Inundações deixam mais de 43.000 deslocados na Líbia
Mais de 43.000 pessoas foram deslocadas pelas inundações que devastaram o leste da Líbia, em particular a cidade de Derna, onde os serviços de comunicação foram restabelecidos nesta quinta-feira, após um corte de 24 horas.
Enquanto prosseguem as buscas por milhares de desaparecidos supostamente mortos, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) publicou nesta quinta-feira um balanço revisado de pessoas que foram deslocadas pelas inundações da madrugada de 10 para 11 de setembro.
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"Segundo as estimativas mais recentes da OIM, 43.059 pessoas foram deslocadas pelas inundações no nordeste da Líbia", afirmou a agência da ONU.
As necessidades urgentes dos deslocados internos incluem "alimentos, água potável e apoio psicossocial", acrescentou a OIM.
Destruída por divisões internas desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia relegou a segundo plano a manutenção de infraestrutura vital, como as barragens de Derna, que apresentavam rachaduras desde 1998.
Segundo o balanço oficial provisório mais recente, divulgado na terça-feira pelo ministro da Saúde do governo do leste da Líbia, Othman Abdeljalil, as inundações causaram 3.351 mortes.
As organizações humanitárias, no entanto, temem um número muito maior porque milhares de pessoas estão desaparecidas.
A rede de telefonia e os serviços de internet foram cortados na noite de terça-feira e os jornalistas receberam a orientação de abandonar Derna um dia após um protesto dos moradores, que exigiram uma investigação das autoridades do leste do país, consideradas responsáveis pelo drama.
As autoridades relataram uma "ruptura nos cabos de fibra óptica", mas vários especialistas afirmaram que o corte foi deliberado para impor um "apagão" após a grande cobertura da imprensa do protesto.
O Comitê Superior Líbio para as Emergências e Resposta Rápida (Hcerr), formado pelo governo do leste do país para coordenar a ajuda, anunciou o "restabelecimento das comunicações e dos serviços de internet em toda a cidade de Derna".
As "Forças Armadas Árabes Líbias (LAAF)", do marechal Khalifa Haftar, que controlam com mão de ferro a cidade de Derna desde 2018, "têm que levantar imediatamente todas as restrições injustificadas impostas à mídia e facilitar o envio de ajuda humanitária a todas as comunidades afetadas", manifestou hoje a Anistia Internacional. "Testemunhas também informaram a organização sobre a prisão de críticos e manifestantes devido aos esforços da LAAF para controlar as declarações à mídia.
Abdelhamid Dbeibah, primeiro-ministro do governo reconhecido pela ONU, com sede em Trípoli, anunciou em sua conta no X (antigo Twitter) o reparo da fibra ótica e o retorno dos serviços de telecomunicações.
As inundações foram provocadas pelo rompimento de duas represas localizadas na parte alta de Derna após a passagem da tempestade Daniel.
Michael Langley, chefe do Comando África dos Estados Unidos (Africom), e o embaixador americano na Líbia, Richard Norland, chegaram hoje a Benghazi, principal cidade do leste, com 13 toneladas de ajuda humanitária, informou a embaixada americana. Langley e Norland se reuniram com o marechal Haftar.
A ONU anunciou no começo da semana que suas agências, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), trabalham para "prevenir a propagação de doenças e evitar uma segunda crise devastadora na região", alertando para o risco derivado da "água contaminada e da falta de higiene".
Equipes de emergência prosseguiam trabalhando hoje para encontrar os corpos dos desaparecidos, principalmente no mar, uma vez que bairros inteiros foram devastados pelas ondas.
O governo líbio, com sede em Trípoli, anunciou hoje que encontrou corpos uma centena de quilômetros a oeste de Derna. Uma equipe policial dos Emirados Árabes especializada na identificação de vítimas de catástrofes chegou hoje ao leste da Líbia.
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