Moradores do norte de Israel 'preparados' para enfrentar o Hezbollah
Em Kiryat Shmona, no norte de Israel, os poucos habitantes que não se retiraram da região desde a intensificação dos duelos de artilharia entre o Exército israelense e o Hezbollah libanês afirmam estar prontos para lidar com qualquer cenário.
Israel, mergulhado em uma guerra com o Hamas na Faixa de Gaza no sul, observa com atenção a possibilidade de abertura de uma nova frente no norte.
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"Estamos preparados, não estamos preocupados, somos israelenses, somos duros", declarou à AFP Boaz Shalgi, um guia turístico e morador do kibutz Gonen, a cerca de 30 quilômetros da fronteira com o Líbano.
Por "nada do mundo" esse nativo de Jerusalém deixaria a região da Galileia. "Estamos muito contentes de viver aqui, em geral é tranquilo, mas quando temos que ir à guerra para proteger nossos filhos, nossas famílias, nossas comunidades, o fazemos sem vacilar", acrescenta.
Na avenida Tel Hai, a principal de Kiryat Shmona, a cratera deixada por um foguete em frente a um restaurante é pequena, mas ainda solta um forte cheiro de queimado. Ninguém retirou o carro nem a moto carbonizados diante da vitrine.
Dois homens ficaram feridos e um deles tem queimaduras graves, segundo o hospital Ziv de Safed.
A guerra de Gaza começou em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, e levaram como reféns mais de 240, segundo os comunicados israelenses.
Os bombardeios de represália lançados desde então mataram, em Gaza, mais de 9.200 pessoas, entre elas mais de 3.800 crianças, segundo o Hamas, no poder nesse território palestino desde 2007.
Na fronteira norte, as trocas de disparos mataram seis soldados e um civil israelenses e 72 no sul Líbano, 54 deles membros do Hezbollah, segundo uma contagem da AFP.
Ao lado do restaurante da avenida Tel Hai está a loja de telefones e computadores de Nahor Duani que, no momento do impacto, corria para um abrigo antifoguetes.
"Aqui, os alarmes soam ao mesmo tempo em que caem os foguetes, porque estamos muito perto da fronteira", explica. Na região central de Israel, os habitantes têm até 90 segundos para se abrigarem quando as sirenes começam a tocar.
A vitrine da loja ficou destruída e há celulares espalhados pelo chão por causa da explosão, que também danificou as instalações elétricas.
Nahor Duani, no entanto, sente-se seguro.
"Confio" no governo e no Exército, que "estão trabalhando. Só espero que isso se acalme logo", comenta.
Israel mobilizou 360.000 reservistas e soldados são vistos por toda a cidade e nos arredores.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, advertiu, nesta sexta, contra qualquer tentativa de ataque israelense.
"Ao inimigo que possa estar pensando em atacar o Líbano ou em realizar uma operação preventiva lhe dizemos que seria a maior estupidez de sua existência", afirmou o chefe do movimento xiita pró-Irã.