Atletas russos e bielorrussos poderão participar de Paralimpíadas de Paris sob bandeira neutra
Os atletas russos e bielorrussos poderão participar, sob bandeira neutra e rígidas condições de neutralidade, dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, segundo a decisão do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), emitida nesta sexta-feira (29) em Manana, no Bahrein, que rejeitou a suspensão total desses países.
O IPC, que no passado deu sinais de independência em relação ao Comitê Olímpico Internacional (COI), desta vez seguiu o roteiro do órgão olímpico.
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Em 28 de março de 2023, o COI recomendou que as federações internacionais autorizassem a participação de atletas russos e bielorrussos como atletas individuais neutros em competições no exterior.
Entretanto, a organização com sede em Lausanne, na Suíça, não havia tomado uma decisão a respeito dos Jogos Paralímpicos de 2024, adiando sua decisão para um "momento apropriado".
Reunidos em uma Assembleia Geral nesta sexta-feira, os membros do IPC votaram, primeiramente, pela suspensão total do Comitê Paralímpico russo, o que foi corroborado por praticamente todos os membros dos Comitês Nacionais Paralímpicos europeus. No entanto, a decisão foi rejeitada por 74 votos a favor, 65 contra e 13 abstenções.
Já a segunda votação, sobre a suspensão parcial do comitê russo, foi adotada por 90 votos a favor, 56 contra e seis abstenções.
"Devido à suspensão parcial, o Comitê Paralímpico russo perde todos os seus direitos como membro do IPC. De toda forma, seus atletas são elegíveis para participar individualmente e sob forma neutra nos Jogos Paralímpicos de Paris", comunicou o IPC.
A suspensão parcial da Rússia pelo IPC terá duração de dois anos, decisão que está "sujeita à revisão na próxima Assembleia Geral Ordinária" em 2024.
Posteriormente, a entidade esportiva também decidiu pela suspensão parcial do Comitê Paralímpico bielorrusso por 79 votos a favor, 57 contra e nove abstenções.
Estas medidas não foram bem recebidas pelo governo ucraniano.
"Permitir a participação dos russos nos Jogos Paralímpicos [...], em primeiro lugar, prolonga a guerra e, em segundo, serve de incentivo à Rússia para aumentar os níveis de violência maciça na Ucrânia", escreveu na plataforma X (antigo Twitter), Mykhailo Podolyak, conselheiro da Presidência ucraniana.
Após o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o IPC decidiu não autorizar a participação dos atletas russos e bielorrussos nos Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022.
Em 16 de novembro do ano passado, a Assembleia Geral do IPC em Berlim suspendeu os comitês paralímpicos nacionais de Rússia e Belarus pelo período de um ano.
Potência paralímpica, a Rússia já havia sido suspensa dos Jogos no Rio de Janeiro em 2016, por seu histórico de doping institucionalizado no passado.
Em 2021, devido a um novo escândalo de doping, Moscou participou dos Jogos de Tóquio sob bandeira neutra, conquistando 118 medalhas, sendo 36 de ouro.
Agora os olhos se voltam para Kiev.
A Ucrânia terminou em sexto lugar nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 (que foram disputados em 2021 por conta da pandemia de covid-19), duas posições atrás da Rússia, com 98 medalhas, incluindo 24 ouros.
Até o final de julho, Kiev havia proibido por decreto a participação de seus atletas em competições disputadas por russos e bielorrussos, com exceção do tênis, na qual atletas competem individualmente e não representam seus países.
No entanto, este decreto foi modificado para o Mundial de Esgrima e agora a proibição se aplica apenas a torneios em que competem esportistas "que representam a Federação da Rússia ou a República de Belarus".
A bandeira neutra imposta à Rússia nas Paralimpíadas permite assim que a regra seja cumprida, e atletas dos dois países poderão se enfrentar em Paris.
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