Primeira cúpula internacional sobre metais críticos para a transição energética

Representantes de 47 países consumidores e produtores de "metais críticos" - cobre, cobalto, lítio, níquel, entre outros - participam nesta quinta-feira, em Paris, da primeira reunião de cúpula dedicada a estas matérias-primas vitais para a transição energética.

Com o apoio da Agência Internacional de Energia (AIE), a cúpula representa o primeiro passo para uma "diplomacia dos metais", fundamental para a redução das emissões dos combustíveis fósseis na luta contra a mudança climática.

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China e Rússia, dois atores de peso nestas indústrias, não participam no encontro.

Os desafios são muitos, advertiu o diretor-geral da AIE, Fatih Birol: como "acelerar a diversificação" do abastecimento, como "organizar a reciclagem de metais" em escala industrial e global e alcançar uma mineração "duradoura".

A secretária de Energia americana, Jennifer M Granholm, pediu "criatividade" aos participantes e "transparência nos mercados".

Entre os presentes estão os responsáveis pela gigantes da mineração australiana BHP, da Rio Tinto do grupo Sociedade Química e Mineira do Chile, além de atores de peso do comércio de matérias-primas como Glencore e Trafigura.

Também participam diretores da London Metal Exchange (o maior mercado de metais do mundo), investidores, organizações internacionais, ONGs e acadêmicos.

"São necessários mais projetos até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5ºC" em relação a era pré-industrial, informou a AIE em um recente relatório.

Segundo a AIE, apenas a eletrificação dos transportes até 2040 multiplicará a procura mundial de lítio por 40, a de cobalto e níquel por 20, e a de cobre por três, em cenários de descarbonização compatíveis com o cumprimento do Acordo de Paris de 2015.

"Precisamos solucionar dois problemas. Primeiro, o refino de metais está muito concentrado na China", disse Birol em entrevista à AFP.

"Somente no segmento das baterias, a China refina cerca de 67% do cobalto, 62% do lítio, 60% do manganês e 32% do níquel" mundial, explicam Emmanuel Hache, especialista em matérias-primas e Benjamin Louvet, gestor de ativos, em sua recente obra 'Métaux, le nouvel or noir'(Metais, o novo ouro negro, em tradução livre).

No caso do cobalto, a China produz cerca de 1% do mineral, mas se encarrega de mais de dois terços de seu refino. O mesmo ocorre com o cobre, o qual produz 8% mas refina 41%.

A Rússia contribuiu com 37% da produção mundial de paládio em 2021, com 13% do titânio, 10% da platina, 9% do níquel e 5% do alumínio.

A cúpula desta quinta-feira poderá ser "um primeiro passo para a criação de uma agência dedicada" a estes recursos em torno da AIE e do Banco Mundial, com o apoio da ONU ou do G20, estimam os dois especialistas.

"Fundar uma agência internacional dedicada aos minerais e metais abriria um espaço de diálogo entre países produtores e consumidores" que permitiria "impor critérios de gestão social e ambiental nas principais zonas de produção", afirmaram.

im-klm/jz/mb/jc/fp

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