Austrália quer limitar número de gatos por casa e autorizar a caça dos felinos
Ministério do Meio Ambiente estima que os felinos são responsáveis pela morte de dois bilhões de animais, em média, por ano no país. Discussão acontece desde 2019O governo da Austrália elaborou um plano de ação que pretende autorizar a caça e a eutanásia de gatos capturados na natureza, bem como a possibilidade de estabelecer um limite de quantos bichanos cada família pode ter em casa.
A espécie é considerada invasora na Austrália e, por este motivo, um plano de ação foi elaborado para contê-la.
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As autoridades australianas divulgaram um documento de consulta nesta semana, após um relatório das Nações Unidas concluir que as espécies invasoras atuam na degradação da biodiversidade na Austrália.
Tanya Plibersek, ministra do Meio Ambiente, estima que os felinos são responsáveis pela morte de dois bilhões de animais, em média, por ano na Austrália.
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"Este documento de consulta fará perguntas realmente importantes, como: ‘Devemos ter um toque de recolher para gatos? Os governos locais deveriam ter mais oportunidades de restringir a posse de gatos em sua área?'", questionou Plibersek à mídia local.
A iniciativa não é totalmente nova no país, que já havia declarado uma guerra aos felinos que voltaram ao estado selvagem em 2015. Todavia, esta proposta contém novos elementos.
No entendimento do governo local, os gatos domésticos devem ficar em casa durante a noite. Além disso, as autoridades pretendem estabelecer um limite de gatos por casa e elaborar espaços públicos livres de felinos.
Gatos são espécie invasora e causam danos ambientais no país
"Talvez o nosso trabalho seja mais fácil na Austrália, infelizmente, porque perdemos muitas espécies. O público apoia muito mais o manejo de gatos, incluindo os donos de gatos de estimação", explicou a professora Sarah Legge, da Universidade Nacional Australiana.
Segundo ela, as ações voltadas para os gatos de rua e domésticos são necessárias, uma vez que a relação de convivência entre ambos pode fazer com que "animais de estimação se tornem animais de rua, e os de rua podem se tornar selvagens".
De acordo com os estudos de Legge, um gato doméstico mata, em média, cerca de 186 mamíferos, aves, répteis e sapos por ano, em comparação com os 748 que um gato de rua pode matar.
Em contrapartida, como os gatos domésticos estão concentrados em densidades mais elevadas nos subúrbios, o número total de animais que matam por hectare nessas regiões é maior que o número de gatos selvagens que matam na natureza.
"Trabalhamos muito com gatos selvagens durante muito tempo e, em algum momento, cerca de cinco anos atrás, decidimos que era o momento certo para iniciar lentamente a conversa sobre gatos de estimação", informou a professora.
Governos locais já têm restrições aos gatos
Muitos governos locais da Austrália já possuem restrições rigorosas em relação aos felinos. Em Mount Barker, ao sul do país, cada família é autorizada a criar dois gatos. Outros conselhos locais determinam que os animais de estimação sejam mantidos dentro de casa.
A Ilha Christmas, localizada a noroeste da Austrália, proibiu a entrada de novos animais e determinou que todos os moradores esterilizem os seus gatos de estimação. As iniciativas são avaliadas pelas autoridades como uma forma de extinguir a espécie da ilha.
Ainda que essas estratégias de gestão sejam geralmente promulgadas em nível local, podem ser restringidas por leis fracas ou divergentes em nível estatal.
Conforme a nova proposta do governo, os estados elaborariam as leis, enquanto administrações locais teriam força suficiente para criar áreas livres de gatos.
"Temos uma escolha: ou precisamos decidir que queremos gerir e manter nossa biodiversidade única ou perdê-la, e os gatos selvagens ficarão descontrolados no país. É uma escolha que temos de fazer e acho que podemos fazer isso e ainda ser muito sensíveis aos donos de animais de estimação", defendeu Legge.