Seleção Brasileira vive pesadelo sem fim
14:27 | Nov. 22, 2023
Os 20 anos sem conquistar uma Copa do Mundo deixaram de ser a maior preocupação do Brasil: a Seleção protagoniza seu pior início e perdeu a invencibilidade como mandante nas Eliminatórias Sul-Americanas justamente para sua arquirrival, a Argentina.
Na noite de terça-feira, uma cena impensável aconteceu nas arquibancadas do Maracanã, onde houve incidentes entre torcedores argentinos e a polícia do Rio de Janeiro antes da partida: gritos de "olé" nos minutos finais da derrota por 1 a 0 para a 'Albiceleste'.
O jogo evidenciou o mau momento da Seleção, que está há quatro jogos sem vencer, com três derrotas consecutivas pelas primeira vez na história das Eliminatórias, onde ocupa apenas a sexta posição, com sete pontos.
Nas seis primeiras rodadas, o Brasil venceu apenas Bolívia (5 a 1) e Peru (1 a 0), que ocupam as duas últimas posições da tabela. Depois, empatou com a Venezuela (1 a 1) e perdeu para Uruguai (2 a 0), Colômbia (2 a 1) e Argentina. Foram mais gols sofridos nesse período (7) do que em toda a campanha das Eliminatórias para a Copa de 2022 (5).
A Argentina de Lionel Messi, que teve atuação apagada, também derrubou uma invencibilidade histórica: o Brasil nunca tinha perdido um jogo de Eliminatórias em casa. Desde 1954, quando estreou na competição, eram 51 vitórias e 13 empates em 64 jogos.
"Acho que em termos de processo para o futuro, foram [jogos] extremamente válidos. Inclusive perder para poder saber o que se faz na hora que perde, como é que amadurece o time. Se analisar em termos de resultados, é muito ruim", reconheceu o técnico Fernando Diniz após a partida.
Diniz foi vaiado em várias ocasiões no Maracanã, uma animosidade que se explica, em parte, por seu trabalho à frente do Fluminense, que concilia com o comando da Seleção.
Mas a derrota para os argentinos aumentou as críticas à CBF e sua decisão de anunciá-lo como interino por um ano, enquanto é esperada a chegada do italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid, que assumiria o cargo em meados de 2024.
O jogo de terça-feira pode ter sido o último oficial de Diniz na Seleção, pois as Eliminatórias só voltam em setembro do ano que vem, quando Ancelotti, segundo a CBF, já estaria no comando da equipe.
"Um começo que foi meio turbulento, com contratação ou não de treinador, não é fácil. Muitos jogadores vindo pela primeira vez. Não é desculpa. Mas tantas modificações na Seleção, pouco tempo de treinamento", disse o atacante Gabriel Jesus.
Diniz não contou com a sorte para implementar o chamado 'Dinizismo', filosofia com a qual levou o Fluminense à conquista de sua primeira Copa Libertadores.
Acostumado a variar pouco suas equipes titulares e a trabalhar com tempo, na Seleção ele teve que apelar para jogadores com menos bagagem devido às lesões de nomes importantes como Éder Militão, Ederson, Danilo, Casemiro, Vinícius Júnior e Neymar, todos ausentes contra a Argentina.
"Não sabemos o que vai acontecer na próxima convocação, mas ele tem todo o nosso apoio", disse o volante Douglas Luiz.
Sem as maiores estrelas, Diniz teve que apostar em jogadores muito jovens, como Rodrygo, Gabriel Martinelli e André, todos com 22 anos, e a joia Endrick, de 17.
Martinelli foi o maior destaque ao marcar na derrota para a Colômbia, na última quinta-feira, em Barranquilla, e dar trabalho ao goleiro argentino Emiliano Martínez no Maracanã.
"A gente está formando praticamente uma nova geração de jogadores que alguns deles ainda nem se firmaram em grandes clubes da Europa, estão procurando seu espaço e têm muito talento. Eu acho que ali na frente vamos começar a colher coisas muito boas", disse o treinador.
Mas a Seleção não espera por ninguém, principalmente depois do fracasso no Catar, onde chegou como favorita para conquistar seu primeiro título mundial desde 2002, mas caiu nas quartas de final para a Croácia.
A classificação para a Copa de 2026 é dada como certa, especialmente porque as dez seleções da América do Sul lutam por seis vagas diretas e uma para a repescagem.
Mas a imagem internacional do Brasil está arranhada e a situação pode piorar em março, quando haverá amistosos contra dois pesos pesados do futebol europeu: Inglaterra e Espanha.
"Quando a gente ganhava de todo mundo, se falava que a América do Sul não era parâmetro. A gente está vendo que é diferente", disse o goleiro Alisson. "Na época que estava ganhando, mantivemos os pés no chão. Agora, perdendo, não vamos ver como terra arrasada. É um processo".
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