Israel anuncia 'nova fase' em guerra contra o Hamas, que propõe troca de reféns
A guerra contra o Hamas entrou em uma "nova fase" e a cidade de Gaza é "um campo de batalha" agora, advertiu, neste sábado (28), Israel, que bombardeia dia e noite o território palestino e trava batalhas terrestres contra os milicianos do movimento islamista.
O braço militar do Hamas propôs, por sua vez, trocar os reféns que sequestrou em seu ataque em 7 de outubro a Israel em troca da libertação de todos os presos palestinos em prisões israelenses.
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a guerra será "longa e difícil", ao mesmo tempo em que suas tropas prosseguem com suas operações na Faixa de Gaza depois de uma noite de intensos bombardeios e combates.
"Desde a noite de sexta-feira, uma força combinada de tanques, engenheiros e infantaria opera no terreno no norte da Faixa de Gaza", indicou um comunicado militar israelense na noite deste sábado (tarde no Brasil).
O assediado território de 362km², onde vivem precariamente 2,4 milhões de habitantes privados de tudo, está desde a sexta-feira praticamente isolado do mundo pelo corte da maioria das redes de telecomunicações e de internet.
"Entramos em uma nova fase da guerra. Ontem, a terra tremeu em Gaza", afirmou o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant.
"Atacamos na superfície e no subsolo, atacamos os terroristas em todos os níveis, em todos os lugares", continuou.
O Hamas relatou enfrentamentos entre seus combatentes e soldados israelenses que invadiram Beit Hanun, no norte da Faixa, e em Al Bureijj, no centro.
Neste sábado, o Exército israelense advertiu que considera toda a área da Cidade de Gaza como um "campo de batalha" e instou a população a "evacuar imediatamente" a localidade em direção ao sul da Faixa.
O Exército iniciou sua campanha de bombardeios em 7 de outubro, em represália à inédita ofensiva dos milicianos do Hamas que deixou 1.400 mortos, entre eles 300 militares e o restante civis de todas as idades, segundo as autoridades israelenses.
O ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, afirmou em seu último balanço de sábado que 7.703 pessoas, principalmente civis, morreram nos bombardeios israelenses e que 3.500 são crianças.
As Nações Unidas alertaram que uma incursão militar terrestre israelense em larga escala poderia provocar "outros milhares de civis mortos".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou duramente essa "escalada sem precedentes" dos bombardeios e instou um cessar-fogo "imediato".
Os milicianos do Hamas capturaram em sua incursão de 7 de outubro cerca de 230 pessoas, que o movimento propôs trocar por todos os presos palestinos em prisões israelenses.
"O preço a pagar pela grande quantidade de reféns inimigos em nossas mãos é esvaziar as cadeias (israelenses) de todos os presos palestinos", declarou Abu Odeida, porta-voz da Brigadas Essedim Al-Qassam, o braço armado do Hamas.
Após os últimos bombardeios israelenses e "uma noite de imensa angústia", as famílias dos reféns, em sua maioria israelenses, disseram estar "preocupadas" com o destino de seus familiares e exigiram explicações ao governo.
Netanyahu aceitou recebê-los e afirmou estar disposto a examinar "todas as opções" para libertar as pessoas sequestradas e levadas para Gaza, sem dar maiores detalhes.
O braço armado do movimento islamista disse na quinta-feira que "quase 50" reféns foram mortos em bombardeios israelenses desde 7 de outubro. A AFP não pôde verificar essa informação.
Desde o início da guerra, há três semanas, quase 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas para o sul da Faixa de Gaza, fugindo dos bombardeios israelenses, segundo a ONU.
Mas os ataques atingem todo o território.
"O fedor da morte está em toda parte, em todos os bairros, em todas as ruas e em todas as casas", disse à AFP Raed al Astal, médico em Khan Yunis, no sul do território.
No norte, Israel disse ter atingido "150 alvos subterrâneos", onde afirma que o Hamas conduz as suas operações a partir de uma gigantesca rede de túneis.
Os ataques noturnos, de intensidade sem precedentes desde o início da guerra, também destruíram centenas de edifícios e "alteraram a paisagem" do norte da Faixa, segundo o serviço de proteção civil do enclave.
A Faixa de Gaza está submetida a um bloqueio israelense terrestre, marítimo e aéreo há 16 anos, ao qual se soma, desde 9 de outubro, um "cerco total" ao território.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, apelou por uma "pausa nas hostilidades" para permitir o acesso de ajuda humanitária.
Desde 21 de outubro, apenas 84 caminhões de ajuda humanitária chegaram a Gaza vindos do vizinho Egito, segundo a ONU, que estima que seriam necessários pelo menos cem por dia.
A guerra em Gaza prejudicou as relações internacionais, aumentando o receio de que possa desencadear um conflito regional.
A Turquia, membro da Otan, denunciou os "massacres" em Gaza e culpou as potências ocidentais, fazendo Israel chamar de volta os seus diplomatas em Ancara.
"Os principais culpados dos massacres em Gaza são os ocidentais. Com exceção de algumas consciências que levantaram a voz, estes massacres são inteiramente obra do Ocidente", declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, num "comício em apoio à Palestina".
No sábado, milhares de pessoas participaram de uma manifestação em Londres em apoio aos palestinos.
Houve também protestos em Paris para denunciar os bombardeios a Gaza.
As tensões são igualmente elevadas na fronteira de Israel com o Líbano, onde um projétil atingiu a sede da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) no sábado.
Na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, mais de cem palestinos morreram nas mãos de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro.
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