.
"Vim para cá pela liberdade e tolerância, para um lugar onde todo o mundo pode fazer o que quiser", disse à AFP Haahmed Hassan, um engenheiro egípcio de 30 anos, confessando sentir "medo".
Após a vitória da extrema direita nas eleições legislativas, Geert Wilders deverá convencer outros partidos para formar uma coalizão de governo, uma tarefa que não se anuncia fácil.
O PVV conseguiu 37 das 150 cadeiras do Parlamento, mais que o dobro do pleito de 2021, segundo os resultados quase completos.